Hamilton e Vettel não são exatamente da mesma geração – o inglês, apesar de só dois anos mais velho, sempre esteve um passo à frente do alemão: quando estava lutando por títulos nas categorias de base, Seb era estreante. Portanto, apesar de terem coincidido, por exemplo, na F-3, não foram rivais diretos.
A história acabou se repetindo por boa parte de suas carreiras na Fórmula 1. Ambos estrearam em 2007, mas em condições bem diferentes: Hamilton por uma das melhores equipes da época, Vettel como substituto de um machucado Kubica andando no meio do pelotão inicialmente, e depois em uma equipe mais próxima do fundo do que do meio naquele ano, a Toro Rosso.
Nos anos seguintes, a carreira dos dois passaria por uma inversão: a McLaren de Hamilton perdeu terreno com a mudança de regras de 2009 e a agora Red Bull de Vettel ganhou, ainda que, em 2010 e 2012 o time inglês tenha produzido seus dois últimos bons carros – na primeira, Hamilton liderava a tabela até cometer dois erros bobos em Monza e Singapura, e, na segunda, a própria McLaren falhou muito nas corridas. Enquanto isso, Vettel nadava de braçada.
O destino quis que os dois só se enfrentassem realmente mais maduros, com Hamilton agora na Mercedes, e Vettel na Ferrari. E o placar vai começar 2019 desequilibrado.
Tanto em 2017, quanto em 2018, foram dois erros de Vettel que começaram a fazer desmoronar uma vantagem que tinha sido construída até ali: o destempero de Baku e o lapso de Hockenheim. Seriam esses erros motivo ou a consequência de equívocos da própria Ferrari? Só o próprio Vettel e a equipe poderiam responder, mas foram dois exemplos de que o equilíbrio entre uma Scuderia embalada e descarrilada é tênue na era Vettel.
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Por conta disso, nem um início espetacular em 2019 apaga o 2 a 0 no placar. Afinal, a Ferrari começou com a vantagem em 2017 e repetiu o feito ainda com mais força em 2018, inclusive crescendo na primeira metade do campeonato e dando a impressão de que tinha chegado a hora da Scuderia sair da fila. Mas a história acabou se repetindo – com uma forma diferente, mas o mesmo resultado – e Hamilton foi campeão com duas provas de antecipação. Em ambos os duelos.
Claro que esse tal descarrilamento está longe de ser responsabilidade do piloto, “o último elo da corrente”, como Hamilton costuma definir muito bem. A Ferrari pecou no desenvolvimento do carro, da mesma forma que fez na era Alonso e é isso, muito mais que os destemperos de Vettel, que o time tem de resolver.
Até porque, do outro lado, a Mercedes foi passando, uma a uma, por cada prova que lhe era colocada. Tanto em 2017, quanto em 2018, o time demorou algumas provas para se entender com os pneus, especialmente os mais macios e em asfaltos mais quentes – o que parece não ser um cenário muito distante também neste ano, diga-se de passagem. Desenvolveu carro e motor – pela primeira vez seriamente ameaçado pela Ferrari ano passado – sem tropeços, manteve o ambiente saudável internamente, ou seja, deu todas as condições para o tal último elo funcionar perfeitamente. E ele correspondeu com louvor, foi perfeito.
Depois de ter passado com dois títulos por duas temporadas que começaram testando sua excelência, é difícil pensar que chegou a hora da locomotiva da Mercedes descarrilar. Cabe a Vettel e à Ferrari entrar, nesta nova era sob o comando de Mattia Binotto, nos trilhos.
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