Nada de Ron Dennis, Jean Todt ou Flavio Briatore. Em época de queda nos recordes de precocidade – Vettel quebrou o de pole e vencedor mais jovem em 2008 e o de campeão neste ano, enquanto Alguersuari se tornou o estreante mais novo em 2009 –, a juventude e a renovação não são apenas marcas da turma de dentro da pista.
Em 2010, três jovens team principals curiosamente brigaram por seu primeiro título no mundial de pilotos. Martin Whitmarsh e Stefano Domenicali ainda tinham papel secundário na McLaren e na Ferrari, respectivamente, quando Hamilton e Raikkonen foram campeões, enquanto Christian Horner, da Red Bull, disputou – um pouco de longe, é verdade – com a Brawn ano passado.
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Estão longe de ser inexperientes. O engenheiro mecânico de 52 anos Whitmarsh chegou à McLaren em 1989, vindo da indústria aeroespacial. Porém, na F1, sempre atuou em cargos mais administrativos, mas que requerem conhecimento técnico. Tornou-se o nº 2 da equipe em 1997 e assumiu o cargo de Ron Dennis 12 anos depois. Chegou a colocar o cargo à disposição após o escândalo da mentira no GP da Austrália de 2009, sua 1ª corrida como team principal, porém, sua atuação política agradou os acionistas, que o mantiveram à frente do time.
Hoje também presidente da FOTA (Associação das Equipes de F1), tem um papel fundamental nas intermediações das relações entre times, FIA e FOM (de Ecclestone), adotando um tom conciliador que manteve as já quentes discussões acerca de um novo Pacto da Concórdia fora de polêmicas na mídia, ao contrário do que ocorreu ano passado.
Uma de suas grandes alianças políticas é com Stefano Domenicali, deixando para trás o passado conturbado entre seus antecessores, Dennis e Todt. O italiano de 45 anos tem formação voltada à administração e chegou à Ferrari em 1991, sendo alçado à Scuderia 2 anos depois. Atuou em diversas áreas relacionadas a marketing e RH. Assim como o colega inglês, tornou-se primeiro team manager (em 98), diretor esportivo em 2003 e, finalmente, team principal 5 anos depois.
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A liderança de Domenicali se dá pelo pragmatismo e pela concepção de que a Ferrari deve estar sempre acima de tudo, até da própria F1. Mas ele o faz de forma suave, muitas vezes confundida com submissão.
De suave seu colega da Red Bull não tem nada. O mais jovem de todos, com 37 anos recém completados, Christian Horner é um ex-piloto, de relativo sucesso. Desistiu da carreira quando estava na F3000 e fundou seu time, a Arden, que dominou a categoria em seus últimos anos de existência. O caráter mais solto e brincalhão, a juventude e a experiência como chefe de equipe o fizeram ser escolhido para dirigir o projeto da Red Bull na F1, desde seu início, em 2005.
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Seguindo fielmente a linha da empresa, Horner sempre aparece como a voz dissonante entre os team principals, dizendo o que o público espera ouvir. Também já fez o que não se esperava de nenhum chefão na F1, como pular numa piscina vestindo apenas uma capa de super-homem em Mônaco. Mas, dentro da equipe, tem a complicada missão de tornar uma marca tão pautada pelo diferente viável na engessada F1.
Quem quiser saber mais sobre os meandros políticos desses 3 personagens, recomendo a leitura de James Allen.
Não é um trabalho para qualquer um. O team principal é aquele sobre quem recai a responsabilidade final de todas as decisões, técnicas, desportivas e administrativas de uma equipe. Ele é bem assessorado, claro, mas é quem bate o martelo. É, também, o porta-voz da equipe perante a mídia e os acionistas. No seu dia-a-dia, além de dar atenção para patrocinadores e VIPs, tem que ter conhecimento de tudo o que acontece na equipe, motivar e focar os funcionários e, como se tudo isso já não fosse o bastante, controlar os egos dos pilotos.
Para ilustrar, deixo aqui um vídeo que já postei, mas que vale o repeteco, sobre um dia num final de corrida de Christian Horner. É da BBC.
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19 Comments
Não podemos esquecer da turminha com cabeça de negócios q chegou, como o Tony Fernandes, o Gerard Lopez e como eu achei q seria o Richard Branson, só q ele não se envolveu muito. A nova geração está aí para ficar.
Bem lembrado! E esse modelo de gestão da Renault de parcerias que envolvem outras marcas do grupo, ao invés de simples patrocínios, promete.
O que acho curioso é que enquanto os Pilotos são mais agressivos e menos “Gentleman” em pista os Chefes de Equipe são mais da linha Soft..dando razão ao Pedopsiquiatra Francês que Pais Autoritários dão filhos Democratas e Pais Liberais dão Filhos Tiranos..Para ser entendido cum grannu salis..
Bacci
Ju aligeira o ritmo…para intensificar a discussão..Por aqui alguém tem ideia se o Pat Fry é bom mesmo para além de ter feito o McLaren Mp4-22 de 2007..e essa curiosidade quase Genial de uma equipa de ENGºs fazer ano par e outra ano ímpar da equipe de Woking..que permitia uma ano inteiro de estudo-projecto e desenvolvimento de bólido..
Bom, mas a equipe do Fry também fez o carro de 2009… veremos o que ele faz esse ano na Ferrari – se bem que, coincidentemente ou não, o time italiano melhorou depois da chegada dele.
Ju
Carro de 2009 não admite comparação..esse Campeonato tinha de ser corrido, carros com duplodifusor e carro sem duplodifusor com Pontuação aparte e Títulos diferenciados…Acha mesmo que a Ferrari melhorou por causa dele? Se assim fosse era “esperançador” para os Ferraristas..
Bacci
Parabéns pelo Blog, é diferente de tudo que temos aqui no Brasil. Abre uma nova perspectiva para acompanhar a F1.
E estou achando, pelos videos postados em outros textos, as matérias da BBC sensacionais. Mostrando o padock e as entranhas das equipes.
Continue assim. Já virou um dos meu blogs diários onde vou em busca de novas informações.
renovação, conhecimento e sucesso! os degraus são galgados! Ju, olhar diferenciado e diferente sobre os meandros da f1! essa nova geração, tanto pilotos quanto dirigentes, estão dando uma arejada no ambiente! vemos que a renovação pode mudar conceitos e fazer evoluir! apreciava briatore por sua vibração e gesticulação mas, quando estourou o caso cingapura gate, perdi o respeito por este talentoso senhor! esta nova safra compõe-se de técnicos com alto grau de conhecimento! como não se lembrar do nó tático que horner e sua equipe deram na ferrari!!!???? e olha que torço por alonso mas, reconheço, foram GÊNIAIS!!! podemos ver, que quando um piloto ganha na pista, com certeza estava bem acessorado! Ju, pensando bem, por quê você não PRESTA ACESSORIA para a globo, mostrando como fazer uma transmissão imparcial e informativa? garanto que a qualidade subiria! vou querer meus honorários?
aí se não mudar do dia pra noite já vai ter quem diga que eu me corrompi pelo sistema… rsrs
Parabéns pelo o trabalho.
Os chefes podem até mudar, mas a cultura da equipe permanece basicamente a mesma em muitos casos. Por exemplo, a Ferrari tentou algo mais justo e democrático com a partida do Schumacher. Kimi e Massa tiveram o mesmo tratamento, mas as derrotas em 2008 e 2009 foram demais e a chegada do Alonso é, também, o retorno a filosofia da era Schumacher-Todt-Brawn.
A McLaren se tornou mais amigável e humana com Whitmarsh, mas ela continua british-to-the-bone em seu modo de ser. Quem mais teria a dupla Hamilton-Button após implodir duas vezes com Senna-Prost e Hamilton-Alonso? Talvez a Williams, se ela tivesse como atrair e bancar piltos desse calibre.
Pode ser só uma impressão, mas acredito que a Ferrari só tenha mudado nos anos de Kimi porque ele não tinha o perfil de líder que eles esperavam que tivesse. Acho que foi mais uma reação. Desde que Montezemolo assumiu, lá nos anos de Lauda, a Ferrari sempre foi assim.
É interessante a maneira do Whitmarsh se distanciar do Dennis, ao mesmo tempo que mantém o que funciona. Se bem que não vejo muitos paralelos entre Senna/Prost, Hamiton/Alonso com essa dupla atual. O Button não é de comprar briga, não é daqueles que flertam com o limite do aceitável para vencer. Acho que é o companheiro perfeito para o Hamilton.
SennaStirling,
O erro do carro de 2009 foi muito maior que a não adoção do difusor duplo. O projeto fazia ar quente ir em direção do carro, e não para fora.
Seria especulação falar que a chegada do Fry foi decisiva ou não para a Ferrari. Prefiro aguardar cenas dos próximos capítulos.
Érico
O que se passa é que Button é o último mitigado mas o último “gentleman” da F1, que outro Campeão do Mundo em Título não diria palavra quando estava à frente do seu colega de Equipe no Campeonato e seu Motor “estouira” por se esqueceram de retirar protecção de entrada de ar MonteCarlo 2010..E aaqulas o carro está estranho e ficava a quase 1s do companheiro de equipe..
Abraço
E aquelas declarações “o carro está estranho” e…
Error
Acabei de conhecer o blog e já no primeiro texto fico irritado, para que diabos dos infernos usar a expressão team principals, mas que coisa mais cafona, parece aqueles brasileiros que moram nos EUA ou Canadá, quando conversam conosco sempre soltando um OH YEAH MAN, SHORE, BUT, entre dezenas de milhares de pequenas frases em inglês no meio do português.
Serve para que isso??? Para dizer que é intelectual e sabe falar em inglês???
Adeus… mesmo for this team blog principals mega power.
Não sabia que falar inglês era sinônimo de intelectualidade. Português é tão mais complicado! Só acho que team principal é mais auto-explicativo.
Adeus e boa viagem de regresso..Auf wiedersehen..
VOU PLAGIAR MEU ÍDOLO ALONSO: – THIS IS RIDICULOUS! SHUT UP! TU JÁ VISTE UMA CORRIDA DE F1?
Bem Meu Caro Elizandro…
O Imperador Carlos V costumava dizer que falava em Francês com os Diplomatas em Espanhol com Deus em Italiano para as Mulheres e Alemão para o seu Cavalo..esse não era cafona era mesmo caipira..e se acrescentar Português..