F1 Retrovisor no caminho do GP do Qatar - Julianne Cerasoli Skip to content

Tinha um retrovisor no caminho do GP do Qatar

O circuito do Qatar tem tudo para se firmar no calendário como daquelas pistas que os pilotos adoram pela sequência de curvas de alta velocidade, mas precisam de um “aditivo” a mais para gerarem boas corridas. Sem a chuva que, volta e meia ajuda Suzuka, por exemplo, desta vez foi um espelho retrovisor que mudou a história de uma corrida que vinha sendo morna até que a Williams de Alex Albon perdeu um pedaço.

TUDO SOBRE O PALCO DO GP DO QATAR

A direção de prova decidiu dar apenas uma bandeira amarela dupla para resolver a questão do espelho, neutralizando o único ponto de ultrapassagem em um momento crucial. Com mais de 30 voltas de corrida no pneu médio, que a essa altura já estava bastante desgastado, mas ainda assim era a opção preferida dos times por conta da lentidão do pneu duro nessa pista, era a hora de aproveitar para passar quem tinha menos borracha disponível ou pelo menos de se aproximar ao máximo para tentar algo no pit stop.

Antes do retrovisor, corrida era um Verstappen x Norris

Era o que Lando Norris estava tentando. Terceiro no grid, ele chegou a colocar o bico da McLaren na frente de Verstappen na primeira curva, mas recuou, sabendo que tinha mais a perder que o holandês, uma vez que a disputa agora é pelo mundial de equipes. Os dois tinham passado o pole position George Russell, cujo bom ritmo do sábado desapareceu com o desgaste térmico dos pneus, algo que só pareceu atingir a Mercedes entre os times de ponta.

A Red Bull tinha conseguido mais uma de suas viradas em termos de desempenho. O carro dianteiro da sprint passou por mudanças de altura e nas molas e melhorou ainda mais do que Verstappen esperava. Ele fez o tempo mais rápido na classificação, mas foi punido com a perda de uma posição por ter feito sua volta de preparação de pneu lento demais, mas estava decidido a não deixar o que sentiu que tinha sido uma punição injusta passar batido.

Mas a Red Bull não tem só um piloto que tira o máximo do carro, como também alguém que controla vários aspectos da corrida. Verstappen percebeu que Norris não tinha levantado o pé na bandeira amarela do tal retrovisor e avisou a equipe, que cobrou a FIA. E o inglês levou um stop and go de 10 segundos, algo que lhe jogaria para fora dos pontos por outros acontecimentos que viriam entre a infração e a punição.

Bottas atinge o retrovisor e pneus começam a furar

O retrovisor ficou umas seis voltas por ali, com a bandeira amarela sendo colocada e tirada, até que Valtteri Bottas passou por cima dele e espalhou detritos para todos os lados. Logo depois, os pneus de Hamilton e Sainz estouraram. Provavelmente, uma combinação entre uma banda de rodagem já muito desgastada e os tais detritos. E o Safety Car foi chamado.

Piastri tinha acabado de fazer a sua parada. A McLaren optou pela segurança, entendendo que poderia ser a próxima a ter um estouro de pneu. Mas isso acabou dando uma posição de bandeja para a Ferrari de Charles Leclerc, que ficou na pista e só parou com a corrida neutralizada.

Verstappen e Norris fizeram o mesmo na frente, assim como outros 10 pilotos. Na relargada, antes de Norris ter recebido a punição, a ordem era: Verstappen, Norris, Leclerc, Piastri, Perez, Gasly, Russell (que tinha parado bem antes), Sainz, Zhou e Alonso. Ou pelo menos logo antes da relargada, pois Perez rodou com o pneu frio e depois bloqueou o carro, abandonando a prova.

McLaren perde pontos em relação à Ferrari

Após servir a punição, com 12 voltas para o final, Norris voltou em último. Aproveitou que todos estavam próximos por conta do SC e escalou até o 10º lugar. Será que ele poderia vencido sem a bandeira amarela? Qualquer possibilidade de conseguir o undercut que ele estava armando em cima de Verstappen foi embora de qualquer maneira com o SC. E, mesmo que a McLaren tenha um ritmo forte no final das corridas, ainda mais com o pneu duro, não seria tarefa fácil passar na pista em Losail.

Sem a pressão do britânico, Verstappen venceu, em uma virada impressionante depois de não passar de oitavo na sprint, dominada pela McLaren. A Ferrari conseguiu pontuar mais do que os líderes do campeonato, com Leclerc em segundo e Sainz em sexto, com Piastri completando o pódio.

Quem saiu ganhando mais uma vez depois de momentos de caos foi a Alpine: Gasly foi o quinto, fazendo com que o time retomasse a sexta posição no mundial de construtores. E Zhou fez os primeiros pontos da Sauber no ano, e saiu do Qatar dizendo que as atualizações que eles fizeram no carro foram como “mudar do dia para a noite”.

1 Comment

  1. Bela análise, como sempre.
    Punições ridículas, já está na hora de ter uma equipe de comissários fixos que se revezam nas corridas. E fazem uma reunião toda segunda pós corrida, para manterem o mesmo critério em todas as corridas. Mas com esse presidente da fia, vai ser difícil algo assim acontecer.
    O Norris continua tirando o pé para o Max. Enquanto não bater umas 3 ou 4 vezes, não vai ganhar o respeito do holandês.
    E de que adiantam as caixas de brita se continuam punindo por track limits?


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