Ele começou no kart, como tantos outros pilotos. E também como muitos deles acabou tendo de deixar as pistas por conta dos altos gastos com o esporte. Para continuar fazendo o que gostava, passou a participar de campeonatos virtuais, ao mesmo tempo em que trabalhava em um escritório e seguia uma vida “normal”. Até que venceu o “World’s Fastest Driver” e passou a integrar a equipe McLaren. Hoje, faz o trabalho no simulador que um tal de Fernando Alonso não gosta de fazer.
A história de Rudy van Buren aponta para um novo caminho na cara tarefa de encontrar e desenvolver talentos. E ainda abre as portas para uma democratização jamais vista no esporte.
Não é por acaso que as equipes de F1 estão dando muita atenção ao campeonato de esports, que no momento está na fase de draft, com os 40 melhores lutando para serem selecionados para as equipes que vão disputar o Pro Series Championship no segundo semestre, com direito a final durante o final de semana de corrida em Abu Dhabi, dentro do paddock. Na fase atual, eles passam por testes de reação iguais aos dos pilotos profissionais, ou seja, é clara a intenção de não apenas encontrar bons gamers, mas potenciais profissionais, que podem se envolver no esporte disputando corridas ou ajudando no desenvolvimento dos carros.
Existe o preconceito dos mais puristas a respeito da transferência do talento dos simuladores para a pista. Porém, ao invés de duvidar, as empresas do ramo estão investindo justamente para encontrar um método de testar esses pilotos virtuais e encontrar futuros campeões. Uma das empresas que aposta nisso é a Formula Medicine, na Itália, que já vem aplicando uma série de testes em pilotos de categorias de base, focando em um método empírico para identificar futuros campeões.
Outra empresa que vem investindo pesado nisso é a McLaren. Conversei recentemente com Ben Payne, diretor de esports do time, e ele fez uma comparação interessante. “Um bom jogador de Call of Duty não é necessariamente um atirador de elite. Nos simuladores de corrida a transferência entre as habilidades do game e da pista é muito maior, muito mais que em qualquer tipo de jogo.” E é justamente por isso que existe a tendência de cada vez mais se olhar para o virtual em busca de um piloto real.
Payne reconheceu que ainda há muitos desafios. “No final das contas, acabamos com 10 homens brancos na decisão do World’s Fastest Gamer, e agora estamos tentando modificar isso, tirando empecilhos como disputas acontecendo só em um determinado horário, para que pessoas possam concorrer em diferentes fusos horários. E para as mulheres estamos tentando restringir os comentários online, pois isso é um fator que as afasta das competições.”
Por outro lado, são inúmeras as vantagens. O investimento é menor do que financiar uma carreira “offline”, as fontes de receita são ampliadas com o aporte de empresas do ramo de tecnologia e jogos e o esporte tem uma chance de ouro de se democratizar. Afinal, quantas pessoas com talento não ficaram para trás por falta de investimento ou por viverem em lugares onde o automobilismo não é bem desenvolvido? Não dá para fechar os olhos para uma oportunidade como esta.
3 Comments
Realmente sensacional! Além disso tudo, no Brasil hoje existem várias competições organizadas de corrida online. Maioris dss grandes equipes são patrocinadas e os pilotos treinam quase diariamente. Prevejo um futuro ainda melhor para essas categorias após esse apoio da F1.
Existe alguma coisa parecida com esses simuladores no Brasil?
Entao, baiscmaent,e ele so vai pilotar f1 no virutal e fazer setuo pro Alonso? Era pra MClaren botar esses caras do virtual pra pilotarem um f3 real europeu