F1 Memórias de 10 anos de F1 e Austin (sempre) estranha - Julianne Cerasoli Skip to content

Memórias de 10 anos de F1 e Austin (sempre) estranha

Não vou dizer que morro de amores pelo GP dos Estados Unidos em Austin, ainda que a cidade costume comprovar seu slogan, “mantenha Austin estranha” a cada visita. Trata-se de um reduto democrata e hipster em pleno Texas, mas ainda assim faz parte do Texas, então a Austin mais cosmopolita coabita com cowboys, com bares com placas na entrada falando sobre a “proibição de armas de fogo dentro deste estabelecimento” e forte influência latina, ou seja, com tudo o que se espera dessa região da América.

E, de alguma forma, esse caldeirão faz com que algumas coisas só aconteçam em Austin.

Minha primeira ida ao GP foi, também, minha primeira visita aos Estados Unidos, em 2015. Lembro que a primeira impressão foi que tudo era fácil, óbvio… e que as porções de comida não eram humanas!

O GP dos EUA fica, como vocês sabem, na parte final da temporada, quando todo mundo já preferiria estar tirando o pé. Então o fato de ficarmos na cidade, podendo andar para restaurantes e bares é sempre bem-vindo e, digamos, bem aproveitado. Que o diga Nico Rosberg, e essa é uma das minhas primeiras lembranças de Austin: depois de perder o campeonato de 2015 para Hamilton em uma corrida em que ele não teve a melhor de suas performances, Nico encheu a cara, subiu no palco, e cantou Bon Jovi a plenos pulmões.

Ele estava no segundo andar, fechado pela Mercedes, de um lugar chamado Pete’s Dueling Piano Bar, que sempre é um dos pontos altos da temporada. O conceito é simples: você paga para a banda tocar a música que você quiser e, como sempre na América, o bar faz uma bela grana com o pessoal que bebe demais e fica pedindo a mesma música, já que o valor aumenta de acordo com a boa vontade da banda. Com o pessoal da F1 por lá, lembro de ter ouvido God Save the Queen cinco vezes em uma só noite…

Enfim, era para Rosberg estar no andar de cima, longe da banda. Mas ele resolveu se juntar aos mortais para cantar Livin’ on a Prayer. Ao longo dos anos, não foi o único piloto que vi curtindo uns drinks a mais no domingo à noite. Incluindo gente que não tinha idade para beber legalmente no Texas…

Sim, o Will Buxton estava no palco e o Nico resolveu se juntar. Olha o que aconteceu com a cerveja dele

Em outros anos estivemos por lá durante o Halloween, que me pareceu um carnaval com mais investimento em fantasias por parte do pessoal da rua (algumas realmente sensacionais) e menos diversão. Mas foi engraçado quando, em 2019, me deram uma máscara para usar, e eu conseguia ver nos olhos das pessoas que a figura de um bebê maldito ou sei lá o que era aquela máscara realmente atormentava as pessoas. “Tira isso aí, não consigo nem conversar com você, esse troço é horrível!”. Acho que eu zerei o halloween.

Quem sou eu?

Aliás, é muito legal essa (geralmente, mas não este ano) dobradinha EUA e México porque o halloween é perto do Dia de Muertos, então muitas vezes pegamos a festa americana e a mexicana, que não são a mesma coisa, mas têm temáticas parecidas. E, pelo menos para mim, o México dá de 7 a 1.

Voltando a coisas que só acontecem em Austin, como os hotéis são caros, a melhor opção é alugar casas no AirB&B. Há muitas opções e, só de ver a lista, você já tem uma ideia do jeitão alternativo da cidade. Estava conversando com um jornalista inglês outro dia que me contou pagar muito pouco por sua acomodação: é uma van daquelas Airstream, prateadas, antigonas, que fica no jardim da casa de uma mulher.

Eu sabia disso quando escolhi minha casinha em 2018. A decoração era cheia de cores e estampas diferentes, e alguns móveis que pareciam ter sido caçados um a um em lojas de demolição. Até aí, tudo bem. Quando vou para a cozinha, noto que há um gato aparentemente dormindo na prateleira. A descrição não falava nada de gatos e, não me lembro muito bem, mas acho que pensei que era de outra pessoa e iria embora. Vocês sabem como gatos são, eles fazem o que bem entendem. Fui fazer outras coisas.

Na volta, vi que o gato continuava lá, imóvel. Foi então que me aproximei e vi que havia um bilhete. “Por favor, não pegue a gata! Ela é delicada, e está dormindo, e queremos mantê-la como parte da casa por muito tempo.”

Sim, a gata estava empalhada. Na cozinha.

Se vocês ainda não acreditam que “mantenha Austin estranha” não é apenas um slogan para vender camiseta, vale lembrar de um dos aniversários que passei por lá. No final da noite, meus amigos me colocaram em uma limousine cheia de luzes coloridas por dentro e por fora, acho que tinha até um globo daqueles de discoteca antiga no meio. Sozinha. Eu, depois de vários drinks que todo mundo que me encontrava insistia em pagar para mim por conta do aniversário, disse “não gosto desse carro, eu prefiro um uber”. Eles choraram de rir da minha cara, se desculparam com o motorista e pagaram a corrida.

Mas essa não foi a cena mais engraçada daquela noite, já que um amigo voltou para casa sem um dos sapatos. Tínhamos ido parar em um bar que tinha um escorregador no meio (não me perguntem nem como ou por quê). Para ir no escorregador, você tinha que tirar seu sapato. E vocês já imaginam o que aconteceu!

2 Comments

  1. É por essas e outras que o Texas é conhecido como o estado mais excêntrico dos EUA. Ou, nas más línguas, a República Independente do Texas …. rs. Lembre-se que o Texas era parte do México e foi conquistado na bala pelos cowboys. Aí acharem petróleo e todo mundo ficou rico. Só podia dar no que deu. 🙂

  2. Julianne, nossa, muita estranhice nessa cidade, além do que já se acostumamos ver na terra do tio Sam! Essa da gata empalhada é assustadora, de imediato me lembrei de “Pet Cemetery”, com Ramones e tudo mais!

    Um abraço,

    Edgard El Khouri
    (@elk_arquitetura)


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