Os Williams eram os carros a bater naquele início dos anos 1980. Alan Jones começava a temporada de 1981 na equipe certa, como primeiro piloto e atual campeão do mundo. No entanto, não encontraria mais um companheiro resignado ao posto de coadjuvante como no ano anterior. Carlos Reutemann, próximo da aposentadoria, estava disposto a se impor no time de Frank Williams e Patrick Head. Esse é mais um capítulo das comemorações dos 30 anos do 1º título de Nelson Piquet, em parceria com o Café com F1.
O australiano Jones demorou algumas temporadas para impressionar na F1. Tanto, que foi campeão pouco antes de completar 34 anos. Estreou em 1975, substituindo o machucado Rolf Stommelen na equipe de Graham Hill. Depois, correu no time de outro campeão, John Surtees, mas não saiu do final do grid. Só quando mudou-se para a Shadow, um 1977, que conseguiu sua primeira vitória e a 7ª posição no campeonato. A performance chamou a atenção de Frank Williams, que o chamou para pilotar em sua equipe, que ainda engatinhava na época. Em 1979, Jones ganhou 4 provas e foi o 3º no campeonato. Uma vitória a mais no ano seguinte foi o que precisava para tornar-se o segundo australiano campeão do mundo, depois de Jack Brabham.
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Aos 39 anos e a bordo de um carro competitivo, o argentino Carlos Reutemann sabia que teria sua última chance de ser campeão do mundo em 1981. Na F1 desde 1972, teve altos e baixos na carreira. Fez a pole na corrida de estreia, justamente no GP da Argentina – feito emulado apenas por Michael Andretti e Jacques Villeneuve –, passou pela Brabham, em que chegou à terceira posição no campeonato em 1975, e pilotou a Ferrari por dois anos. Saiu da Scuderia ao final da temporada de 1978 e foi para a Lotus, sem muito sucesso. Em 1980, embarcou no já bem encaminhado projeto de Frank Williams e teve dificuldades em se afirmar contra um companheiro que já estava na equipe desde o início.
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Descontente com sua posição, desobedeceu as ordens da equipe de deixar o companheiro passar no GP do Brasil, logo no início da temporada de 1981, e instalou um clima de guerra que faria com que ambos perdessem o campeonato. Tanto, que, na última prova, Jones negou-se a servir de escudeiro, desapareceu na ponta e venceu, enquanto Reutemann se atrapalhava. Frustrado com o vice e em situação delicada dentro da Williams, se aposentou depois de 2 provas em 1982.
Outro veterano, que acabou entrando na disputa do campeonato a partir da metade do ano, foi o francês Jacques Laffite, então com 38 anos. Num Ligier que, ora o levava para o pódio, ora quebrava, acabou saindo da briga nas provas finais. Laffite estreou na F1 pela antiga equipe de Frank Williams, ainda em 1974, mas teve seus melhores anos – 3 quartos lugares consecutivos entre 1979 e 1981 – com a equipe francesa. Antes de se aposentar, em 1986, voltou a pilotar para Frank, mas já estava em decadência.
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Com 3 vitórias no ano, Alain Prost também chegou a figurar como um dos candidatos ao título de 1981. Os 9 abandonos, porém, não ajudaram em nada a campanha do então piloto da Renault de 26 anos. Já considerado um jovem talento, com uma carreira vitoriosa nas categorias inferiores, Prost estava apenas em seu segundo ano na F1, tendo disputado a temporada da estreia numa McLaren em fase de transição. Teve que esperar, no entanto, mais 4 anos para conquistar seu 1º título.
4 Comments
Tendo em vista o “campeonato que ninguém respeitava as regras”, hehe, essa disputa de 81 deve ter sido meio maluca. É interessante traçar um paralelo de 2010 com 1981, afinal, Webber com 34 anos, seria um adolescente/quase adulto, se comparado aos quase quarentões Reutmann e Laffite, além de Jones, que possuía os mesmos 34 anos. É engraçado, mas parece que no passado, os pilotos atingiam seu auge com mais idade. Caindo no caso da “adaptabilidade dos feras”, o aproveitamento de Piquet, tendo em vista, um campeonato tão cheio de surpresas e falhas, prevaleceu o piloto que além da sorte, se adaptou melhor aos altos e baixos da disputa.
Assistindo aos campeonatos do início dos anos 80, são todos malucos, pq os carros quebravam muito e um podia seguir o outro, então qualquer errinho resultava em ultrapassagem. Sempre tem algum candidato ao título ficando pelo caminho. O Piquet tinha uma equipe só pra ele, enquanto havia uma briga declarada na Williams. Soa familiar?
Sua resposta, me lembrou de uma dúvida visual, a respeito destes vídeos dos anos 80. É o seguinte: -no post do dia 18, vc citou a “gambiarra genial de Gordon Murray. A visão que se tem dos carros, é que em qualquer pista, eles “andam saltitando, pulando excessivamente”, isso em todas as pistas. Daí me veio três alternativas: -ou as pistas eram muito ruins, ou o sistema “pneumático de Murray” causava esses abalos na suspensão (com os carros andando colados no chão), ou seria o efeito solo? Vc saberia a resposta?
Eu não saberia dizer com certeza. Há as ondulações, os carros muito presos ao solo, mas também pode ser que as suspensões tenham evoluído. Alguém se arrisca?