Foram várias as mudanças pelas quais a F-1 passou de 2016 para cá, com alterações no perfil aerodinâmico e nas dimensões dos carros e pneus, passando pela maior liberdade no desenvolvimento de motores. Mas, a julgar pelo que estas seis primeiras etapas da temporada demonstraram, é a compreensão de um detalhe que vem fazendo a diferença a favor da Ferrari e de Sebastian Vettel.
O time italiano aproveitou como ninguém uma oportunidade que não havia nos anos anteriores: participar do desenvolvimento dos compostos.
Depois de muita pressão e de alguns tropeços nos anos anteriores, a Pirelli conseguiu organizar um calendário extenso de testes para produzir os pneus para esta temporada, usando carros ‘híbridos’, com as dimensões que seriam usadas em 2017, de Ferrari, Mercedes e Red Bull. O time italiano foi quem mais levou a sério essa função, assim como o próprio Vettel, que várias vezes foi à fábrica da Pirelli e fazia questão de, ele mesmo, conduzir os testes, enquanto, nas outras equipes, eram os pilotos de testes quem tinham essa função.
Apesar destes testes terem sido feitos às cegas, sem as equipes ou os pilotos saberem qual composto estava sendo testado ou se havia alguma mudança de uma sessão para a outra, é claro que especialmente o piloto conseguia sentir as diferenças e, a partir daí, ia construindo seu conhecimento.
E o que temos visto nesta temporada? Uma Ferrari que anda bem com todos os compostos e em todas as condições de temperatura e asfalto, conseguindo especialmente driblar um problema que vem atrapalhando os demais, a recuperação de temperatura durante as provas. E uma Mercedes cheia de altos e baixos que nem ela mesma sabe explicar.
Foi interessante uma declaração de Wolff durante o GP de Mônaco, dizendo que a equipe ainda não viu ambos os carros trabalharem na mesma zona de temperatura ao mesmo tempo durante uma corrida, o que é particularmente curioso uma vez que os chefes da Mercedes garantem que não há grandes diferenças de acerto entre seus pilotos.
De fato, ora vemos Bottas tendo dificuldades, ora Hamilton. O inglês, que testou muito pouco com os novos pneus ano passado e sempre defendeu que era inútil fazê-lo, identifica que seu problema está diretamente ligado aos asfaltos mais lisos, o que explica as quedas bruscas na Rússia e em Mônaco, dois circuitos completamente diferentes. Com Baku e Áustria pela frente já em junho, melhor o inglês e sua equipe conseguirem uma solução logo, pois, por enquanto, é a aplicação ‘schumacheriana’ de Vettel que está se sobressaindo.
20 Comments
caramba, essa info é essencial pra entender a vantagem da ferrari!
pois pra mim, por essa postura do vettel, ele é quem realmente merece o titulo desse ano
sempre tive mais simpatia pelo piloto que participa ativamente dos processos de desenvolvimento do equipamento. vettel, schumacher, piquet…
Fome! Vettel tem mais fome de vitória que Hamilton. Pelo menos no momento. A fome de Vettel transpassa os fins-de-semana de GPs. A fome de Hamilton, aparenta se manifestar apenas nos treinos oficiais e corridas. Dormiu nos louros? Espero que não e que a disputa por ambos os títulos, de construtores e pilots, dure até a última etapa!
Ótima explicação.
Pelo jeito, está colhendo os frutos quem mais trabalhou. Entender o funcionamento dos pneus continua sendo crucial.
Isso vai ao encontro de duas declarações de Toto Wolff semana passada: uma em que ele vê “mistério italiano” quanto ao melhor trato da Ferrari com os pneus; e outra em que diz ser um “mistério” o desempenho inconsistente de Hamilton em Mônaco.
O que ele chama em ambas de “mistério”, na verdade, foi um trabalho mais bem feito por parte da Ferrari e de Vettel. Eu já tinha observado isso: Vettel era o piloto mais disposto a contribuir com a Pirelli no desenvolvimento dos pneus. Parece lógico que isso, uma hora, gera frutos, ainda que ele tenha testado “no escuro”.
Billy, é mais fácil vender “mistério” do que “relaxamos e deixamos a bola cair!”…
Ok, esse argumento procede, mas o SF70H é superior ao Mercedes AMG F1 W08 EQ Power+ , o carro de Vettel tem mais equilíbrio em mais variáveis que os de Hamilton e Bottas e seguramente não se deve exclusivamente aos pneus, o chassi e suspenssão aliada a revolucionária aerodinâmica fazem a diferença.
Uns dizem que o SF70H foi desenvolvido pelo James Allison (Atual Mercedes), na opinião de outros ele só fez os esboços iniciais que determinam o conceito, mas não se pode dizer que a obra seja dele e sim da atual equipe liderada pelo Mattia Binotto que estão desenvolvendo o bólido como um filho, que você conhece nos mínimos detalhes sabendo das reações que vão obter quando se mexe nele. Já o mesmo não acontece com a Mercedes.
Vettel realmente parece ter esse perfil mais CDF digamos assim. Ele me parece mais profissional do que alguns de seus colegas. Li uma declaração do Marc Gene outro dia onde ele afirmou que o Vettel é sempre um dos últimos a deixar o Padock nos finais de semana pois trabalha junto aos engenheiros. Procede isso Julianne?
Ju, é justamente nesta questão de compreensão do funcionamento dos pneus que estaria a grande diferença entre Vettel e Kimi?
Só discordo de você em um termo em todo o bem escrito e bem pensado artigo. ‘schumacheriana’.
É de conhecimento de todos que quem testava os pneus, nos tempos áureos da Ferrari era o Rubinho.
Rubinho testou e acertou muita coisa para o Alemão, que era um reconhecido destruidor de Pneus.
É de conhecimento de quem? Puxa vida que grande piloto foi o “Rubinho” acertou os carros de um cara 7 vezes campeão do mundo e não ganhou nada. Deu pra bola amigão, essas teorias conspiratórias de Rubens e Massa acertando os carros dos outros. Eles nunca foram bons sequer em acertar muito bem seus próprios carros.
Momento algum disse que Rubinho foi melhor que o Alemão. Apenas citei que quem testava os pneus na Ferrari era ele. “.” (PONTO) . Apenas disse isso.
Alexandro, o Schumacher treinou e treinou e treinou mais que todos. Nao entra nessa que o Rubinho acertava para ele. Na verdade em algumas ocasioes o Schumacher chupou o setup do Rubinho, mas isso era a excecao, nunca a regra.
Schumacher trabalhava mais e melhor que todos, e ainda pilotava mais que o Irvine, que o Verstappen, que o Piquet (no pouco tempo que ficaram juntos), que o Rubinho, que o Massa (um de saida e o outro no primeiro ano como titular).
PK, concordo com a maioria dos seus argumentos.
Menos na comparação Schumacher x Piquet.
Mesmo considerando o Schumacher ainda iniciante na categoria X o Piquet já em fim de carreira, e principalmente pós tamburello, o que já turva muito alguma comparação (pois são pilotos em situações de carreiras diametralmente opostas), uma pesquisa rápida nas classificações e resultados das corridas dos dois pela benneton mostra uma performance bem parelha. tirando uma classificação, onde o alemão foi bem melhor, os dois tinham tempos bem parecidos nas classificações. sim, piquet largou na frente uma vez só, mas, repetindo, os tempos eram parelhos.
E nas corridas o piquet teve um aproveitamento melhor, 5o, 6o e 4o como melhores resultados, e completando todas, sendo que o alemão teve 5o, 6o e 6o. com um motor quebrado e uma rodada como abandonos.
https://en.wikipedia.org/wiki/1991_Italian_Grand_Prix
https://en.wikipedia.org/wiki/1991_Portuguese_Grand_Prix
https://en.wikipedia.org/wiki/1991_Spanish_Grand_Prix
https://en.wikipedia.org/wiki/1991_Japanese_Grand_Prix
https://en.wikipedia.org/wiki/1991_Australian_Grand_Prix
https://en.wikipedia.org/wiki/1991_Formula_One_season
(pode me chamar de piquetista, não me sinto ofendido de maneira nenhuma)
Momento algum disse que Rubinho foi melhor que o Alemão. Apenas citei que quem testava os pneus na Ferrari era ele. “.” (PONTO) . Apenas disse isso.
Nossa…ler isso dá até um desânimo.
Momento algum disse que Rubinho foi melhor que o Alemão. Apenas citei que quem testava os pneus na Ferrari era ele. “.” (PONTO) . Apenas disse isso.
Essa questão dos pneus a Mercedes já resolveu o consumo excessivo, so falta achar essa janela e quando achar vai superar a ferrari. Veja q em Mônaco bottas quase ficou na 1 fila e com todos esses problemas, quando resolverem se resolcerem ai eles pulam a frente
Eis a prova que talento puro por si só não leva a nada. Hamilton já deveria ter aprendido depois da derrota para Robert ano passado.
Vale lembrar que quando a Mercedes mudou a borboleta para as largadas, Rosberg se enfiou no simulador e treinou até a exaustão.
Hamilton deu de ombros e perdeu a primeira posição vezes seguidas para Rosberg (se não me engano três).
Pagou o preço pela “filosofia Romariana” ano passado e continua pagando esse ano.
Ótimo post como sempre Julianne!
Abraços pros meninos e beijos pras meninas!
NV, duvido que o king of bling seja vagal. Mas realmente ele nao trabalha como o Vettel ou nunca trabalhou. Poucos ficam ligando para engenheiro de noite ou no fim de semana. Um mora num jatinho e o outro mora na Suica…(ja viu o que nao tem para fazer la?).
Um leva ninguem da familia nos finais de semana e o outro leva tenista, rappers, celebridades….
Vem a calhar o seguinte post: https://www.motorsport.com/f1/news/tech-analysis-solving-the-mystery-of-ferrari-s-f1-resurgence-914696/
Mais claro do que isso impossível: dos 4240 kms que a Ferrari percorreu desenvolvendo os pneus de 2017, Vettel foi responsável por 2228 kms (52,54% do total). Até mesmo Kimi Räikkönen andou bastante (um total de 1054 kms, ou 24,85% do total).
Vejam Hamilton: dos 3507 kms da Mercedes, ele foi responsável por apenas 50 kms (1,42% do total da equipe).
Resumo: não existe “mistério italiano”. O que existe é trabalho.