F1 Como a McLaren congelou Verstappen em GP decisivo - Julianne Cerasoli Skip to content

Como a McLaren congelou Verstappen em GP decisivo

Foi a corrida da coroação de Lando Norris como campeão mundial, mas ao mesmo tempo mais um exemplo do tanto que a McLaren temeu a ameaça de Max Verstappen desde o salto de rendimento que a Red Bull deu na segunda metade do campeonato: mesmo só precisando de um terceiro lugar para garantir o título de pilotos, eles se armaram para neutralizar o holandês ao invés de só focarem em fazer a própria corrida.

E essa é a mesma equipe que selou a conquista de construtores em setembro.

Eles conseguiram tudo o que queriam: complicaram a vida de Verstappen e conquistaram o título, mesmo com tudo não saindo exatamente como planejado. Enquanto o pole position e o segundo no grid Norris largaram com os pneus médios, Oscar Piastri, que ainda tinha uma chance pequena de título, saiu com os duros.

A ideia era que Piastri pressionasse Verstappen, usando um pneu mais consistente que os médios, que tinham a tendência de superaquecer no trânsito. Ele obrigaria Verstappen, também, a acelerar o ritmo, e evitaria que ele tentasse andar devagar de propósito para complicar a vida de Norris.

Para isso, Piastri precisava passar o companheiro e foi definido antes da prova que ele não resistiria à ultrapassagem. Com o australiano em segundo, o plano estava bem encaminhado. Só restava a Norris permanecer na terceira colocação.

Russell muda a estratégia de Norris

Tudo parecia caminhar bem para isso quando Russell perdeu posições para Leclerc e Alonso na largada. Afinal, a Mercedes parecia ser a maior ameaça a Norris. Mas o ritmo do monegasco era forte, obrigando a McLaren a olhar mais para trás do que para frente.

É de se imaginar que Andrea Stella tenha tido alguns deja vus durante a prova. Afinal, foi assim que ele, como engenheiro de pista de Fernando Alonso, perdeu o campeonato de 2010…

Foi a parada de Russell, que tinha se livrado de Alonso, que acabou chamando Norris cedo aos boxes, já que Leclerc tinha respondido à tentativa de undercut da Mercedes. Era a volta 16 e parar àquela altura significava voltar no trânsito daqueles que esperariam mais voltas. E um deles era Tsunoda, companheiro de Verstappen.

Norris passou Antonelli, Sainz, Stroll, Lawson, e chegou em Tsunoda, que tentou fazer um zigzag na sua frente. O inglês até saiu da pista para ultrapassar o japonês, mas os comissários entenderam que ele só fez isso por causa das manobras de Yuki e puniram o piloto da Red Bull.

Na frente, Verstappen e Piastri seguiam na pista. O australiano não conseguia se aproximar mais do que 1s5 do rival e a McLaren se impressionava com como o holandês não perdia rendimento mesmo estando com os médios. Ele parou na volta 23, já com vantagem suficiente para voltar à frente de Norris. Com os duros, Piastri seguiu na pista.

Piastri precisava de milagre

Agora já estava bem claro que Piastri precisava de um milagre para ser campeão. Com 16 ponto de desvantagem, precisava que algo acontecesse com Verstappen e com Norris ao mesmo tempo, mas eles estavam longe um do outro para apostar em um enrosco.

Então a tentativa foi para que ele ficasse na pista o máximo possível para poder voltar forçando ao máximo com os pneus médios. Ele parou na volta 41, uma depois do que a McLaren programava, porque apareceu outro imprevisto: aproveitando a grande diferença para Russell, a Ferrari parou de novo com Leclerc, e Norris respondeu na volta seguinte.

Ele precisava responder na volta seguinte? Não, a diferença era razoável, mas a McLaren já estava com suas fichas totalmente em Norris. Não podia dar nenhum centímetro para Verstappen.

Essa segunda parada, que não estava nos planos, tirou a chance de Norris estar à frente de Piastri após a troca do australiano. Mas talvez tenha tirado, também, a chance de Piastri ultrapasar Norris pela segunda vez em sua corrida do título. 

Isso porque o australiano voltou andando 1s por volta mais rápido que o líder. No entanto, faltavam 18 voltas e ele tinha 23s para tirar. E, no final das contas, não seria uma vitória que lhe daria o título de qualquer maneira.

É campeão!

Restou a Norris comemorar. Tirar o engasgo da garganta de quem começou o ano como favorito, viu o companheiro menos experiente crescer, depois o melhor piloto do grid “despertar” com a melhora da Red Bull, mas conseguiu prevalecer.

Atrás do trio, Leclerc fez uma excelente corrida para colocar a Ferrari em quarto. Russell saiu decepcionado com seu ritmo em quinto, Alonso fez uma ótima corrida defensiva e tática para ser sexto, e Lewis Hamilton, com uma tática de duas paradas largando com o pneu macio, foi de 16º a oitavo.

Gabriel Bortoleto tinha uma corrida que parecia ser promissora, largando em sétimo. Mas desde o início da prova, o brasileiro foi surpreendido pelos saltos do carro, mesmo sem a Sauber ter optado por suspensões mais duras. A situação foi piorando durante a prova e ele não conseguia forçar o ritmo em curvas importantes, o que foi fazendo com que ele se tornasse presa fácil para os pilotos da Haas, Alonso, Sainz, Stroll e até seu companheiro Hulkenberg, que tinha largado em 18º. Com isso, terminou fora dos pontos.

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