F1 Erros e acertos dos tempos prateados da McLaren - Julianne Cerasoli Skip to content

Erros e acertos dos tempos prateados da McLaren

Mais um capítulo do Especial Ron Dennis, em parceria com o Café com F1.

Depois da perda dos motores Honda no ano de 1992, a McLaren “surfou” com algumas montadoras até fechar o acordo com a Mercedes em 1995. Era o fim do layout branco e vermelho, devido ao patrocínio da Malboro e a volta das flexas de prata às pistas.

Dennis trocou o vermelho e branco pelo prateado nos anos 1990

Mas no início a parceria não gerou muito resultado. De 95 a 97, não passaram da 4ª colocação no mundial de construtores. Com a dupla formada pelo finlandês Mika Häkkinen e o escocês David Couthard, a temporada de 98 começou diferente para a equipe. Ron Dennis, sempre buscando o melhor, tirou Adrian Newey da Williams. Ele fez jus à fama de grande projetista. O MP4/13 levou a equipe ao 1º título de pilotos em 7 anos, e também foram campeões de construtores.

Mas essa nova era vencedora ganhou contornos diferentes dos anos 1980. Tendo Häkkinen, quem bancou desde muito jovem, ainda na época de Senna, como um dos pilotos, abandonou o conceito de igualdade e passou a usar claramente o jogo de equipe, numa época em que os escudeiros tinham papel fundamental na disputa.

Assim como com Senna e Hamilton, eram as vitórias de Häkkinen as mais comemoradas por Dennis

Porém, no ano seguinte, a Ferrari já vinha mais forte, empurrada pelo “dream team” formado por Michael Schumacher, Ross Brawn e Rory Byrne, que começava a dar frutos em sua 3ª temporada. A McLaren, então, contou com a sorte. O alemão sofreu um grave acidente no GP da Inglaterra, o que o tirou da briga pelo campeonato, deixando as portas abertas para mais uma conquista de Mika Häkkinen. No entanto, nos construtores, o título ficou com a equipe italiana.

Nessa época, no entanto, todo esforço pela igualdade de tratamento propagandeada nos anos 1980 foi deixada de lado em favor de Häkkinen, que fora bancado por Dennis desde garoto, quando estreou ainda ao lado de Senna. Eram tempos em que os escudeiros que tornaram fundamentais para o sucesso do finlandês e de Schumacher e o jogo de equipe era feito de maneira aberta.

Quando tudo apontava para o domínio das montadoras na F1, Dennis resistiu às tentativas de compra por parte da Mercedes

Era o início do domínio ferrarista e da queda inglesa. A McLaren viu rival italiana ganhar 5 títulos consecutivos e depois a Renault ser bicampeã. Ron Dennis novamente trocou os pilotos e manteve a fama de montar grandes duplas: Kimi Räikkonen e Juan Pablo Montoya. Mas o velho Ron já não tinha o mesmo pulso firme de outrora. Montoya acabou dando muito trabalho e saiu no meio da temporada de 2006. Em 2007 outros dois novos pilotos: Fernando Alonso e Lewis Hamilton e novamente Ron Dennis não obteve controle sobre os comandados e a dupla deixou escapar um título certo para a equipe, que veio em 2008 com Lewis Hamilton, que tinha como companheiro o jovem Heikki Kovalainen.

Unindo a ambição de ter controle total de uma equipe a uma série de escândalos e “bad press” por que a McLaren passou a partir de 2007, a Mercedes vendeu sua parte das ações  somente fornecerá motores até 2015, deixando para trás a relação mais íntima, que resultou, entre outras colaborações técnicas, no supercarro SLR McLaren. No último capítulo desta série vocês saberão mais sobre estes escândalos, que resultaram na saída de Ron Dennis do comando da equipe, pelo menos na frente da câmeras.

7 Comments

  1. nada como rever o passado! dois momentos do post, Ju, me chamaram a atenção: -1º acho que o mais importante, foi a negativa de dennis em vender a mclaren para a mercedes, pois por mais que pareça uma medida apenas egocêntrica, deixou de abrir precedentes para um controle total de montadoras, e descarecterizar um restante da f1 ainda romântica, representada pelas 3 grandes (ferrari, willians e mclaren). 2º não sei se procede minha dúvida, mas em vista da igualdade dos anos 80, pregada pela equipe, e vendo o jogo aberto dos anos 90, com a participação importante dos escudeiros, veio a idéia da “volta do reabastecimento”, ter contribuido para estes jogos abertos, na medida em que as possibilidades de vencer vindo de trás, ficaram mais difíceis, somados à influência maior das táticas para o desenrolar das corridas! portanto, seria preferível apostar em um, na medida que o escudeiro trabalharia para atrapalhar os rivais! não sei se estou delirando, mas o quê você acha deste devaneio?

    • Não ter dado a maioria das ações à Mercedes foi um grande acerto, talvez o maior da carreira de Dennis. Montadoras (a não ser a Ferrari, que é um caso especial) vêm e vão.
      Sobre o jogo de equipe, é interessante esse ponto que você levantou. Mas temos que lembrar que a atitude da McLaren no final dos anos 80 possivelmente fora motivada pelo fato deles serem tão dominantes que não corriam o risco de perder nenhum dos mundiais ao liberar a disputa. No final dos 90, contra a Ferrari, a barbada não era tanta (tirando 98, quando, inclusive, eles fizeram jogo de equipe na 1ª prova do ano e foram duramente criticados – e para isso não tenho qualquer explicação… hehe). A F1 viu muito jogo de equipe na sua história, independente do regulamento – e sobre isso recomendo os posts que o Renan tem feito no Por Fora dos Boxes (aquela foto do Villeneuve que tá na capa me dá arrepio!!).

      • realmente é uma foto fúnebre, assim como aquela meditação diferenciada de senna em 94! villeneuve é um caso a parte na história da f1! fazendo um paralelo,o voo de mark webber, este ano, tem seu momento de semelhança com o acidente fatal de gilles! por sorte, os carros hoje são magníficos! se não me engano, em 1979, villeneuve, deixou de ser campeão para sheckter, por ter dado sua palavra a enzo ferrari! realmente, gilles era um homem de palavra!

        • sim, deixou de ser campeão por respeito ao jogo de equipe…

      • Ju, aproveitando o gancho do seu comentário sobre villeneuve, me veio à memória,um fato que aproxima este caso à senna e prost. no caso das desavenças entre pironi e villeneuve, vimos que a disputa feroz, causou a quebra da cordialidade, e consequentemente a perda do relacionamento profissional! o acidente fatal, acasionado pela disputa em pista, foi o fim para um e o pesadelo para outro. no caso senna e prost, mesmo com as rusgas, havia comunicação. com a aposentadoria do professor, senna herdou dificuldades dentro do cockpit da willians, como o caso da emenda da barra de direção, que seria o início da fatalidade. os destinos se cruzaram mesmo que indiretamente. prost disse que chegou a conversar com senna na noite anterior ao acidente, não levando para a eternidade a disputa! são casos pitorescos, que mesmo separados por muitos anos, não deixam de ter suas semelhanças.

        • Interessante a analogia. A rivalidade leva à quebra de limites, o que aumenta o risco de erros de avaliação de equipe/piloto, mas também tira o máximo dos envolvidos. Ali, Senna e a Williams tentavam de tudo para chegar em Schumacher, mas Ayrton também deveria querer fazer como o rival: chegar e ganhar.

  2. O Ron Dennis está ficando velho como o Steve Jobs.

    Sua fase criativa já passou a anos, mas ainda buscam um certo respeito.

    São raposas que deviam encontrar um abrigo mais seguro. São ases reformados…


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