Entre uma temporada e outra, gosto de abrir o espaço do blog para vocês, os fãs, publicarem seus textos. Cada um pode trazer um pouquinho do que conhece ou sente, e por isso que essa experiência tem valido muito a pena. E é o que vocês vão perceber nos 10 textos ou vídeos selecionados nesta nova temporada do Blog Takeover.
Por Kelly Morais
Nasci na cidade de Senador Canedo – GO, na região metropolitana da Capital Goiânia. Hoje sem dúvidas é uma bela cidade com inúmeros atrativos, mas nem sempre foi assim.
Na minha infância as ruas não eram pavimentadas e formavam grandes crateras, onde eu e meus amigos brincávamos dentro por horas a fio. E a nossa brincadeira preferida era corridas de fórmula 1.
Confesso que eu influenciava meus amigos, pois eu tinha dentro da minha casa um apaixonado por velocidade, meu pai. Ele trabalhava muito, trabalhava como policial militar durante a noite e feirante durante o dia aos finais de semana. Á época que nasci e cresci o salário de um policial mal custeava o leite dos filhos.
Eu mal via meu pai, mas ele me contava como Ayrton Senna era fantástico, sua genialidade e sua capacidade de unir a todos em uma só voz Olé Olé Olé Olá ….Senna…. Senna. Essa paixão foi me unindo ao meu pai, era eletrizante acompanhar as corridas no domingo, escutar o Galvão Bueno traduzindo os áudios juntos aos comentaristas, torcer pelo Rubinho, imaginar que tudo poderia acontecer à 300 km por hora.
Meus primeiros heróis não usavam capa, armadura ou escudos, eles usavam macacão e capacete e eles tinham o poder de parar o tempo para que eu e meu pai ficássemos juntos. Acompanhar o campeonato era mais que um hobby, é amor.
Aqui os outros textos escritos por fãs no Blog Takeover
Em 2008, nosso querido Felipe Massa disputando ponto a ponto com Lewis Hamilton, não tinha um final de semana que eu não estivesse junto a tela, imaginando está lá, viver aquela emoção, ajudar onde eu pudesse. Minha mente de criança me levava a imaginar as melhores estratégias, a discutir com a Ferrari e a torcer muito para que erros bobos ocorresse na McLaren naquele momento.
A Fórmula 1 me deu de presente sonhos e força para continuar, eu vi Vettel ascender com a RBR, vi Hamilton se tornar uma lenda e carregar a minha bandeira com o grande Senna, eu ri com Ricciardo, e chorei com Massa. Em uma corrida já fiquei tão irritada quanto Max Verstappen e aplaudi de pé o que ele conseguiu fazer, já vi corridas malucas e vi milagres como Grosjean saindo em meio as chamas. Estive presente quando lendas nos deixaram como Niki Lauda e aprendi muitos valores com os meus heróis de macacão.
Esse esporte me salvou várias vezes e de diversas maneiras, me deu forças para superar perdas pessoais e me levantou quando cai, só de poder imaginar que um dia eu estarei lá, de alguma forma eu estarei lá com todos eles. E um dos momentos mais marcantes da minha história com a Fórmula 1, foi que quando eu estava na faculdade, naquele período bem complicado onde não sabemos se comemos ou se compramos a xerox. Eu saia no intervalo e economizava cada centavo que podia para ir até a banca de jornal e comprar as peças para montar minha miniatura da Mclaren MP4 de 1988 do Ayrton Senna.
Ao fazer isso, uma garota de 18 anos, o senhor da banca me perguntava, como você pode amar tanto o Senna, sendo que você nem o conheceu? E eu sempre respondia da mesma forma almas perfumadas por gasolina e coração de motor se reconhecem mesmo nunca tendo se visto. E ele sempre ria e sempre guardava as peças para ninguém comprar até que eu juntasse o dinheiro para buscá-la.
A Fórmula 1 me fez experimentar um carinho que eu jamais pensei que receberia na vida, eu recebi uma carta de um fã de fórmula 1, um fã que pôde ver o Senna, mas principalmente um fã que sequer me viu, mas soube da existência de uma garota na PUC-GO apaixonada por velocidade e me fortaleceu um sonho, um dia pisarei em Interlagos, por mim, por meu pai, pelo senhor da banca de jornal, pelo fã da carta e por tudo que a Fórmula 1 me deu.
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