F1 Os detalhes da vitória de Piastri - Julianne Cerasoli Skip to content

Os detalhes da vitória de Piastri e por que Hamilton parou em Albon

Fazer a pole position em Spa-Francorchamps não é garantia de nada, mas Lando Norris estava em uma ótima posição para manter a ponta quando o GP da Bélgica finalmente começou 1h30 depois do horário marcado para a largada, devido a um misto de chuva e de muito zelo da direção de prova porque Spa é Spa e porque os pilotos tinham reclamado das condições em que pilotaram em Silverstone na etapa anterior.

Norris estava começando a prova com spray ainda na pista e com uma largada em movimento, dois fatores que poderiam garantir que ele saísse da Les Combes em primeiro. Mas um problema de oferta de energia elétrica (que Andrea Stella deu a entender que tinha acontecido em ambos os carros, mas não quis confirmar), mais uma saída não tão boa da La Source e uma levantada de pé maior que Piastri na Eau Rouge cancelaram: o australiano passou e tomou a liderança.

Era o cenário perfeito para o líder do campeonato, que estava com um acerto mais voltado à chuva que o companheiro e tinha que aproveitar aquele momento. Primeiro porque a pista estava secando, segundo porque seria difícil passar com menos velocidade de reta ao longo da prova.

E também porque ficar em segundo em uma dobradinha nesta condição de ter que reagir rápido a uma pista que está secando, e essa pista ser a mais longa do campeonato, não é nada confortável. Porque se você estiver muito perto, ou terá que esperar uma volta a mais que o líder, ou terá que entrar junto e esperar sua parada.

Hamilton é o primeiro a parar, Norris adota tática diferente

Era a volta 11 (sendo que as quatro primeiras foram sob Safety Car) quando Hamilton, já 33s atrás do líder, foi o primeiro a tomar a decisão de trocar os intermediários pelos pneus de pista seca. Gasly, Hulkenberg e Alonso o seguiram na mesma volta.

Repare que todos eles estavam longe dos líderes e os tempos de volta estavam em cerca de 2 minutos. Era o setor 2 que estava mais molhado, então as equipes precisavam esperar que eles passassem por eles para decidirem se era mesmo a hora de parar. Então os chamados ao boxes vieram bem tarde para os líderes.

Para Norris, como a equipe queria discutir se ele queria o pneu duro para ter algo diferente em relação a Piastri, isso quis dizer que ele deu uma volta a mais. Aí, já perdeu mais tempo. E a parada lenta também não ajudou.

O inglês, que estava a 2s de Piastri quando o australiano parou, na volta 12, agora tinha 9s de desvantagem. Mas tinha o pneu duro, que iria até o final e que, por algum motivo, funcionava na McLaren.

Parar ou não parar de novo?

Logo após o pitstop, Piastri não sabia se teria de parar novamente. Mas a corrida estava se mostrando bastante travada no pelotão, o pneu duro de Norris não estava tão lento, e ele julgou que o mais difícil seria ter que passá-lo novamente na pista.

Seu trabalho, então, era manter a distância e ao mesmo tempo cuidar dos pneus.

Enquanto Piastri fazia a sua parte, Norris cometia alguns erros e perdia tempo em sua caça ao companheiro. Mas, de qualquer maneira, o australiano parecia ter tudo sob controle, a julgar pelo 1min45s7 que fez na penúltima volta, muito próximo do que Norris vinha virando.

Foi um fim de semana muito igualado entre eles em termos de performance, mas em que a execução de Piastri fez a balança pender para o seu lado.

Leclerc segura Verstappen pelo pódio

Vinte segundos atrás dessa briga, Charles Leclerc passou por maus bocados na primeira parte da prova, quando o acerto de mais pressão aerodinâmica de Verstappen fazia com que o holandês conseguisse pressioná-lo muito fortemente, ainda com a pista molhada.

A manutenção da terceira posição após as paradas praticamente selou o pódio da Ferrari, porque agora as condições estavam mais favoráveis para o carro vermelho, que voava nas retas. Mas Verstappen se manteve muito próximo o tempo todo, esperando um erro que não veio.

Vinda bem de trás depois de uma mudança de acerto apostando na chuva, Lewis Hamilton, que largou em 18º, passou Stroll, Sainz, Colapinto, Hulkenberg e Gasly nas sete voltas de bandeira verde antes de ser o primeiro a parar para colocar pneus de pista seca na volta 11. Com isso, ele conseguiu um undercut poderoso, passou Lawson na saída do box e foi parar em sétimo.

Ali, com a pista secando e o acerto com mais asa, ficou preso atrás de Alex Albon e ainda teve que fazer lift and coast na parte final da prova. Mas saiu do carro se dizendo otimista com a nova suspensão da Ferrari e atualizações que o lado dele da garagem ainda não tinham usado.

Bortoleto volta aos pontos

Atrás de Albon e Hamilton estavam Liam Lawson e Gabriel Bortoleto, que tiveram um desempenho bem parecido por todo o fim de semana. Hadjar na verdade tinha largado à frente dos dois, mas teve um problema no carro e perdeu muitas posições.

Lawson e Bortoleto estavam separados por 2s quando pararam no box, uma volta após Hamilton e companhia, na mesma volta da maioria dos outros pilotos. Os dois foram passados por Hamilton e, na volta 13, Lawson saiu de frente na La Source, Bortoleto estava colado e teve que frear muito, e Hulkenberg aproveitou e passou o brasileiro.

Lá se passaram algumas voltas em que Bortoleto pedia a posição de volta por sentir que estava mais rápido. “Não, os dois estão seguros por Lawson”, ouviu.

Mas foi ficando claro que Hulkenberg estava sofrendo com os pneus, e a equipe ordenou a troca na volta 19.

Bortoleto perdeu 2s em relação a Lawson com isso, mas o neozelandês depois demonstrou que tinha mais ritmo, enquanto Hulkenberg, que estava com o acerto mais voltado para a chuva, passou a sofrer tanto que pediu para parar uma segunda vez.

Ele voltou em 14º, andando 2s por volta mais rápido do que quem ia a frente (as Haas e Tsunoda, que eram seguros por Gasly com seu acerto de pouca pressão aerodinâmica), mas não conseguiu abrir caminho, mostrando a cara da corrida da Bélgica, em que quem não aproveitou os momentos-chave muito em função de qual configuração tinha escolhido para a corrida, ficou onde estava.

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