O day after de um belíssimo GP de Mônaco bem que poderia estar focado nas alternativas que o combo Pirelli + Safety Car trouxe até para um palco mais de desfiles que de corrida, nas atuações perfeitas de Vettel, Alonso e Button, guiando no limite pelo apertado traçado monegasco, na surpresa Kobayashi e seu melhor resultado na carreira, nos pilotos que chegaram aos pontos numa driver’s track, como Sutil, Barrichello e Buemi.
Mas todo mundo fala de Hamilton e suas verborrágicas entrevistas após a corrida. Sempre cobramos que os esportistas mostrem a cara e temos que saber que podemos não gostar do que ouviremos quando isso acontecer. Se um piloto não puder soltar os cachorros após uma corrida ruim – e a cena de Vettel fazendo sinal de “maluco” para Webber após a colisão entre os dois na Turquia ano passado vem à mente – o que mais poderá fazer?
Tudo resultado da frustração de um final de semana em que o inglês sabia que poderia bater Vettel, mas no qual tudo deu errado. Resultado da frustração de saber que, ao contrário do que imaginou em seus dois primeiros anos de carreira, mais um ano está passando e, apesar de estar guiando bem, o título parece longe.
Agora, é lidar com as consequências. É impossível não lembrar da explosão de Fernando Alonso após o GP da Europa do ano passado, quando afirmou que a corrida havia sido manipulada com a, na prática, não-punição justamente de Hamilton quando o inglês ultrapassou o Safety Car. Na época, comentou-se na Itália que a FIA teria ameaçado o espanhol, caso ele não se retratasse. Na corrida seguinte, na Inglaterra, mesmo que tenha se sentido novamente prejudicado pelos comissários, não deu um pio sequer e acatou a decisão. O mesmo deve acontecer com Lewis.
Hamilton é daqueles pilotos que jogam o carro na curva e dão duas opções ao adversário: ou você abre, ou batemos. É o estilo Senna – “quando você não aproveitar o espaço, não será mais um piloto” – uma espécie de ultrapassagem por intimidação. Sempre será, ou espetacular, ou polêmico. Depende do que o rival decidir fazer.
É claro que quem arrisca terá dias de China e dias de Mônaco. Em tempos de paranoia com segurança e de linha dura na aplicação de regras, é melhor Lewis se acostumar em dar explicações aos comissários. E, numa F-1 em que os pilotos nem são ouvidos numa questão esportiva como a história da asa traseira em Mônaco, abaixar a cabeça.
9 Comments
Belo texto, Ju.
O que noto é um pensamento contraditório em algumas pessoas, que cobram sinceridade dos pilotos ao invés de discursos polidos. Porém, quando os pilotos agem assim, são recriminados.
O mesmo para as ultrapassagens. Cobram que os pilotos arrisquem mais ao invés de adotar cautela. Mas quando arriscam e dá m*, aí são criticados.
Os erros do Hamilton foram enormes, sem dúvidas. Mas cada piloto tem seu estilo.
Julianne,
Muito boa a sua abordagem sobre o tema.
Quando uma manobra dá certo, o piloto é venerado pelo arrojo, assim como acontece normalmente com Kobayashi. Mas às vezes as coisas dão errado… faz parte do negócio.
Seria melhor ele assumir publicamente que errou ou superestimou a manobra e simplesmente pedir desculpas aos pilotos e partir para a próxima corrida.
O problema é ele tentar se colocar como vítima para explicar os próprios erros.
Você escolheu muito bem ao postar os dois vídeos onboard do Hamilton.
Logo após ele bater no Maldonado, ele levanta a mão esquerda reclamando do venezuelano. Já na batida do Massa no túnel, Hamilton erra a freada e vaza a chicane, automaticamente ele levanta a mão esquerda para reclamar do Massa, mas simplesmente não havia ninguém atrás dele… O Massa estava se arrastando no guardrail ainda dentro do túnel.
Na cabeça dele, ele sempre é vítima. E isso ele já mostrou no passado, se não me engano com uma ultrapassagem em bandeira amarela no Trulli e teve que pedir desculpas para evitar uma pena maior.
Bela análise.
Acho que Hamilton é um menino mimado. Pouco acostumado a ser contrariado.
Já se desculpou via Twetter.
Vida que segue.
Acho que ele ficou muito influenciado pelo filme de Senna. Deve ter achado que é uma espécie de encarnação de Ayrton, ou algo do gênero… rsrsrs…
Acredito que esse papel de vítima não combina com pilotos de F1. Competições são assim. Um dia vc é beneficiado, outro é penalizado, que o diga Maldonado.
O Hamilton além de não saber que erra, ainda coloca nos outros. E ridículo o que ele fez. Tem que botar a cabeça no lugar.
, senão a paciência com ele acaba.
Perfeitas colocações, Julianne!
nÃO ACHO QUE LE DEVA ABAIXAR A CABEÇA NÃO… ASSIM ELE VAI DAR UMA DE BARRICA OU MASSA E ESSE NÃO É O ESTILO DE HAMILTON
Belo texto Julianne.
Mesmo não sendo fã de Lewis (na realidade nunca fui) suas colocações são excelentes sobre o assunto. É o jeito do Hamilton de se portar que talvez o deixe ele muitas vezes sem o brilho de um gênio. Acho que para isso, ele precisa urgentemente saber quando o erro é apenas dele, e quando os erros são de outros.
Passa a ser angustiante esperar retratação dele toda vez que ele diz ou faz bobagem. Mas esse é ele. E acho que logo entenderá que alguns dias, não são totalmente perfeitos.
Abraços!