F1 Estratégia do GP da França e o revés de Ferrari e Renault - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia do GP da França e o revés de Ferrari e Renault

Se em termos de disputas em si, o GP da França não foi dos mais entusiasmantes, houve algumas lições a serem tiradas. Isso porque a corrida de Paul Ricard ano passado foi uma das três em que a Pirelli usou os pneus com construção semelhante à deste ano, ainda que os compostos sejam um pouco diferentes – com uma diferença mais estável entre um e outro. Em outras palavras, foi uma prova que esfriou a teoria de que os pneus são o único fator que ajuda a Mercedes a dominar neste ano. É um deles, certamente, mas o time alemão também se adaptou melhor às novas regras.

É só ver a distância em relação à Ferrari. Em 2018, com a mesma construção de pneu, a diferença na classificação foi de 0s371, com Sebastian Vettel se classificando em terceiro, assim como Charles Leclerc também conseguiu neste ano, mas 0s646 atrás.

A Ferrari chegou a Paul Ricard com esperanças de dar um salto significativo, uma vez que os engenheiros descobriram uma falha nos cálculos aerodinâmicos quando colocaram as peças que estreariam na França (assoalho, asas, duto de freio) no simulador. Isso era visto em Maranello como um divisor de águas para a temporada da equipe. Porém, o fato de nem todas as peças terem ficado no carro até a corrida indica que as novidades não melhoraram a performance significativamente, e a Ferrari sai de Paul Ricard com mais perguntas do que chegou.

Para piorar, Vettel teve problemas na unidade de potência após o Q2, e não pôde usar o modo de classificação no momento mais decisivo do sábado, como também em sua volta mais rápida, algo que conseguiu estabelecer por centésimos em cima de um Lewis Hamilton que tinha o composto duro – mais de 1s mais lento que o macio de Vettel – e ainda por cima bastante usados e sofrendo com bolhas. O alemão não conseguiu carregar totalmente sua bateria para usar a energia nesta volta, algo que certamente não ajudou, mas mesmo assim o fato de quase ter perdido o ponto extra para Hamilton é um forte indicativo da diferença entre os dois carros.

Outro time que saiu de Paul Ricard decepcionado com as atualizações foi a Renault, que trouxe um pacote extenso à corrida caseira, incluindo um motor novo para Daniel Ricciardo. Mas, em outra corrida no calor, a exemplo do que acontecera no Bahrein, a McLaren andou forte e só não superou os a equipe de fábrica com os dois carros porque Lando Norris sofreu com problemas hidráulicos na segunda metade da corrida.

Outro upgrade que não parece ter dado o resultado esperado foi o do motor Honda, usado por Verstappen, Gasly e Kvyat. Os dois pilotos da Red Bull reclamaram da falta de potência ao longo da corrida, outra prova em que Gasly, que já não confia mais em seu engenheiro de pista, teve dificuldades com o acerto do carro.

Tanto, que a Red Bull não confiou que ele pudesse avançar ao Q3 com o composto médio, 0s6 mais lento que o macio, algo que acabou com qualquer chance que ele poderia ter na corrida, principalmente porque as duas McLaren e Daniel Ricciardo conseguiram o feito.

Isso significou que ele e Antonio Giovinazzi largaram sabendo que teriam uma tarde muito difícil, sendo os únicos que largaram com os pneus macios, bons para uma volta, mas ruins para a corrida. E não surpreendeu que eles tenham acabado fora dos pontos, enquanto pilotos que aproveitaram que largavam fora do top 10 e começaram a corrida com o composto duro, como Kimi Raikkonen e Nico Hulkenberg, pontuaram.

Entre os carros que largaram com o médio dentro do top 10, não houve grandes variáveis do ponto de vista estratégico: com limite de velocidade de 60km/h no pitlane, uma parada custava 24s, então não havia dúvida de que o melhor seria administrar o ritmo para fazer apenas um pit stop. Além disso, como tem sido via de regra, a dificuldade em aquecer o composto duro vem compensando o ritmo pior de um pneu médio desgastado, o que anula o undercut, mas não é bom o suficiente para o overcut, como a Ferrari descobriu ao tentar deixar Vettel mais tempo na pista na tentativa de se aproximar de Verstappen no meio da prova.

Hamilton chegou a comentar que sentiu que a equipe o chamou para o box cedo demais, pois ele estava muito à vontade com o composto médio, mas a decisão teve a ver com a parada de Leclerc, que acabou chamando Bottas para os boxes. Embora Hamilton ainda tivesse um bom ritmo, quando se está com uma dobradinha fácil, não tem por que complicar a estratégia.

Por conta da parada um pouco antecipada, contudo, nas voltas finais era visível que as duas Mercedes tinham bolhas por superaquecimento, na primeira vez que isso acontece nesta temporada. Isso corrobora com a teoria de que uma construção mais fina seria pior para o time prateado, já que seu carro é o que gera mais pressão aerodinâmica. Mas é bom lembrar também que a Mercedes foi sofrendo cada vez menos ao longo da temporada e terminaram o ano dominando. Cabe aos rivais fazerem o mesmo agora.

3 Comments

  1. Ju, adoro a F1, contudo essa corrida foi por demais sonolenta, e com aquela pintura no asfalto ficou difícil não cochilar. LH44 matou a charada: a Ferrari não ficou na corrida, preocupou-se mais com o Canadá. Abcs

    • Oi Julianne! O que foi que houve entre Gasly e seu engenheiro de pista? O que pode tá acontecendo pro francês ir tão mal assim?

      • O que eu ouço no paddock é que falta confiança. Mas também já vi muito piloto começar a ver fantasma quando as coisas não vão bem e só afundar mais.


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