Para ficar nos últimos 20 anos: ele foi peça central na transformação da Ferrari em uma máquina de vitórias, fazendo grandes carros, recuperando-se no meio da temporada quando não começava muito bem, reinando nas estratégias. Com 11 campeonatos em seis anos, tornou-se o time mais vencedor da história da F1.
Foi pescar, tirou um sabático. Voltou como diretor-técnico da Honda e liderou o time que descobriu a brecha no regulamento de 2009. Chegou a questionar sobre isso em uma reunião, ninguém deu muita bola. Nem a Honda, aparentemente. Os japoneses não quiseram esperar e perderam a chance de serem campeões, já que a brecha era o difusor duplo, que praticamente recuperava os 60% de downforce que deveriam ser perdidos em 2009 para aumentar o número de ultrapassagens.
Além de campeão, ele ficou ainda mais milionário: pouca gente lembra que, além de assumir a equipe de Brackley pelo valor simbólico de um dólar, entrou em acordo para fazer a Honda arcar com os custos operacionais em 2009. E usou motor Mercedes de graça; Ao final do ano, vendeu o time campeão do mundo para os alemães. E ficou na chefia!
Fazendo um parênteses na história, é forçar um pouco, eu sei, mas dá para jogar na conta dele o DRS, para quem não gosta. Ele se fez necessário em 2011 porque tudo o que tinha sido feito para 2009 em termos de diminuição da turbulência dos carros fora jogado no lixo, em decorrência do difusor duplo. Sei que a Brawn não foi a única equipe que o explorou, e no final das contas cabia à FIA ter agido de forma menos política e mais técnica. De qualquer maneira, a ideia aqui não é culpar ninguém, só observar uma linha de acontecimentos interessante, então seguimos adiante.
Na Mercedes, ele foi peça central na transformação da Mercedes em uma máquina de vitórias, fazendo grandes carros, recuperando-se no meio da temporada quando não começava muito bem, reinando nas estratégias. Com 12 campeonatos em seis anos, tornou-se o time mais vencedor da história da F1. Mais ainda que aquela Ferrari.
Esse cara, obviamente, é Ross Brawn.
Percebam que ele é o nome que se repete por trás das grandes reclamações que volta e meia aparecem por aí sobre o fato da F1 ter passado de uma dinastia para a outra nos últimos 20 anos. Em duas delas, na Ferrari e na Mercedes, ele teve participação direta. Nos quatro títulos da Red Bull, foi a avenida aberta por ele na exploração do difusor que permitiu que uma equipe do meio do pelotão conquistasse quatro títulos seguidos. Ou seja, foi Brawn que tomou as melhores decisões, que viu as melhores oportunidades.
E talvez essa seja a melhor notícia dessa F1 tão cheia de negatividade (assim como o mundo, obviamente) em tempos de pandemia. Muitas mudanças estão acontecendo para que a categoria e suas equipes sigam existindo na era pós-covid. E agora Brawn está do outro lado. Sua equipe, agora, é o próprio esporte.
3 Comments
In Brawn we trust
Que texto, hein menina?!
Parabéns mais uma vez!!
In Ju we trust!
Com os regulamentos cada vez mais apertados, começa a ser muito difícil acontecerem situações como essa da Brawn GP. Os projectistas agora não têm muito para onde possam explorar porque as regras não deixam e cada vez mais temos uma F1 que mais parece o WEC, com motores, caixas de velocidades a terem que durar um monte de corridas. Longe vão os tempos onde em cada fim de semana, cada equipa tinha uns quantos motores, desde qualificação a corrida, assim como os pneus.
Por isso é sempre de saudar quando aparece alguém como o Ross Brawn, alguém com ideias inovadores, à imagem do que foi o Colin Chapman. São esses homens que fazem que a F1 seja o ponto máximo do desporto automóvel, desde que não lhes cortem as pernas.
Cumprimentos
visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/