Teria ele voltado ou nunca teria se aposentado realmente? Para que todo aquele teatro de Interlagos? A orelha de Felipe Massa deve ter ficado inchada nas últimas semanas, desde que começaram os rumores de que seria ele o escolhido da Williams caso o time perdesse Valtteri Bottas. E não foi só por aqui: a imprensa internacional criticou duramente a equipe por uma escolha que considerou tão conservadora quanto suas estratégias de pista.
Pois, bem. Primeiramente, não houve teatro em Interlagos, em Abu Dhabi, ou mesmo no anúncio em Monza. Massa sempre demonstrou estar em paz com a decisão de sair da Fórmula 1, mas nunca escondeu que a ideia foi amadurecendo junto da noção de que não teria um cockpit competitivo para 2017. Afinal, o negócio com Stroll ficou claro quando a FIA, misteriosamente, em junho, mudou o sistema de pontos para a obtenção de superlicença para quem vinha da F-3 Europeia, garantindo a chance até do vice ir direto à F-1.
Logo, ao receber o chamado e sentindo-se ainda em condições de ser competitivo, Massa aceitou.
Do lado da Williams, também é difícil imaginar outra saída. Se para a Mercedes, que tem uma extensa influência por meio de seus clientes no grid, foi complicado encontrar um substituto para Rosberg, para o time de Grove a complicação era dupla: além de poucos nomes disponíveis, era preciso alguém tanto mais velho por conta das questões do patrocínio, quanto – e principalmente – experiente para dar o norte a um projeto totalmente novo.
A mídia inglesa clamou por Paul Di Resta, de 30 anos, já há 3 temporadas fora do grid, mas com experiência como reserva da Williams. Mas os engenheiros da Williams têm lá seus motivos para não concordarem e buscaram a continuidade em um piloto que, nestas mesmas três temporadas, sempre teve sua contribuição técnica elogiada internamente.
Assim, Massa voltou com a vantagem de ter ido embora apenas enquanto estavam todos de férias. Na prática, portanto, é a volta de quem não foi.
Isso é importante. Os últimos grandes retornos da F-1 foram bastante distintos entre si. Schumacher retornou em 2010 após três temporadas fora e apanhou, muito em função do fato dos requerimentos serem outros devido a uma série de mudanças regulamentares. O fim do reabastecimento e o tipo de pneu adotado mudaram totalmente a maneira das corridas serem disputadas e a limitação de testes acabou com uma arma sempre utilizada com maestria pelo alemão.
O outro retorno foi de Raikkonen, em moldes semelhantes. Saindo em 2009 e voltando em 2012, o finlandês também encontrou um cenário bem diferente, mas andando em uma equipe desacreditada – embora com um excelente carro – e com um companheiro relativamente fraco, deixou uma boa impressão e voltou à Ferrari. Mas nunca chegou perto ao Kimi de antes, enquanto contemporâneos como Alonso e Button seguiram no mesmo nível mesmo com todas as mudanças.
A grande vantagem de Massa é não ter perdido o bonde em momento algum. Mas a segunda, e não menos importante, é a mudança de regulamento e a promessa da Pirelli de compostos não apenas mais duráveis, mas principalmente sem a sensibilidade térmica que deu muita dor de cabeça para pilotos e equipes nos últimos anos. Será uma F-1 mais pé embaixo e foi em uma F-1 mais pé embaixo que Massa viveu seus melhores anos.
Há a questão da influência que os Stroll terão na Williams, mas no papel não há nada que impeça Massa de fazer um bom trabalho. Afinal, os times grandes andam celebrando suas ‘panelas velhas’ e isso não há de ser coincidência.
10 Comments
A Williams só tinha duas opções: Massa e Button. Prefiriu alguém que já estava no time. Tem que ser piloto pra segurar no braço esses carros de 2017. O garoto Stroll é um franguinho. Quero ver se ele vai segurar!
Button nunca foi uma opção. Inclusive, acho curiosa a noção que muitos têm de que Massa queria se aposentar e Button não. O inglês estava claramente desmotivado e contando os dias para a temporada acabar.
Concordo. Mas achei que o Button, assim como Felipe, tivesse se aposentado contra a vontade.
Também acho que o Massa foi a melhor solução. É experiente e ainda anda bem, mas não como antes. Mas já conhece a equipe, ótimo de trabalho em equipe e sabe desenvolver o carro. E vai poder sair nas fotos do patrocinador.
A Williams entra com uma excelente vantagem em 2017, mesmo sem Bottas. Com o dinheiro de Stroll e a economia da compra do motor, a equipe de Grove tem uma chance fantástica de conseguir algumas vitórias. É… Eu acredito.
Pode parecer bobagem, mas o campeonato está aberto com essas mudanças no regulamento. Acredito que todos tenham chances. A Williams é organizada, tem o melhor motor, dinheiro e um bom piloto, experiente e da casa.
Com a chegada do Lowe, os próximos anos da equipe inglesa podem ser promissores.
Já pensou se a Williams dá o pulo do gato em 2017 e o primeiro título do Felipe? Ia ser Massa!
Não entendi essa da imprensa inglesa, apoiar Paul di Resta fora a tanto e dizer que Felipe Massa seria uma escolha conservadora.
A meu ver, optar pelo Paul, a tanto tempo fora da F1, é que seria insano e sem sentido, cada um com seu cada um.
Será que a imprensa inglesa teria um motivo pra isso?
Ótima abordagem das notícias, como sempre Julianne!
Abraços pros meninos e beijos pra ser meninas!
Uma boa noticia a continuação do Felipe e vai ser interessante observar se a queda de rendimento de Felipe Massa nos últimos anos foi devido à sua não adaptação às mudanças de regras (carro pesado + pneu que esfarela) ou alguma coisa ao acidente de 2009. Se os carros e pneus voltarem a ter um comportamento parecido ao de antes de 2010, Felipe pode fazer uma temporada muito forte.
Não me levem a mal, tenho vários amigos e admiro muito a cultura, mas o “mundo de acordo com os ingleses” é uma coisa séria, Nato 😉 E é curioso como o noticiário da F1 acaba sendo bastante influenciado por isso.
hehehe, exatamente. basta ler os comentarios nos websites que cobrem (porcamente) F-1 na UK. da vontade de dar uma cadeira na ABL para cada um que comenta nos websites brasileiros mais uma medalha de bom comportamento.
se no brasil sobra raiva e odio nos comentarios, na UK alem disso tudo ainda tem cerveja barata na cabeca…
o que o joe saward (entre outros) tem aguentado nessa epoca de internet….
Hahahah…vc teve a mesma ideia que eu ao falar sobre o Massa. Vc escreveu Massa Panela Velha e eu escrevi Massa Não interessa se é coroa…. hahaha
♫ “Não interessa se é coroa… piloto velho ainda faz corrida boa”