F1 Turistando off-season modo raíz na Albânia e Kosovo - Julianne Cerasoli Skip to content

Turistando off-season modo raíz na Albânia e Kosovo

O pessoal do paddock ria da minha cara quando eu dizia que iria para o Kosovo e a Albânia na pausa que a F-1 dá em agosto. Afinal, são destinos desconhecidos até mesmo dos europeus, e não é por acaso. O Kosovo declarou sua independência da Sérvia em 2008, o que ainda não foi reconhecido por mais da metade dos países do mundo. E a Albânia teve um dos regimes comunistas mais fechados do mundo até 1989.

Para mim, não eram apenas os dois países que ainda não tinha visitado naquela região. A aventura albanesa estava no meus planos há tempos, motivada pelo mar azul turquesa e pelas praias de areia, que não são tão comuns assim na Europa e que costumam ficar absolutamente lotadas no verão. Mas não na Albânia, que pouca gente sabe apontar no mapa.

O Kosovo entrou por tabela. Quando estive na Sérvia, optei por seguir viagem por Sarajevo, na Bósnia (uma ótima decisão, aliás, já que o visto do Kosovo não é reconhecido pela Sérvia, o que poderia me trazer problemas caso voltasse ao país). Como o povo do Kosovo é de origem albanesa, acabou dando tudo certo.

Pristina, a capital do Kosovo, não tem lá muito a oferecer, tirando a simpatia do povo. Decido, então, ir para Prizren ver de perto a influência do Império Otomano, muito forte naquela região. E encontro um centrinho que poderia estar em Sarajevo. Ou Istambul.

Na madrugada seguinte, fui “escoltada” por uns seis cachorros até a rodoviária, para o que seriam 5h de viagem até Tirana, a capital da Albânia. Mas acabaram sendo quase sete.

Tirana tem uma energia especial. Está tentando ser mais atrativa para os turistas, já que se tornou capital apenas por ser longe do mar e, portanto, mais segura. Segura para quê? Ora, o líder Enver Hoxha, morto nos anos 1980, tinha tanta certeza que seu país seria invadido por representar o comunismo verdadeiro que chegou a construir 173 mil bunkers por todo o território. Eles acabaram não sendo usados durante seu governo, mas bem que Hoxha tentou colecionar inimigos: rompeu com a URSS depois da morte de Stálin porque achava o governo soviético pouco socialista. E anos depois fez o mesmo com a China. Isso, ainda nos anos 1970.

Não é à toa, portanto, que mesmo os europeus ficam com um pé atrás com a Albânia. Ainda bem, pois a estrutura de turismo no país ainda não condiz com sua beleza, então é melhor que as multidões prefiram as vizinhas Croácia ou Grécia. Depois de passar pela colorida Tirana – novidade trazida pelo prefeito, que é artista plástico – encarei mais de 6h, de novo, de ônibus até Himarë. Quem tiver a curiosidade, dá uma olhada no mapa: não é tão longe assim, mas as estradas…

Estava, finalmente, no litoral. Mas ainda assim não é fácil chegar nas melhores praias, e essa foi a melhor parte da viagem: ir descobrindo-as aos poucos por meio de trilhas é sempre mais divertido. E pedir carona na beira da estrada na Albânia, um clássico.

Mas na região de Himarë ainda havia algumas praias com pedra. Peguei uma carona até o sul onde a promessa era de areia. De fato, ela estava lá, a água tinha uma cor maravilhosa em Ksamil. Mas muita gente teve a mesma ideia que eu! 

Curiosamente, não eram muitos os turistas estrangeiros. A enorme maioria era de albaneses, que não têm dinheiro sobrando para ir para os países fronteiriços, bem mais caros, e também não precisam: as praias de lá são belíssimas, embora pequenas. Foi em Ksamil, contudo, que vi provavelmente o pôr do sol mais bonito da minha vida.

Outro grupo numeroso é o de italianos, já que é possível ir para a Albânia inclusive de balsa. E eles têm outra vantagem: se você estava se perguntando que língua se fala na albânia, a oficial é o albanês mesmo, que não tem relação com as demais por ser uma língua indo-europeia, muito mais antiga que as outras. Mas o fato da TV e do rádio italianos conseguirem ser sintonizados facilmente acabou sendo a janela dos albaneses para o mundão aí fora, e para a língua italiana.

Tropeçando em bunkers por todo o lado – muitos continuam de pé, ou quase de pé – voltei a Londres num voo que durou umas 3h, mas que parecia vindo de outro continente.

1 Comment

  1. Tem uns trechos de serra para Himarë. Local literalmente encravado!!


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