O último GP do ano começou com Valtteri Bottas mandando indiretas na entrevista coletiva, dias depois de sua mulher, Emilia, ter pedido o divórcio. Foi uma entrevista cheia de “eu tenho que ser uma pessoa melhor, assim como um piloto melhor”, então dava para ter uma boa ideia do que aconteceu, né? Pelo menos sabe-se que ele tinha um contrato pré-nupcial, então ficou mais o prejuízo moral do que o financeiro. Mas que doeu, doeu.
O terceiro filho de Sebastian Vettel – o primeiro menino – nasceu às vésperas do GP, e fez o alemão chegar só na madrugada da quinta para sexta, horas antes do primeiro treino livre. Curiosamente, Vettel veio com o pai para a corrida. No final das contas, ele escapou das perguntas sobre o incidente do Brasil, pelo qual, a julgar pelas declarações de Leclerc e Binotto, foi considerado culpado dentro da equipe. Por todo o final de semana, não parecia muito presente, o que não tem sido exatamente incomum.
Aproveitando a deixa, fui pedir para Kimi Raikkonen conselhos para o pai de menino de primeira viagem, já que ele recentemente revelou que não acharia que ficaria tão nervoso ao ver o filho correr. “Primeiro, ele não está correndo, é só um hobby!”, disse Kimi, rindo. Parece que ele está falando em voz alta para ver se acredita. (Aliás, falando em GP Brasil, Toto Wolff me garantiu que a mesa da casa dele ficou intacta mesmo com os dois pilotos fora do pódio)
Nos bastidores de Abu Dhabi, corre a informação de que as equipes estão pressionando a Pirelli para não adotar os pneus que eles fizeram para 2020 e que estão sendo testados nesta semana. Isso porque, quando os protótipos foram usados nos treinos livres no GP dos EUA, os pilotos reclamaram muito de falta de aderência. Do lado da Pirelli, a justificativa era de que os carros não estavam ajustados aos novos compostos e, para o teste, a pressão será diminuída em 1.5 psi, o que é significativo, porque, nos demais testes, eles conseguiram resultados melhores nessa configuração. Mas não deixa de ser irônico que as equipes queiram manter os pneus que deram tanta dor de cabeça no começo do ano. Lembremos que eles até votaram em junho para voltar aos compostos de 2018!
Em mais um round para ver quem fica com o GP do Brasil a partir de 2021, JR Pereira, promotor do Rio, e Alan Adler, que entrou na jogada de Interlagos devido à resistência da Liberty em relação ao promotor atual, estavam perambulando pelo paddock em Abu Dhabi. Flavio e Eduardo Bolsonaro, por motivos diferentes, também estavam por lá. Flavio foi mesmo com a missão de acalmar a Liberty acerca dos temores em relação às questões ambientais que permeiam a construção do circuito no Rio – e inclusive foi munido de camisetas da seleção brasileira com os nomes de Chase Carey e Lewis Hamilton – e Eduardo estava em visita oficial aos Emirados Árabes.
Conversei com Sergio Sette Camara logo depois da pole position dele em Abu Dhabi, e novamente após o final de uma etapa em que venceu no sábado e foi terceiro no domingo, de longe seu melhor na categoria. E a mentalidade dele me pareceu bem clara – e correta: ou ficar na F2 só se for equipe que permita lutar por vitórias (e me parece que não há mais vagas desse tipo) ou ir com a superlicença garantida para outro campeonato mais forte e usar exemplos como Hartley, Wehrlein e até mesmo Albon para manter vivo o sonho da F-1 ou mesmo da F-E. Por conta disso, ele está com negociações avançadas com a Indy.
Mas isso significa que o Brasil ficará sem piloto na F-1 e na F-2? Pedro Piquet está perto de ser anunciado na equipe júnior da Sauber, pela qual ele testa nesta semana em Abu Dhabi. Outro que chega da F-3 para o grid da F-2 é o campeão Robert Shwartzman, que vai ser companheiro de Mick Schumacher na Prema. Sobre isso, ouvi a frase mais engraçada do fim de semana no mais experiente jornalista do paddock, um suíço, muito próximo a Michael. “Ele vai destruir o Mick, isso é um absurdo”. Sim, ele estava falando sério. E, sim também, Shwartzman foi campeão num grid forte na F-3 com Armstrong, Vips e outros, e seria uma surpresa se ele não superasse Mick até com facilidade ao longo da temporada. A não ser que a politicagem que sempre foi forte na F-2 falar mais alto.
4 Comments
Fantástico, Julianne Cerasoli, gostei muito de seus comentários, eles nos propiciam mais atrativos e “conhecimentos” dentro de um torneio que só ouvíamos comentários quando dos Grits de largada e nas corridas propriamente dito.
Nossa, pelo menos a minha, “preocupação” esta no caso do Lewis Hamilton: se ele fica na Mercedes; a Mercedes será mesmo, vendida, e/ou ele poderá ir para outra equipe?
“querida” Julianne
Um forte abraço
Flávio Rodrigues
SP.03.dez.2019
Farei uma matéria no UOL sobre isso, acredito que sai na sexta
Juliane, vc acha que MIck Schumacher ainda vai conseguir comprar uma vaga na F1 ou vai direto para a F-E, ja que aparentamente não reune qualidades para nem sequer chegar na F1?
A avaliação no paddock é de que ele chega à f1 de qualquer jeito, com ou sem resultados expressivos.