F1 Vitória de Hamilton no GP da Bélgica - Julianne Cerasoli Skip to content

Vitória de Hamilton e do ar limpo no GP da Bélgica

Lewis Hamilton largou em terceiro, se livrou rapidamente de Sergio Perez, ultrapassou Charles Leclerc pela liderança no começo da terceira volta. Seria uma corrida de duas paradas – ou pelo menos esse era o plano inicial de praticamente todos – então ele teria que defender duas tentativas dos rivais tirarem sua vitória: Charles Leclerc antecipou a segunda parada para tentar um undercut, enquanto Oscar Piastri fazia o inverso e tentava construir uma vantagem de pneus para atacar no final.

Hamilton parou uma volta depois de Leclerc e manteve o ferrarista atrás. E segurou Piastri até a bandeirada, chegando só a meio segundo à frente do piloto da McLaren. Venceu o GP da Bélgica. Mas não foi o primeiro a cruzar a linha de chegada.

O fator Russell no GP da Bélgica

Isso porque ele teve uma terceira ameaça totalmente inesperada por ele: o próprio companheiro George Russell. Ele largou em sexto e logo pulou para quinto, superando Carlos Sainz, que tinha optado pelos pneus duros.

Russell tentou antecipar a primeira parada, fazendo a troca na volta 10 de 44, para tentar um undercut, e só conseguiu superar Sergio Perez, que não teve um bom ritmo e virou presa fácil para os rivais. Terminaria em quarto ou quinto, dependendo de como seria sua disputa com Max Verstappen (que tinha levado punição pela troca de componentes do motor e largara em 11º).

Até que pediu para a equipe considerar a estratégia de uma parada. Isso aconteceu na volta 26, pouco depois da metade da corrida. Ele não estava sentindo degradação nos pneus duros e sabia que essa seria sua única chance de conseguir um resultado melhor.

Piastri pensou em fazer uma parada

Mais à frente, Piastri sentia o mesmo. Ele estava na liderança depois que Leclerc parou, quando estava em segundo, a 2s4 de Hamilton, na volta 25, chamando também o inglês para o box para cobrir a tentativa de undercut na volta seguinte.

Quando os dois pararam, Piastri estava a 4s8 de Hamilton. Ele tinha parado na volta 11, uma depois de Russell, mas tinha mais a perder caso a tática de uma parada não desse certo. Então a opção foi de tentar um overcut, ou seja, ele ficou mais quatro voltas na pista, sabendo que voltaria atrás de Leclerc e de Hamilton, mas que teria pneus mais novos para atacar no final.

Seis voltas após sua parada, ele passou Leclerc. Ele estava a 6s de Hamilton com oito voltas para o final, mas a preocupação do inglês era outra. “O quão rápido eu tenho que ser para que ele não seja uma ameaça?”, perguntou Hamilton, ouvindo que o final seria apertado. Ele tinha que, ao mesmo tempo, chegar no companheiro e passar e evitar que os pneus acabassem de uma hora para a outra, possibilitando a chegada de Piastri.

No final das contas, Russell conseguiu se defender, Piastri chegou mas não a ponto de tentar passar Hamilton e os três cruzaram a linha de chegada com pouco mais de 1s entre o primeiro e o terceiro.

Mas Russell não levou.

A desclassificação de Russell e qual foi sua vantagem

O conjunto carro + piloto do vencedor estava com 1.5kg a menos que o mínimo de 798kg sem o combustível, e quando isso acontece, não tem conversa: Russell foi desclassificado do GP da Bélgica.

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Isso aconteceu por uma série de fatores ligados à decisão de fazer apenas uma parada, algo que não era sequer cogitado pela Mercedes antes da largada. Segundo o time, os dois carros largaram com peso idêntico, mas o desgaste maior de pneus, da prancha de legalidade, do freio e do óleo foram se somando para gerar a diferença.

Russell teve uma vantagem com o peso a menos, e por isso foi desclassificado. Como essa vantagem foi se formando durante a prova, é difícil precisar o quanto ele ganhou, mas é algo que fica nos centésimos de segundo por volta.

Ou seja, sua vitória foi conquistada mais na estratégia do que por essa vantagem. Mas as regras são preto no branco nesse tipo de situação.

Como Russell conseguiu fazer uma parada?

Alguns fatores fizeram com que as equipes errassem nas estimativas de desgaste para o GP da Bélgica. A pista tinha sido reasfaltada nos setores 1 e 3 e não no segundo, onde estão as curvas mais longas e que geram mais desgaste. 

Isso primeiro fez com que os times chegassem menos preparados, e depois resultou em estimativas erradas por conta da chuva que caiu no sábado. De uma maneira contraintuitiva, o asfalto com menos borracha por conta da chuva e também por ser mais velho no segundo setor estava gerando menos desgaste. Normalmente, seria o contrário, pois o carro escorregaria mais. Porém, como as curvas são longas, ter menos aderência estava contribuindo para que a temperatura interna ficasse mais sob controle. Daí o desgaste menor.

Mas havia outro fator importante e que pode ficar como lição para as próximas provas: o ar limpo favorecendo cada vez mais a performance a ponto de tornar uma estratégia potencialmente mais lenta melhor na realidade. Isso está acontecendo porque, com o desenvolvimento dos carros, o efeito do novo regulamento, de tentar fazer com que os carros gerem menos turbulência, vai diminuindo. Os carros vão sofrendo cada vez mais com a turbulência e escapar dela acaba sendo muito melhor para o cuidado com os pneus e também o ritmo.

Foi isso o que Russell conseguiu quando os rivais foram parando lá pela volta 25 e saindo da sua frente. E isso foi fundamental para que ele conseguisse fazer a tática funcionar, independentemente do peso a menos.

Como ficou o top 10

Com a desclassificação de Russell, Hamilton venceu, com Piastri em segundo e o pole position Leclerc em terceiro. Verstappen foi de 11º para quarto e conseguiu ganhar pontos em relação a Lando Norris, que largou em quarto, foi passado por Piastri e saiu da pista, perdendo três posições na primeira volta para depois levar o undercut de Max na primeira rodada de paradas, fechando em quinto.

Sua tarde só não foi pior que a de Perez, que largou em segundo e foi sendo ultrapassado até terminar em sétimo, atrás de Sainz, que não conseguiu fazer a estratégia de largar com os duros funcionar a seu favor.

Também na tática de uma parada, como Russell, Alonso foi o oitavo, com Ocon fechando o top 10.

1 Comment

  1. Julianne, mas se a equipe pensasse em fazer apenas uma parada, ela teria levado em conta essa perda maior de peso e teria que largar com mais peso para garantir o peso mínimo. Dessa forma, ele teve a vantagem do peso desde o início, porque para a estratégia de uma única parada não ocasionar a desclassificação, o carro teria que ter iniciado a corrida mais pesado.


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