“É legal porque você vê carros das 9h da manhã até as 18h da tarde”, me contava um piloto da British Airways que, vira e mexe, faz suas escalas de uma maneira que consegue ir para GPs da Fórmula 1, e usa suas conexões na McLaren para conseguir um passe para o paddock. “Mas eles não estão disputando nada, não fica chato depois de um tempo?”, pergunto. “Ver carros nunca é chato”.
Se você é desses, realmente planejar uma ida a Barcelona nessa época do ano não me parece um mau negócio. Na verdade, seria uma chance de ouro de ter acesso ao paddock em dias nos quais o próprio paddock está mais amistoso, em um clima mais de volta às aulas. É, também, a única oportunidade de andar onde pilotos e equipes trabalham por um preço aceitável.
Sim, você não precisa ter contatos em uma equipe para ter esse tipo de acesso nos testes, e acredito que essa seja a grande vantagem de passar um pouco de frio na Catalunha – ainda que neste ano o tempo esteja bem melhor que a neve que pegamos ano passado – e ver carros dando voltas e mais voltas, muitas vezes com sensores que custam mais que uma kitinete.
A entrada que dá acesso às arquibancadas custa 18 euros (75 reais), mas você pode garantir sua entrada no paddock por pouco mais de 210 reais (50 euros). O acesso é de apenas uma hora por dia, mas coincide justamente com a hora mais movimentada, entre as 13h e as 14h, quando pilotos, mecânicos e engenheiros almoçam e, efetivamente, têm que andar pelo paddock e costumam atender a pedidos para fotos e autógrafos.
Existe outro ingresso, de 99 euros (cerca de 420 reais) que permite ficar no paddock por mais tempo, mas devo dizer que não há exatamente muita coisa acontecendo, além de entrevistas dentro dos motorhomes para as quais os seguranças vão barrar quem não tem passe de imprensa.
De qualquer maneira, o paddock nunca fica lotado, até porque, curiosamente, perguntei para os organizadores o que saía mais: a visita ao paddock por 35 euros (caso você não tivesse comprado o pacote antes de entrar) + 8 minutos na pista de kart ou os 20 euros só para o kart. E o paddock perdia.
Um possível drama para quem vai acompanhar os testes é comida, já que não há opções além de algumas barracas de bocadillos (sanduíches) e um hamburguer de 6 euros que me foi descrito como “perfeitamente passável” por um inglês. E isso não é bom sinal. Então uma dica seria vir preparado de casa.
Mas, por outro lado, é possível aproveitar os descontos para comprar coleções antigas de bonés, roupas e miniaturas de carros mais antigos. Achei camisetas de times como McLaren, Williams e a agora ‘vintage’ Force India por 10 euros (42 reais) e bonés antigos do Alonso pelo mesmo preço – da época da Ferrari, mas sem a marca. Bem mais em conta do que um boné novo do Max Verstappen, que não sai por menos de 50 euros.
Animou-se? A dica para escolher a melhor semana para ver os testes é pesquisar quando é uma grande feira de negócios em Barcelona. E evitá-la porque os preços de hoteis sobem muito nessa época na cidade. Já expliquei que o Circuito da Catalunha não é tão perto assim da capital catalã, mas os hoteis ao redor costumam ficar lotados por quem trabalha na F-1. Dá para ir de trem saindo de Barcelona, mas isso inclui uma caminhada por ruas sem calçada, então depende do nível do espírito de aventura. E da vontade de ver carros das 9 às 18h.
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Da estação Montmelo dá pra ir de ônibus também. O ônibus me deixou na parte de trás do circuito, onde também dava para entrar. Aí assisti um pouco do treino em cada arquibancada, até chegar na reta dos boxes. Dependendo do horário, você consegue rachar um táxi com outras pessoas lá na estação. Para voltar, pedi um táxi no hotel da frente. Dá uns 10 euros até a estação.