Peço desculpas aos leitores fiéis do Faster, mas a blogueira que sequer descansou no Ano Novo decidiu tirar uns dias para recarregar as baterias e começar com tudo a temporada. Deixo vocês com dois temas polêmicos sobre os quais escrevi no PodiumGP nos últimos dias:
A Fórmula 1 é espetáculo ou esporte?
“Não é de hoje que o esporte em geral, não apenas a Fórmula 1, flutua entre o profissionalismo e o entretenimento. Ser um esportista não é a mesma coisa que trabalhar das 9 às 18h num estabelecimento qualquer e o fato da grande maioria dos eventos serem realizados aos finais de semana é prova disso.
A competição em si não depende do público, mas toda a estrutura para que ela aconteça, sim. Por isso, não é de se estranhar que as pessoas que regem – e faturam com – o esporte tenham a necessidade de fazer de um produto esportivo um espetáculo.
Isso não é de hoje. Ao final do campeonato de 1988, em que sua McLaren deixou de vencer apenas um GP, Ron Dennis recebeu uma ligação do presidente da Phillip Morris, sua patrocinadora, pedindo que maneirasse no ritmo e começasse a perder às vezes, pois o domínio era ruim para a competição.
O problema é que esporte e show têm objetivos conflitantes. Ao invés do “que vença o melhor”, a mentalidade do espetáculo gera a necessidade de criar emoção onde não há, alternativas onde a realidade é pragmática. Enquanto na primeira situação o melhor vence, na segunda, é a disputa que tem que prevalecer. Quando não é encontrado um meio termo, o esporte desvirtua o show, e o show desvirtua o esporte.
É o que vem acontecendo com a F-1 nos últimos anos. Após o domínio absoluto de Schumacher e da Ferrari, a categoria sentiu a necessidade de se recriar. E tem feito isso sucessivamente.”
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A volta de Schumacher mancha o mito Schumacher?
“Michael Schumacher é o homem que levou ao limite todos os aspectos em que poderia ter alguma influência como piloto. O preparo físico, a interação com os engenheiros, a liderança dentro da equipe e a maximização do uso de todos os dispositivos disponíveis no cockpit, como o equilíbrio de freio, chegando ao perfeccionismo de treinar entradas de box para ver até onde poderia acelerar antes da linha que limita a velocidade no pitlane. O alemão nos deu incontáveis aulas de como a Fórmula 1 pode ser quase uma ciência exata.
Mas nem tudo foram flores em sua carreira. Quando se sentiu pressionado, quando as coisas não saíram exatamente como planejado, Schumacher frequentemente mostrou até onde era capaz de ir para atingir seus objetivos. Foi assim quando jogou o carro em cima de Damon Hill e Jacques Villeneuve nas decisões de título de 1994 e 1997, respectivamente, e quando decidiu estacionar o carro em plena Rascasse na classificação para o GP de Mônaco em 2006, por exemplo.
“Voltar provavelmente foi mais difícil que Michael imaginou que seria. Ele já não tem mais 24 anos e está lutando contra pilotos jovens e ambiciosos, que querem deixar sua marca no esporte”.
Ross Brawn, em julho de 2010.
Perder nunca foi – e nem poderia ser – o forte do piloto mais vitorioso da história da categoria, chegando ao degrau mais alto do pódio por 91 vezes. Aquele que, ainda garoto e inconstante, já incomodava os grandes Prost e Senna com sua Benetton amarela; aquele que cometeu o que descreveu mais tarde como a maior loucura da vida ao ir para uma Ferrari bagunçada em 1996, trabalhou duro por 5 anos para moldar a Scuderia à sua feição e começou a história mais vencedora que já se viu na F1, com 5 títulos seguidos; aquele que detém a grande maioria dos recordes no esporte: foram 72 triunfos apenas como piloto Ferrari, 68 pole positions, 76 voltas mais rápidas, entre muitos outros.”
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7 Comments
Esses caras devem competir até mesmo nos sonhos. Um dos fatos mais recentes que consigo me lembrar dessa competitividade extrema, foi em 1988. Como vc bem disse, a Mclaren dominava e como não se lembrar de Senna em Mônaco, tentando dar uma volta no seu único concorrente direto ao título, com quase uma volta de diferença? Quando abaixam a viseira, o sentimento é um só, ser o melhor! Dane-se patrocinadores e opinião pública. Shumi não tem nada a provar, mas no seu interior, mora a fera devoradora de marcas, mesmo que o corpo não responda com a mesma precisão.
Eu acredito que esse ano Schumacher vencerá Rosberg na briga interna, só resta saber se o carro brigará por vitórias.
Opa! Com certeza, vc merece um descanso!
Sou um de seus “fiéis” leitores e, assim como todos, não vejo a hora de o campeonato começar!
Abraço!
Antes de mais nada F1 é um espetáculo televisivo.
Começou com o um esporte mas hoje é feito pra quem está assistindo em casa e não pra quem está no autódromo.
Mesmo dentro desse propósito ela tem errado com frequencia ao afugentar o espectador com regulamentos confusos e que mudam a todo ano, decisões feitas nos tribunais e não nas pistas, provas maçantes, tediosas e toda a sorte de picaretagens que estamos acostumados a ver ao longo dos últimos anos.
Sem contar que é uma atividade extremamente poluente e por isso coleciona mais e mais detratores a cada ano.
Quanto a Schumacher, assim que a Mercedes lhe der um carro competitivo ele voltará a vencer e todos nós esqueceremos esse recomeço difícil pelo qual ele passa.
Ainda que isso não aconteça sua imagem será para sempre lembrada como o maior piloto de todos os tempos. Nada poderá apagar isso.
Eu não sou fã do piloto alemão mas na F1 os resultados é que realmente contam. E nos livros todos os recordes pertencem a ele.
Com certeza a F1 é um espetáculo que tem por trás o interesse de atrair a atenção dos espectadores, pois quem paga o show são os patrocinadores das equipes, os anunciantes dos autódromos e das transmissões de televisão.
As próprias decisões da FIA são politicamente tendenciosas tendo sempre o interesse de postergar ao máximo a decisão do campeonato, de preferência até a última prova.
Aconteceu com o Schumi, quando ele ganhava tudo e mudaram a pontuação pela vitória, apenas para dificultar que ele conquistasse o campeonato com antecipação. Ou mesmo na decisão sobre validade do uso do difusor duplo em 2009, claramente contra o regulamento original, mas que foi liberado, pois houve uma alteração no equilíbrio de forças o que aumentou em muito o interesse pela F1 naquele ano. Antes ainda, na proibição do amortecedor de massa da Renault de Alonso, quando ele tinha um carro imbatível… E por aí vai.
Mesmo as declarações do Bernie são apenas para chamar a atenção e ganhar espaço na mídia.
Afinal, por quê motivo todo ano temos uma novidade como KERS, asa traseira móvel, pneu com sulcos, pneu com alta degradação? Apenas para atrair a atenção do público e propiciar retorno de divulgação aos patrocinadores.
A F1 é um espetáculo movido a muitos dólares e se o show não for interessante, eles vão para outra praia.
A F1 tem seu lado esporte, seu lado espetáculo, mas acima de tudo tem o aspecto financeiro, e já faz tempo que a categoria tem mais privilegiado o dinheiro. Porém, é necessário que a emoção da categoria retorne de modo que combine ambas. Para a F1 ser legal precisa ter esporte e espetáculo caminhando lado-a-lado. Sem isso, só fica o vil metal no bolso dos organizadores…
Quanto ao Schumacher, creio que está mais adaptado ao carro, e tem se entendido melhor com os Pirelli que seu companheiro. Pelo menos um pódio deve beliscar, embora seja pouco para o heptacampeão, que tem chance de levar mais coisas neste ano.
Lendo esse texto eu refleti sobre o seguinte: Sendo eu o dono de uma equipe que estivesse totalmente em baixa sem titulos a mais de 10 anos e tivesse um funcionário que tivesse sacrificado anos de sua carreira so pra levantar o time, que tipo de chefe seria eu se não desse a este funcionario os privilegios que ele me pedisse depois ou até mesmo durante o processo de levante da equipe?
Eu só deixaria as cartas na mesa desde o começo de conversa com o outro piloto, o segundo, e não faria nada ridiculo como a ferrari fez algumas vezes, estilo carro esquecido num cavalete na largada de um GP, o fim não justificam os meios..mas a atitude de dar privilegios ao schumacher nao eh totalmente errada, errado eh tentar esconder isso e fazer idiotices.