F1 Blog Takeover: O verdadeiro legado de Ayrton Senna - Julianne Cerasoli Skip to content

Blog Takeover: O verdadeiro legado de Ayrton Senna

A primeira oportunidade que tive de ser lida por um público maior do que eu conseguia atingir com meu pequeno blog que tinha começado alguns meses antes foi quando o Luis Fernando Ramos convidou três produtores de conteúdo que ele gostava de ler para escrever um artigo para o blog dele. Foi lá no final de 2010. Lembro até hoje de onde estava e como as ideias foram surgindo para o texto.

Foi um tijolo na história que me levou à F1, mas um tijolo importante por me dar confiança. É como se alguém que estava dentro do barco me visse tentando embarcar e puxasse minha mão. Venha, você pertence aqui.

Então já faz um anos que tento retribuir isso e convido o pessoal para me enviar textos sobre F1. Aqui estão os 10 selecionados de mais uma temporada do Blog Takeover

Por Aline Fatima

Quando falamos sobre Ayrton Senna, uma das palavras mais utilizadas é legado. Seus números, sua velocidade, sua determinação, entre tantas outras características, fazem parte da sua memória que atravessa gerações. 

O verdadeiro legado de Senna, está no esporte pelo qual ele viveu e infelizmente morreu e impacta diariamente todas as gerações de pilotos que vieram após ele.  Ayrton hoje é homenageado por um esporte muito mais seguro do que aquele que participou nos seus 10 anos de carreira. Seu maior legado está na quantidade inimaginável de vidas que ajudou a salvar ao transformar a segurança não apenas da Fórmula 1, mas de todo o automobilismo. 

Ímola 1994 foi o final de semana mais fatal da história da categoria. O acidente de Rubens Barrichello nos treinos livres foi um presságio do que ainda aconteceria. O piloto brasileiro engoliu a própria língua e de acordo com Sid Watkins morreu por seis minutos. Mas o neurocirurgião ainda faria mais dois resgates naquela pista. No sábado com o estreante austríaco Roland Ratzenberger e no domingo com o tricampeão brasileiro Ayrton Senna, ambos nunca mais voltariam as pistas.

Os doze anos sem acidentes fatais antes daquele GP davam uma falsa sensação de segurança. Foram as mortes de Ratzenberger e Senna que mostraram o longo caminho que deveria ser percorrido. Perder um de seus maiores nomes em um acidente trágico na pista acendeu esse alerta. 

Tudo o que envolvia a segurança foi repensado: carros, equipamentos dos pilotos, circuitos, resgate e primeiro atendimento após os acidentes e até mesmo como deveria ser preparada a equipe que receberia o piloto no hospital. A GPDA (Associação dos Pilotos de Grandes Prêmios) foi restaurada – um desejo do próprio Senna- dando mais voz para que os pilotos opinem sobre traçados e outras questões. 

Não é necessário um olhar muito treinado para perceber as diferenças entre a F1 de 1994 e a atual. Quem assistiu à série Senna percebe as diferenças nos carros. Enquanto os da década de 1990 possuíam laterais mais baixas permitindo ver os ombros dos pilotos, os atuais contam com laterais mais altas e dois cones próximos às tomadas de ar, capazes de absorver os impactos laterais. O cockpit ganhou uma abertura maior que reduz o estresse dos pilotos e garante mais facilidade para a saída em casos de emergência.

Isso me lembrou que eu escrevi algo bem parecido por aqui anos atrás: O Legado

Praticamente toda a estrutura dos carros atuais é feita para se romper. Em grandes impactos elas se quebram, amassam e se rompem para reduzir o choque. Apenas o monocoque, também conhecido como célula de sobrevivência, é projetado para ser indestrutível. 

Os capacetes atuais também absorvem mais impacto do que modelos usados na época de Senna e outro dispositivo de segurança foi instalado, o Hans. Adotado no início dos anos 2000 que protege a coluna cervical de movimentos bruscos capazes de gerar lesões perigosas.

A adição mais recente de segurança aos carros foi o halo. Adotado em 2018, ele começou a ser projetado e testado depois do acidente de Felipe Massa em 2009 e da morte de Jules Bianchi em 2014. A estrutura é capaz de sustentar até 12 toneladas e protege a cabeça dos pilotos. Acidentes como o de Grosjean em 2020 e Zhou em 2022 comprovaram a sua eficiência.

Todas as mudanças fazem parte da chamada segurança ativa da Fórmula 1.  A trajetória em busca de um esporte mais seguro nunca terá um fim, mas a memória de Ímola 94 mudou como ela é percorrida.

No último episódio de “Senna” série produzida pela Netflix em homenagem ao piloto, vemos o Ayrton interpretado por Gabriel Leone dizer ao pegar uma bandeira da Áustria, país de Ratzenberger “Se for o único jeito de eles prestarem atenção, eu vou vencer a corrida e subir no pódio com essa bandeira”.

Não é possível saber se em 1994 Senna disse essas palavras, mas o tricampeão tinha consigo uma bandeira austríaca no carro. Ele não conseguiu homenagear o colega e clamar por mais segurança em vida, mas alcançou o objetivo de chamar a atenção para a segurança. 

O legado de Senna vai além do exemplo da sua dedicação, seu talento e suas conquistas. Sua perda e também a de Ratzenberger transformou a Fórmula 1 e salvou a vida dos pilotos das gerações futuras.

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Adicione o texto do seu título aqui