Foi um fim de semana cheio de ótimas performances. Lando Norris chegou ao Red Bull Ring dizendo que, se pudesse escolher um lugar para recobrar sua confiança depois da batida de Montreal, selecionaria o palco do GP da Áustria. E nem precisou fazer todos os treinos livres (no primeiro, cedeu o carro para o novato Alex Dunne) para dominar Oscar Piastri nos treinos e classificação, e depois controlar todas as tentativas de ataque do piloto australiano para vencer e diminuir sua desvantagem no campeonato para 15 pontos.
A Ferrari também teve sua redenção. Uma atualização no assoalho e difusor deixou o carro muito mais confortável para Charles Leclerc e Lewis Hamilton tentarem tirar o máximo de desempenho em uma volta lançada, e o monegasco chegou a se classificar em segundo. E terminou no pódio novamente, em terceiro, atrás de Piastri.
Gabriel Bortoleto conquistou seus primeiros pontos na F1 e foram logo quatro, resultado de um final de semana inteiro dentro do top 10, algo que dá para explicar em parte pela atualização da Sauber, um segundo passo depois das novidades da Espanha, e por quão confortável ele se sente no Red Bull Ring.
E Liam Lawson foi o melhor carro da Red Bull no sábado e terminou a corrida em sexto com a estratégia de uma parada que ajudou o piloto da Racing Bulls e Fernando Alonso, outro que teve uma performance marcante e inteligente, a somarem pontos.
Verstappen sai do páreo na terceira curva
Na largada, Norris manteve a ponta, Piastri deixou Leclerc para trás e Kimi Antonelli julgou mal a freada da curva 3, atingindo Max Verstappen, que tinha largado em sétimo lugar depois de uma classificação em que não conseguiu se entender com a sua Red Bull.
A questão era se Piastri conseguiria fazer frente a Norris, o que foi respondido rapidamente. Usando as três zonas de DRS do Red Bull Ring, o australiano ficou sempre na cola do companheiro, de uma maneira inteligente. Com a asa móvel ativada, ele forçava o companheiro a usar mais a bateria no meio da volta, então sempre conseguia ficar a menos de 1s de distância.
Isso, mesmo com o forte calor do domingo na Áustria, o que geralmente pune os pneus e os carros no Red Bull Ring. Mas não a McLaren, que cresce em relação aos rivais quando está mais quente.
Para completar, uma mudança na suspensão deixou o carro mais plantado nas entradas das curvas mais rápidas.
Eles, então, não tiveram rivais e, mesmo brigando entre si, abriam vantagem.
E quase batem, quando Piastri resolve atacar na curva 4, frita o pneu, e chega perto de bater com o companheiro
Just how close were McLaren from disaster in Austria? 🫣🤏#F1 #AustrianGP pic.twitter.com/Ii4XD1ZNT3
— Formula 1 (@F1) June 30, 2025
A McLaren então lhe dá a opção de parar uma volta depois, numa estratégia mais convencional, ou criar um offset, uma diferença de número de voltas entre seu segundo jogo de pneus e o de Norris. E é isso o que ele escolhe, parando quatro voltas depois. Isso lhe daria uma vantagem de 0s2 por volta e Piastri volta a chegar próximo de Norris, mas este stint, com os pneus duros, é muito consistente.
Então Piastri consegue se aproximar novamente, mas aí Norris já tem o controle e consegue neutralizar a vantagem que o companheiro tem com o pneu. No último stint, os dois voltam para o pneu médio, com Piastri sempre por perto, colocando pressão em Norris enquanto ele tem que lidar com retardatários, mas o inglês, desta vez, não erra.
Uma vitória importante para a confiança de Norris, ainda mais depois de um roda a roda que ele ganhou.
Ferrari cresce, mas tem problemas
Leclerc e Hamilton, contudo, tinham seus próprios problemas, sendo instruídos pela Ferrari a fazerem lift and coast para preservar os freios e as pranchas de legalidade. Os dois pilotos tiveram corridas solitárias, com Leclerc conseguindo desde o início ter uma vantagem em relação a Hamilton, que chegou a pedir para ficar na pista quando foi chamado aos boxes para sua segunda parada, mas não foi ouvido pelo time.
Era um risco desnecessário. Russell já tinha parado duas vezes e, antes disso, estava a 11s de Hamilton. Caso o pneu sofresse uma queda de rendimento, a Ferrari perderia uma posição sem motivo algum para ter corrido o risco.
Russell, duas semanas depois da vitória do Canadá, levou uma Mercedes que realmente não gosta do calor para casa com um quinto lugar.
As corridas de Lawson, Alonso e Bortoleto
Bortoleto saiu prejudicado da confusão provocada por Antonelli, tendo que ir para fora da pista para evitar Verstappen. Por dentro, Pierre Gasly e Alex Albon ultrapassaram o brasileiro. E atrapalharam seu ritmo nas primeiras 12 voltas. Gasly estava com os pneus macios e adotava um ritmo mais lento, e Albon abandonou logo após parar no box pela primeira vez.
Isso gerou dúvidas no pitwall da Sauber. Eles entendiam que a tática de uma parada era muito próxima em termos de tempo total que a tática de duas, e foram para a corrida sem uma decisão tomada a respeito do que seria melhor para Bortoleto, até porque sabiam que Liam Lawson, que tinha largado à frente dele, e Fernando Alonso, que largava em 12º, muito provavelmente iriam tentar fazer uma parada por não terem pneus médios ou duros suficientes para tentarem fazer algo diferente.
Eles decidiram se comprometer com a estratégia de duas paradas na volta 21, quando Bortoleto pediu para parar. Ele voltou no trânsito, e esse foi o segundo golpe na sua corrida.
Isso porque era o momento de ganhar tempo em relação a Lawson e Alonso, que já estavam bem lentos. Mesmo no trânsito, ele ganhou 5s em cima deles nessa fase, o que indica que poderia ter se aproximado muito mais antes da parada de ambos, nas voltas 32 e 33.
A tática inteligente de Alonso
E por que eu digo “de ambos”? É como se eles tivessem feito uma só corrida porque, sabendo que não tinha ritmo e, principalmente, não tinha velocidade de reta, Alonso só se certificou de que estava no DRS de Lawson e fez com que o neozelandês o carregasse por quase toda a prova, aproveitando que o circuito Red Bull Ring tem o maior percentual de tempo de volta com a asa móvel aberta.
Quando eles pararam, Bortoleto tinha 15s de vantagem e precisaria ou abrir mais uns 7s, o que era improvável porque agora eles tinham pneus novos, ou tentava ir o mais adiante possível para ter pneus novos para atacar no final.
Nesse momento, ele está a apenas 2s5 de Russell e o inglês é avisado que tem de aumentar o ritmo. E o faz. É um ritmo que a Sauber não tem, então o que a equipe espera é o momento de colocar o último jogo de pneus do brasileiro.
Eles demoram um pouco para fazer isso. Parando duas voltas antes, ele teria perdido 2s a menos e voltaria a 12s de Lawson com 20 voltas para o final.
Ele voltou com mais de 14s de diferença e chegou em Alonso com cinco voltas para o final. O espanhol já não tinha o DRS de Lawson, mas conseguiu uma ajudinha no final com o líder Norris e se manteve na sétima colocação, com Lawson em sexto. E Bortoleto ficou com o oitavo lugar.
The Bortoleto bravery ⚔️
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Gabi hunts and battles his manager, Fernando 💪#F1 #AustrianGP pic.twitter.com/8DxVsKyQ0N
Como Hulkenberg foi de último para nono
Mas o oitavo lugar de Bortoleto não seria o único resultado positivo da Sauber no GP da Áustria. Nico Hulkenberg tinha largado em último, com os pneus macios. A tática era parar cedo e fugir de qualquer trenzinho de DRS que pudesse se formar, correndo com pista livre e usando o ritmo que a Sauber tinha, e que não foi aproveitado pelo alemão por um erro na classificação.
E ele usou esse ritmo no domingo: penúltimo quando parou, na volta 12, ele caiu para a última posição e, depois que todos fizeram a sua primeira parada, era nada menos que sétimo. Depois, o alemão parou de novo na volta 42, voltou em 11º e ganhou duas posições com a parada de Ocon e ultrapassando Hadjar. Com isso, Hulkenberg pontuou pelo terceiro GP seguido.

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