F1 10 candidatos ao título que ninguém lembra - Cerasoli Skip to content

Blog Takeover: 10 candidatos ao título que ninguém lembra

Essa é uma abordagem que eu nunca tinha visto: falar sobre pilotos que despontaram como possíveis postulantes ao título (alguns deles indo até o final), mas que não ficaram exatamente com os nomes gravados na história. Eu gosto quando alguém se propõe a fazer uma lista difícil, e essa é uma delas. Fiquem à vontade para relembrar, concordar e discordar da lista do Lucas. Afinal, listas são para isso mesmo!

Por Lucas Palma Mistrello (Lucas escreve resenhas literárias e de TV aqui)

No início do GP de Mônaco deste ano, o campeonato, mesmo nunca deixando de ser liderado por Max Verstappen, parecia que poderia ter mais tempero. Sergio Perez havia vencido 2 das 5 corridas, e perseguia de perto o atual campeão, com apenas 14 pontos atrás na tabela. Além disso, na corrida anterior no principado, a vitória do mexicano também o colocou em alta e fez seu nome ser cogitado – ainda que sendo necessária muita boa vontade – como um dos postulantes ao título do ano passado. 

Como bem sabemos, praticamente não houve disputa do caneco em 2023; Arábia Saudita e Azerbaijão foram as únicas vitórias de Perez no ano e Verstappen teve o caminho mais livre, de todos os tempos na categoria, aliás, para conquistar seu título. 

Entretanto, por algumas semanas seu companheiro foi considerado um dos candidatos ao campeonato; e por isso vamos aproveitar para elencar alguns outros postulantes à maior glória do automobilismo mundial que você talvez não se lembre. Excluindo aqueles que foram em algum momento campeões ou vices. Começando dos mais recentes aos mais antigos.

Mark Webber (2010)

Lembrada muito mais pela tragédia de Fernando Alonso, preso atrás da Renault de Vitaly Petrov por praticamente toda a prova, a decisão daquele ano em Abu Dhabi, conquistada por Vettel, tinha um terceiro concorrente – que, aliás, chegou aos Emirado Árabes na segunda colocação do campeonato, atrás do espanhol e a frente do colega alemão: o australiano Mark Webber.

Mais outra vítima do contestado traçado original de Yas Marina, fez sua parada um pouco antes, todavia, acabou ficando preso no mesmo trenzinho, e atrás, justamente, de Fernando Alonso e terminou na terceira colocação da tabela. Entrou para a história como o segundo piloto da era Vettel, mas essa marca não é justa, pelo menos para 2010. Naquele ano, ele liderou o campeonato em de 6 das 19 etapas e conquistou prestigiosas vitórias: Mônaco, Espanha, Reino Unido e Hungria. 

Protagonizado pelo marcante acidente na Turquia, quando Vettel foi afobado na ultrapassagem do companheiro e quase tirou os pilotos da equipe ao jogar o carro para a direita sem ter deixando Webber para trás totalmente, o relacionamento entre os dois pilotos da Red Bull sempre foi controverso e contou com um vencedor decisivo após a final de 2010.

Vettel já era o piloto favorito da equipe e os desenvolvimentos posteriores do time fizeram com que Vettel se tornasse um dos maiores de todos os tempos, enquanto a estrela de Webber minguou – ainda assim, em 2012, o australiano voltou a se credenciar ao título, conquistando duas vitórias na primeira metade do ano, quando estava na vice-liderança de Alonso.

Robert Kubica (2008)

Com uma das trajetórias mais trágicas da categoria, o polonês tinha um contrato acertado com a Ferrari e tudo indicava que ele seria um dos futuros campeões da F1; entretanto, um gravíssimo acidente de Rally em 2011 interrompeu sua carreira decisivamente para a categoria de monopostos. Ainda assim, ele foi considerado um concorrente ao título alguns anos antes, após chegar à liderança do campeonato na 7ª etapa.

Aquele GP do Canadá de 2008, lembrado pelo engavetamento gerado por um farol vermelho na saída do box, foi a única vitória do polonês e a única da Sauber (à época, BMW Sauber), com uma dobradinha ao lado do companheiro Nick Heidfeld. Este triunfo deixou o piloto na liderança e a equipe na vice-liderança com uma diferença de apenas 3 pontos – consolidando, ao menos parecia, a equipe suíço-alemã como a segunda força da temporada, atrás da Ferrari e a frente da McLaren.

O desfecho é conhecido: de olho na mudança de regulamento no ano seguinte, a BMW Sauber, uma das equipes mais promissoras da categoria, decidiu apostar tudo no futuro, nos novos componentes elétricos do motor – o KERS – abandonando 2008 para conquistar 2009. O resultado foi um fracasso, e a montadora alemã saiu da categoria após avaliar os negócios durante a crise econômica do período; enquanto isso, Kubica foi para a Renault até seu acidente de rally.

Giancarlo Fisichella e Jarno Trulli (2005)

Trulli já no fim da carreira, na Lotus/Caterham

Analistas mais atentos poderiam prever que a proibição de troca de pneus durante os pitstops para aquela temporada dariam larga vantagem aos usuários de Michelin. Mas ainda assim poucas vezes um início de campeonato foi tão emocionante quanto 2005; com as Ferrari mal conseguindo pontuar, tudo parecia possível naquelas primeiras etapas, sendo a primeira vitória a de Fisico pela Renault na Austrália, largando na pole e perdendo a liderança apenas durante suas paradas.

Um piloto muito mais experiente que o companheiro Alonso e com grandes exibições em equipes menores (em especial na própria equipe, ainda como Benetton); não eram raras as apostas nele como o principal nome da emergente Renault naquela temporada. 

Após aquela vitória, engatou numa maré de azar com 3 abandonos seguidos e viu o jovem espanhol do box ao lado conquistar 3 lugares mais altos do pódio, e nunca mais conseguiu recuperar a forma – visitando o pódio apenas mais duas vezes naquele ano, e ganhando apenas mais uma corrida na carreira, no ano seguinte, quando não conseguiu competir com as revigoradas Ferrari.

Quem perseguia de perto o futuro campeão foi, ironicamente, a outra ponta de um longevo “triângulo amoroso”: Jarno Trulli, demitido da Renault no ano anterior por Flávio Briatore – empresário dos três pilotos desta história. Agora pela promissora Toyota, ele subiu ao pódio por três vezes, sempre imediatamente atrás de Alonso e se segurou na vice-liderança até a 7ª etapa.

Com o forte e rico projeto da montadora japonesa, era um provável candidato ao título. Nem isso – e nem o projeto da Toyota, vale lembrar – se concretizou e ele foi engolido pelos demais rivais quando Ferrari, McLaren e Williams passaram a dominar as novas estratégias sem trocas de pneus.

Juan Pablo Montoya (2003)

Um dos poucos a fazer frente contra Schumacher em seu período de domínio, talvez a surpresa seja saber que ele não foi vice-campeão naquele ano – e sim Kimi Raikkonen, que liderou o campeonato por várias etapas. Seu período com a Williams motorizada pela BMW produziu os carros mais rápidos da história da F1 de então, com voltas de recorde que demoraram anos para cair.  

Em 2003, o ano começou devagar para o colombiano com uma pontuação que o afastou da briga, protagonizada pelo Raikkonen e Schumacher; mas após a vitória em Mônaco, uma sequência excelente para o conjunto da Williams, com novo chassi e pneus Michellin, rendeu 7 pódios seguidos com uma vitória na Alemanha (e duas outras vitórias para Ralf Schumacher, seu companheiro, que poderia ser elencado nesta lista também) e uma diferença de apenas 1 ponto da liderança.

Chegando à penúltima etapa em Indianápolis na segunda posição da tabela, Montoya viu suas chances de título desaparecerem após um acidente logo no início da prova com Rubens Barrichello; o piloto da Williams conseguiu voltar à pista, mas apenas em 7º, atrás dos principais rivais. Uma chuva intensa bagunçou um pouco as paradas, mas desfavoravelmente para Montoya que, do 6º lugar viu Schumacher vencer com Raikkonen em segundo.

As polêmicas da carreira do colombiano são conhecidas, brigou com todo mundo na Williams para depois brigar com todo mundo na McLaren e encerrou sua passagem precocemente na categoria em 2006, fazendo com que 2003 fosse sua única chance real de disputa. 

Heinz-Harald Frentzen (1999)

Há quem jure de pé junto que da sua geração de pilotos alemães, que incluía Michael Schumacher, Frentzen era o mais rápido; na F1 acabou por estando muitas vezes no lugar certo na hora errada e no lugar errado na hora certa. Foi adotado pela Mercedes para o desenvolvimento dos motores em 1995, mas a montadora trocou a Sauber pela McLaren, e o piloto migrou para a dominante Williams após a saída de Damon Hill – para ser segundo piloto do campeão da Indy (CART), Jacques Villeneuve.

Após o acidente em Silverstone, que resultou na quebra das duas pernas de Michael Schumacher, a temporada de 1999 se abriu para a disputa com o atual campeão, Hakkinen. O companheiro de Schumi, Eddie Irvine, acabou protagonizando a competição ao liderar algumas etapas. Mas após uma boa sequência de vitórias e pódios, Frentzen se meteu no meio dessa briga e, mesmo não passando da 3ª colocação no campeonato, foi seriamente cogitado para o título – até as artes da transmissão da TV Globo no período incluíam um carrinho amarelo entre os cinzas e vermelhos. 

Com o retorno de Schumacher – e o caótico GP da Europa que levou à única vitória da Stewart – a Jordan, mesmo pontuando, não teve mais fôlego enquanto viu os rivais levarem cada um uma vitória. Após aquele ano, o Frentzen acabou se tornando um itinerante das equipes de meio de pelotão (Prost, Arrows e Sauber), e até subiu raras vezes no pódio, mas foi tentar a sorte em outras categorias a partir de 2004.

Obs: estou quebrando a minha própria regra pois Frentzen tornou-se vice-campeão de 1997 após a desclassificação de Schumacher. Mas naquela temporada não era considerado um candidato ao título. 

Jean Alesi (1995)

E pensar que, em 1998, Alesi já estava fadado ao pelotão intermediário

Quando um jovem francês em sua Tyrrell se manteve na liderança e segurou Ayrton Senna por metade da prova no circuito de Phoenix, e terminando no pódio, a estrela de Alesi parecia que seria uma das mais brilhantes da categoria (ainda mais conquistando outro segundo lugar em Mônaco poucas corridas depois).

Bom, em carisma brilhou, se tonou um dos pilotos mais queridos e longevos do grid, mas em vitórias acabou sendo um homem de um amor só.

O GP do Canadá de 1995 foi um dos momentos mais apoteóticos da categoria, mesmo sendo uma corrida relativamente tranquila: Schumacher na Benetton liderava com folga de 30s até ter problemas elétricos com seu volante há 10 voltas do fim, que precisou ser substituído nos boxes, levando a uma parada de mais de um minuto.

Alesi vinha em segundo com uma boa margem de Hill, mas teve a sorte ao seu lado quando a Williams teve problemas hidráulicos e abandonou pouco antes. Assim, de repente, nosso protagonista se viu na liderança confortável com mais de 20 segundos de duas Jordans, de Barrichello e Irvine, que completaram aquele pódio.

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Uma invasão de pista das mais incríveis da Fórmula 1 ocorreu. Mesmo com os carros ainda na última volta, bandeiras e camisas italianas e ferraristas preencheram o circuito; para completar a poesia, Alesi deixou o carro morrer (ou acabou o combustível, as fontes são conflitantes, mas pouco importa) ficando parado em frente às arquibancadas enquanto os torcedores queriam tirar uma casquinha do ídolo – que acabou indo para o box pegando carona no Santo Antônio da Benetton de Schumacher. A maldição foi quebrada, outras muitas vitórias viriam; era o que todos acreditavam.

Na pegada temporada de 1995, Alesi se tornou um candidato ao título após a vitória (que colocou a Ferrari na liderança dos construtores) mantendo-se próximo dos dois ponteiros até metade da temporada. Um motor V12 muito beberrão, e uma definitiva inimizade dele com o lugar mais alto do pódio, rendendo inacreditáveis oportunidades perdidas, como em Silverstone e Monza, após Hill e Schumacher se estranharem, fizeram com que seus sonhos de título (e de vitórias) desaparecessem para sempre.

Patrick Tambay (1983)

Os últimos integrantes da “Legião Francesa” do final dos anos 70, quando a categoria contava com inúmeros representantes do país, dividiram a Ferrari após o traumático 82, que viu a morte de Gilles e o fim da carreira de Pironi. Com um carro totalmente diferente, a muito mais confiável Ferrari 126C – não eram mais os “caixões-com-rodas” – levou mais um título de construtores, entretanto, os pilotos ficaram em 3º e 4º lugares respectivamente numa decisão final entre Nelson Piquet e Alain Prost. 

Na primeira metade da temporada, Tambay conquistou dois pódios e uma vitória em Ímola, e manteve uma pontuação muito constante, nunca mais longe que 5 pontos da liderança de Prost. A situação se inverteu após o Canadá, quando Arnoux conquistou 3 vitórias (mesmo número final de Piquet) e 2 segundos lugares em sequência. Tambay ainda figurava entre os primeiros, mas acabou ficando para trás.

Na hora H, na reta final, nenhum dos dois ferraristas pontuou, e Piquet conquistou suas vitórias em Monza e Brands Hatch na hora certa, chegando à decisão tríplice na segunda colocação da tabela – Arnoux ainda tinha chances matemáticas se vencesse, mas seu motor o deixou na mão na 9ª volta – e conquistando o bi com um pódio na África do Sul, após o abandono de Prost. 

Depois daquele grande ano, ambos os franceses apostaram em projetos compatriotas. Tambay conquistou alguns pódios na Renault nos anos seguintes, mas não venceu mais, e se aposentou após um ano com o projeto sério, mas fracassado, da HAAS-Lola (que não é a mesma HAAS atual); Arnoux foi mais longevo na Ligier, mas teve um final de carreira melancólico com dificuldades para beliscar os pontos que sobravam entre McLaren, Williams, Ferrari, Lotus e Benetton no final dos anos 80.

John Watson (1982)

Para nós, brasileiros, a temporada de 1994 acaba sendo lembrada como a mais trágica da história da categoria; entretanto, provavelmente essa triste alcunha deve ser reservada para 1982. Com duas mortes e inúmeros acidentes gravíssimos, envolvendo principalmente os ponteiros daquele ano, o título acabou sendo muito disputado – não por coincidência, o triunfo final de Keke Rosberg foi conquistado com apenas uma vitória.

Até o campeão de 1982, Keke Rosberg, às vezes é esquecido

Os pilotos com mais primeiros lugares em 1982 foram Prost, que levou as duas primeiras, e o norte-irlandês John Watson que venceu em Zolder e no muito mal organizado primeiro GP de Detroit, saindo da 17ª colocação. Os canecos o deixaram na liderança da tabela por três etapas.

Em uma confiável McLaren equipada com o interminável Ford Cosworth DFV aspirado, parecia que seria um dos principais candidatos ao título, enquanto os pilotos de motor turbo viviam em tempos selvagens. 

Uma seqüência de infelizes abandonos (entre acidentes e falhas) e a pressão cada vez maior de um companheiro de equipe do peso de Niki Lauda, retornando à Fórmula 1, rendeu 6 etapas sem pontuar: Didier Pironi, na Ferrari turbo, e Keke Rosberg, na Williams aspirada, o ultrapassaram – ainda assim, ficou até a antepenúltima etapa a uma vitória de reassumir a liderança pois mesmo sem correr, Pironi se mantinha na ponta. Watson ainda fez um bom 1983, com outra heroica vitória em solo americano, saindo da 22ª colocação em Long Beach, mas se aposentou da categoria.

Jacques Lafitte (1981 e 1979)

A primeira corrida no estacionamento de Caesars Palace em Las Vegas – “a história primeiro se faz como tragédia depois se repete como farsa” – foi palco de uma das raras decisões triplas. Após vencer a penúltima etapa em meio a um dilúvio em Montreal, Jacques Laffite, que já tinha 5 pódios e outra vitória na Áustria, se credenciou para disputar o título contra Carlos Reutemann e Nelson Piquet, com apenas 6 pontos do líder argentino e 5 do brasileiro.

Em uma corrida particularmente ruim de Reutemann, que na terceira volta já estava fora da zona de pontuação, dando adeus ao título, Laffite chegou ao segundo lugar e passou a ser o principal rival de Piquet pelo campeonato, que vinha logo em seu encalço. Como os demais pilotos usando pneus Michellin, o francês sofreu muito com o asfalto sujo e foi perdendo rendimento, fez uma parada tarde demais e terminou atrás de Nelson, campeão, mesmo com a modesta 5ª colocação – pois Reutemann sequer pontuou. 

Alan Jones venceu a corrida do cassino de ponta a ponta, pulou para terceiro na tabela, enquanto Laffite acabou terminando em quarto no campeonato. Aquele foi o melhor ano do francês, que teve um retorno magro a Williams, sendo completamente eclipsado pelo parceiro Rosberg, mas voltou outra vez à equipe compatriota e se tornando o piloto com as melhores estatísticas (GP, vitórias, pódios e pontos) pela Ligier. Inclusive, alguns anos antes, em 1979, ao ganhar as duas primeiras etapas com a JS11, ele foi líder do campeonato por 3 rodadas.

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