A temporada de 1999 vinha sendo bem mais disputada que a anterior: a McLaren de Mika Hakkinen continuava muito forte, mas a Ferrari de Michael Schumacher tinha encostado. Nas primeiras sete provas, Mika levou três e Schumi duas, e o campeonato foi para a oitava etapa com o finlandês oito pontos à frente. Seria, finalmente, o ano do fim da seca que já durava 19 anos? Seria a consagração do projeto iniciado quatro anos antes com a chegada primeiro de Jean Todt, e depois de Schumacher, Ross Brawn e Rory Byrne?
Toda essa expectativa ficou em suspenso naquele início de GP da Grã-Bretanha de 1999, quando os freios de Schumacher o deixaram na mão a mais de 300km/h e ele bateu frontalmente contra o muro, em velocidade calculada de 100km/h.
“Tenho consciência de que não tenho mais qualquer chance no campeonato. Tenho sorte de estar vivo”, disse Schumacher na época. O alemão passou por cirurgia logo após a batida, na qual um pino foi colocado em sua perna, e também teve danos de tecido. Ao sair do hospital, a previsão era de que ele ficasse de fora de pelo menos quatro corridas mas, no final das contas, ele voltou depois de sete, ou seja, para fazer só as duas últimas provas do ano em um papel inusitado de escudeiro de Eddie Irvine, que acabou dois pontos atrás de Hakkinen, fazendo a Ferrari ter de esperar mais um ano.
A batida de Schumacher aconteceu logo na primeira volta, quando o alemão, que saíra da segunda posição, atrás de Hakkinen, tentava se recuperar de uma largada ruim. Após a bandeira vermelha, houve outra largada e o finlandês manteve novamente a ponta, com Irvine passando Coulthard na briga pela segunda posição.
Parecia ser mais uma tarde tranquila para Hakkinen até que ele sentiu que uma das rodas de sua McLaren estava solta. Ela acabou saindo do carro mas o campeão de 1998 ainda se arrastou aos boxes, fez uma parada de 24s e, mesmo assim, voltou em quarto, tamanha era sua vantagem. O retorno, contudo, não durou muito e, por questões de segurança, Hakkinen abandonou.
A briga pela vitória ficou entre Coulthard e Irvine, numa disputa totalmente britânica para o GP de casa de ambos (antes que me questionem sobre Irvine, que corria com a bandeira da Irlanda, que não faz parte da Grã-Bretanha, ele é natural da Irlanda do Norte, ou seja, é tecnicamente britânico, ainda que exista a possibilidade destes cidadãos escolherem o passaporte britânico ou irlandês. De qualquer modo, as matérias da época relatam o resultado como sendo uma dobradinha britânica).
Irvine, contudo, teria um pit stop ruim, e entregaria a corrida de bandeja para Coulthard, perdendo quatro pontos que seriam cruciais no final daquele ano, mas empatando em pontos com Schumacher naquele momento. De uma hora para a outra, o segundão tinha se tornado a grande esperança ferrarista de voltar a ter um campeão.
6 Comments
“Mas Irvine teve um pit stop ruim”
Lembro que algum colega do Blog já escrevera que uma Ferrari que acerta tudo, como na época de Shummy era exceção. Lendo essa frase observo o quanto ele estava certo.
Julianne,
Com seu conhecimento de dentro do Paddock, acha que o título de Irvine mudaria algo nos anos seguintes?
Fiquei com essa curiosidade boba.
Grande abraço a todos do blog!
O Nato comentou sobre a questão do pit stop, e me fez lembrar de uma corrida desse ano em que a Ferrari fez a maior lambança no pit stop do Irvine. Algo como o cara parar e as rodas não estarem preparadas. Foi nessa corrida? Mas eu acho que não, o que me lembro é que essa lambança aconteceu quando o Irvine já estava como candidato ao título, numa etapa após o acidente do Schumacher. Na época minha impressão foi de que a Ferrari não estava caprichando porque não era com o Schumacher. Na época eu achava que as explicações eram simples e binárias tipo vilões x mocinhos… Estou com preguiça de pesquisar, por isso soltei essa reminiscencia aqui.
Pedro, foi em Nurburgring, umas 4 ou 5 corridas depois.
valeu, rodrigo
A Ferrari perdendo o campeonato por poucos pontos, e por fazer muita lambança ao longo do ano, é a regra.
Lembro de ler na imprensa especializada,algum tempo depois daquela temporada, que a decisão em substituirem as ‘gravel traps’ por áreas de asfalto se devera muito ao acidente de Schumacher em Silverstone.