F1 McLaren confiou demais no seu ritmo contra o piloto errado - Julianne Cerasoli Skip to content

McLaren confiou demais no seu ritmo contra o piloto errado

Imagine perder uma corrida mesmo tendo a primeira fila no grid, o melhor ritmo por todo o final de semana, e um GP com estratégias congeladas por um limite de 25 voltas em cada jogo de pneu. A McLaren conseguiu. Pautada pela tentativa de proteger a corrida do líder Lando Norris, confiante demais em seu próprio ritmo, eles erraram na estratégia em um momento capital da corrida e viram o cara de sempre, Max Verstappen, estar logo ali para aproveitar.

Com isso, o piloto da Red Bull vai para a decisão do campeonato em Abu Dhabi a 12 pontos de Norris, tendo chegado a estar 104 pontos atrás no final de agosto.

Verstappen começou a complicar a vida da McLaren na largada, passando Norris. Na frente, Oscar Piastri, irretocável por todo o fim de semana, liderava.

O limite imposto pela Pirelli significava que as paradas só poderiam começar a partir da volta 7. Isso porque o GP teria 57 voltas e parar antes disso queria dizer fazer 3 trocas de pneu, o que seria mais lento em qualquer tipo de cenário.

E parar em regime de Safety Car significa economizar no tempo total de prova.

Safety Car congela as estratégias. Menos uma

Mesmo assim, quando Nico Hulkenberg e Pierre Gasly se engancharam no começo da volta 7, o Safety Car foi acionado e a McLaren julgou que nem todo mundo entraria nos boxes. Começou a calcular onde Piastri voltaria se os outros não parassem e, principalmente, onde Norris pararia. Havia 5s entre os pilotos da McLaren, então Norris não teria que esperar atrás do companheiro – se o fizesse, seria apenas por alguns instantes, dependendo do trânsito no pitlane. Mas como ele estava em terceiro, perderia mais terreno que Oscar.

E, como aconteceu várias vezes na temporada, ao tentar controlar variáveis demais, a McLaren esqueceu de fazer o básico. 

Todos os outros pilotos pararam e só os dois ficaram na pista. Agora, Piastri e Norris teriam que abrir uma parada de distância para a concorrência. Em um circuito em que perde-se mais de 26s nos boxes, número acima da média da F1.

O papel do pneu duro no GP

E aí entra a segunda camada do erro da McLaren: eles acreditavam que teriam ritmo para isso.

Na sprint, com todo mundo andando muito próximo, houve problemas de superaquecimento de pneus. E a McLaren sempre sofre menos quando esse é o caso. Na corrida, contudo, sem tanta turbulência, esse não foi um problema.

Pior: o pneu duro teve um bom rendimento. Isso fez com que qualquer desvantagem que aqueles que, por regulamento, agora teriam que fazer 25 voltas no segundo jogo de pneus médios e outras 25 voltas até o final, poderiam ter. Eles colocariam o composto duro e não teriam que se preocupar tanto com degradação.

O Safety Car também trouxe outros dramas mais atrás. A Mercedes teve que segurar Antonelli por causa de trânsito no pitlane e ele foi ultrapassado por Sainz, que já tinha superado Russell e Hadjar na largada. O espanhol agora estava em quarto, atrás apenas das McLaren e de Verstappen.

Russell caiu ainda mais, para oitavo. Hamilton, esperando a parada de Leclerc, perdeu duas posições.

A corrida recomeçou na volta 11 com Piastri, Norris, Verstappen, Sainz, Antonelli, Alonso, Hadjar, Russell, Leclerc e Bearman.

A essa altura, Piastri e Norris foram conseguindo abrir. Quando pararam, nas voltas 24 e 24, voltaram atrás de Antonelli. Na verdade, eles acabaram sendo ajudados por Fernando Alonso, que estava liderando um trenzinho de DRS, protegendo seus pneus antes de sua segunda troca.

O timing foi quase perfeito para os pilotos da McLaren chegarem em Antonelli e Sainz quando eles tinham que fazer, por regulamento, a segunda parada, na volta 32. E lá voltaram todos os pilotos, a não ser os da McLaren, para os boxes.

Com isso, eles voltaram à ponta, mas dessa vez não conseguiam abrir tanto quanto da primeira vez. Verstappen tinha colocado o pneu duro e estava conseguindo manter um ritmo bastante forte, que foi fundamental para selar sua sétima vitória da temporada.

Piastri ainda não tinha desistido. Pediu os pneus macios no final, mas a McLaren preferiu chamá-lo antes para os boxes (com 15 voltas para o fim) e colocar os duros, mais consistentes para o tipo de ritmo que ele precisava impor. Mas ele tinha que tirar 15s em 15 voltas, e simplesmente não havia essa diferença de ritmo entre ele e Verstappen, que cruzou a linha de chegada 8s à frente de um indignado australiano.

Norris teve sorte de sair 12 pontos à frente

A situação de Norris seria ainda pior. Sem conseguir andar no ritmo de Piastri, mesmo fazendo exatamente a mesma estratégia, ele chegou a ser pressionado por Verstappen no final do segundo stint e já estava mais de 7s atrás quando Piastri parou pela segunda vez.

Com isso, após sua segunda parada, o líder do campeonato foi parar atrás de Kimi Antonelli. Mesmo com um carro melhor e pneus 12 voltas mais novos, só conseguiu passar a Mercedes, que tinha boa tração e menos carga aerodinâmica, quando o italiano errou na penúltima volta.

Àquela altura, Antonelli estava perto de receber a ajuda de Sainz, que diminuiu o ritmo para dar o DRS ao piloto da Mercedes. Mas pelo menos o espanhol conseguiu cruzar a linha de chegada em terceiro, conquistando seu segundo pódio pela Williams.

Norris chegou em quarto, seguido por Antonelli, Russell (que passou Alonso na pista e Hadjar quando o francês teve um corte no pneu), Alonso, Leclerc, Lawson e Tsunoda.

Seria uma corrida para Bortoleto pontuar não fosse a punição de cinco posições no grid que ele pagou pelo acidente da largada do GP de Las Vegas. Em uma prova com pouca ação atrás do entretenimento gerado pela McLaren, ele teve uma disputa inicial com Stroll, e superou o canadense quando os dois passavam pela Alpine de Gasly, logo após o acidente com Hulkenberg. 

Após as primeiras paradas, se viu atrás de Hamilton, em 15º, e lá ficou, ganhando mais duas colocações com abandonos. A Sauber até tentou algo diferente, colocando-o no pneu macio para tentar algo, mas não funcionou. Mas ele ao menos saiu do Qatar mais tranquilo após voltar a ver a bandeirada após dois GPs turbulentos.

1 Comment

  1. Não é questão de “apostar contra o piloto errado”. A QUESTÃO É: (1) Você está na frente em pontos (2) SE você seguir o seu principal oponente (nas estrategias) vc continua na frente. O oponente que se arrisque (3) a unica forma de a McLaren ajudar a inverter a situação da pontuação é tentar ( e dar errado) uma estrategia diferente. (*) Foi o que a McLaren fez, seguidas vezes. Para mim isso tem nome …


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