Em mais um capítulo da parceria com o Café com F1, nessa semana traremos um especial sobre a temporada de 1981, que coroou Piquet como campeão pela primeira vez. Mesmo sem o melhor carro, Nelson Piquet começou o ano de 1981 como um dos candidatos ao título. Aos 29 anos, idade com que seria considerado quase um veterano em dias de Vettel e Hamilton, o brasileiro era umas das promessas que surgiam na época, junto de Alain Prost, outro que se tornaria protagonista dos anos 1980.
Era a quarta temporada completa de Piquet na F1, a terceira pela Brabham. E sua ascenção fora clara. Depois de disputar apenas algumas provas em equipes nanicas em 1978, foi contratado como segundo piloto de Niki Lauda no time de Bernie Ecclestone e Gordon Murray. Com a aposentadoria, que viria a ser temporária, do austríaco, foi alçado à liderança da equipe, disputando o título em 1980.
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Mas nem sempre o caminho de Piquet fora tão bem desenhado. Vindo de família rica, o filho do ex-ministro da Saúde dos tempos de ditadura Estácio Gonçalves Souto Maior teve que lutar contra a oposição do pai, que queria que virasse tenista, chegando até a enviá-lo para estudar nos Estados Unidos.
Isso levou o carioca de nascimento e brasiliense por adoção a inclusive mudar a grafia do sobrenome, utilizando “Piket” ao invés do Piquet, que já vinha de parte de mãe, para não chamar a atenção da família.
O piloto começou a carreira no kart aos 14 anos e foi campeão brasileiro de 1970 a 1972. Cursou engenharia mecânica na UnB até o terceiro período, o que explica sua facilidade em lidar com a parte técnica dos carros, além, é claro, da experiência dos tempos em que trabalhou em uma oficina que pertenceu a Alex Dias Ribeiro. Em 1976, foi campeão da Fórmula Super-Vê, logo seguindo para a Europa, onde foi 3º no Campeonato Europeu de Fórmula 3, mesmo não participando de todas as provas. Em 1978, na Fórmula 3 inglesa, sagrou-se campeão e quebrou o recorde de Jackie Stewart de maior número de vitórias numa temporada.
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Adaptou-se rapidamente à F1 e, em sua segunda temporada completa, conquistou sua primeira vitória, no Grande Prêmio do Oeste dos Estados Unidos, em Long Beach, largando desde a pole. Curiosamente, Emerson Fittipaldi foi o terceiro colocado naquele 30 de março, num pódio que simbolizou a “passagem da faixa” de grande ídolo do automobilismo brasileiro. Com outras duas vitórias no ano, na Holanda, em Zandvoort, e na Itália, em Imola, Piquet disputou o título com o australiano Alan Jones, da Williams, até a penúltima prova.
5 Comments
Esse era malandro! A verdadeira escola brasileira de pilotagem!
Além de piloto fora de série Piquet era também um inventor. Ele criou alguns dos acessórios hoje usados no automobilismo mundial, como os cobertores para pré aquecimento dos pneus.
Nada como amadurecer as idéias e sempre ter bons exemplos. Em vista da aerodinâmica simplificada da época, vemos o quanto os carros antigos possuiam maior grip mecânico (totalmente diferente do alto down force de hoje). Onde quero chegar? Sobre o tema comparação. Vemos que cada um, é gênio em seu tempo (em vista de vencer os obstáculos). As comparações perdem seu valor, apartir do momento em que buscam estabelecer paralelos entre regulamentos e exigências diferentes, portanto, ficaremos eternamente caindo em ciladas (hehe! Ju, estou aprendendo). Piquet, na entrevista, chega a tocar no assunto segurança, citando os carros mais inseguros, segundo ele, “cadeiras elétricas”. Podemos ver, que hoje, os pilotos estão mais bem servidos. É um exercício de adivinhação tão grande a comparação, que no quesito velocidade/segurança, fica uma dúvida: -será que os pilotos dos anos 80 e de hoje, teriam coragem de encarar “as baratinhas”, com todo conhecimento que possuem sobre segurança? Creio que o desempenho não seria o mesmo. Cada um na sua.
Teoricamente e até racionalmente, não, mas o instinto dos pilotos é algo a ser estudado. Pergunte a eles se preferem as áreas de escape modernas ou ter o muro pertinho, como em Mônaco e Montreal? E Spa, com todas aquelas curvas de alta ladeira abaixo, porque será que eles gostam tanto?
Olá, Julianne e pessoal.
Uma pequena correção: o pai do Piquet foi ministro na gestão do João Goulart, portanto um pouco antes da ditadura.
Caramba, estive fora uma semana, quanta coisa nova pra ler… Muito bom!
Abraços a todos.
Corrigido, obrigada.