Muita gente gosta desta história de resolução de ano novo mas, se a Fórmula 1 tivesse a sua, qual seria? É difícil imaginar em que a temporada 2013 possa ser melhor do que a do ano passado e seu sem-número de destaques, da alta qualidade de pilotagem especialmente de Vettel, Alonso, Raikkonen e Hamilton, passando pelo crescimento das equipes médias e a montanha-russa, por vezes inexplicável, de performances principalmente no início do ano.
Por um lado, como as regras permanecem basicamente estáveis, é de se esperar que o equilíbrio atual permaneça, permitindo que equipes que há anos estavam longe das primeiras posições possam lutar, no mínimo, por pódios. É claro que, ao longo da temporada, os melhores conjuntos – e dificilmente não serão os mesmos suspeitos de sempre, pela continuidade dos modelos anteriores – tendem a se sobressair.
Ainda assim, o pelotão da frente também traz suas incógnitas, com a McLaren e suas más execuções de finais de semana, a Ferrari e seus problemas aerodinâmicos, a Lotus buscando a consolidação do terreno ganho em 2012 e a Red Bull provando que os ajustes nas regras – principalmente em relação aos testes mais rigorosos para as asas e à restrição no uso da DRS – não tirarão a vantagem técnica cujas fundações foram firmadas ainda em 2009.
Mas, pelo menos neste início de temporada, ninguém promete chamar mais a atenção do que a Mercedes, que atraiu um dos melhores pilotos mesmo ainda devendo no quesito técnico. O quanto Hamilton poderá aportar ao time alemão é uma das grandes questões de 2013.
Tudo isso em meio a novos ajustes nos pneus, repetindo a receita que deu certo para tornar 2012 inesquecível: carros com desempenho próximo e variáveis difíceis de dominar, trazendo à tona o melhor de equipes e pilotos.
Falando neles, há expectativas para todos os lados. Perez estará sob os holofotes na McLaren, ao lado de um Button que busca provar ser um líder do mesmo nível das grandes estrelas dos rivais diretos. Hulkenberg é outro que ganhou moral em 2012 e busca seguir em ritmo ascendente rumo a um time grande. Há os que têm de se provar para garantir sua permanência, como Felipe Massa, Romain Grosjean ou Paul Di Resta e quem, como Alonso e Raikkonen, chegou muito perto da perfeição em 2012 e vive o desafio de manter o padrão.
São muitos os assuntos para tentarmos entender antes da hora da verdade em pouco mais de dois meses. Encerro o recomeço explicando o sumiço repentino: não tive muita chance de me programar antes da minha cirurgia para corrigir a miopia – marcada na correria e que, aliás, recomendo a todos os reféns de óculos e lentes de contato. Confesso que escrevo estas linhas com a visão ainda um pouco embaçada, mas pelo menos já dá para prometer um novo olhar para a temporada 2013!
14 Comments
Maravilha! Você está de volta, que bom Julianne, já estava com saudades de seus textos bem fundamentados e estruturados como esse. Discordo apenas um pouquinho, mas respeito sua opinião é claro, quanto a Hulkenberg, que até agora não conseguiu me convencer apenas com os 15 minutos de fama que tem todo ano em Interlagos, rsrsrs. . . Para quem ganhou tudo nas categorias de base, era para ter chegado chegando, inclusive em cima do Barrica. Temo que estejamos diante de um novo Jan Magnussen, aquele fenômeno da F 3 britânica que fracassou na F 1. Hulkenberg que trate de acelerar na Sauber, porquanto o estreante Gutierrez era muito rápido e combativo na GP 2, além de ter o respaldo fortíssimo do principal patrocinador da equipe.
No mais, existem à frente, como você disse, muitas questões no ano que se inicia, como Perez x Button, Mercedes & Hamilton, McLaren sem Hamilton, que eu espero ver respondidas da maneira mais eletrizante possível.
Se a sua visão crítica já era excelente, imagino agora rsrs. . . Meus melhores votos pela sua rápida e total recuperação, plena de êxito.
Olá Julianne,
Se você já “enxergava” a F1 com esse brilhantismo todo apresentado em 2012 já estou esfregando as mãos à espera da temporada de 2013, Feliz Ano Novo.
Bem-vinda a 2013!
Julianne, além dos desafios para as equipes, para os do pelotão de frente e os “ascendentes”, há mudanças de lugar dos pilotos que me deixam curiosa… Também fico pensando no que será da equação MacLarem-Hamilton+Mercedes (e com seu intrigante vídeo de despedida de 2012 ainda em mente)…
Mas haverá tempo para todas as ponderações, a um só tempo privocativas e esclarecedoras, como nos acostumamos a ler aqui, sem dúvida.
Agora, uma pergunta: quem te deu alta, afinal?
Boa temporada!
Ju, quando vc tocou nos problemas aerodinâmicos da Ferrari, me lembrei de uma matéria do Total Race que citava que os vermelhos utilizariam o túnel de vento da Toyota, o mesmo também usado pela Mclaren. Sendo assim, vc saberia dizer se essa prática de aluguel de vento é tão corriqueira, afinal nunca ouvi falar que a RBR, por exemplo, usa tal prática…Sobre a Mclaren, acredito que Perez, por mais imaturo que seja, terá terreno fértil para aprontar das suas, e pode até vencer. Se o carro da Mercedes não for bom, acredito que Hamilton proporcionará duelos contra a máquina, como bem fazia Villeneuve com aquela Ferrari de 80/81, se o carro for razoavelmente bom, brigará e dará show. Ps: hehe, Ju, me permita um trocadilho respeitoso, afinal, com leve desvio de acuidade visual, vc nos fazia enxergar a F-1 tridimensionalmente, mas e agora? Para qual dimensão iremos, kkkkk? No mais, ótima recuperação para vc 😉
A Red Bull terceiriza muita coisa, e foi justamente daí que surgiu a suspeita de que eles usavam isso para desrespeitar o acordo de restrição de gastos. Porém, não me lembro de falarem sobre um segundo túnel de vento. Utilizar dois túneis ao mesmo tempo não é novidade – inclusive o carro da Brawn foi feito assim – mas isso é considerado arriscado porque os dados podem não coincidir. Geralmente se faz isso quando não estão confiando nos dados e querem confirmá-los.
Olá Julianne. Fico feliz por a ver de volta, e principalmente, por saber que está tudo bem consigo.
Também fiz esse procedimento em Setembro de 2003, repetindo depois em Janeiro de 2004, pois a minha miopia era tão extrema que, pelo menos na época, não dava para reverter totalmente em apenas uma cirurgia. Ainda hoje, tanto tempo depois, acho uma coisa fantástica o poder ver sem óculos… e não se preocupe, que esse embaçamento vai passar.
Agora, com uma visão mais apurada, nenhum pormenor dos grandes prémios lhe vai escapar. Depois não se esqueça de os partilhar connosco.
Fique bem e tenha um grande 2013, com tudo de bom.
Julianne, vc acha que a Force India poderia surpreender, e vir com dois pilotos totalmente novos? Ou ela seria mais conservadora, e manteria o Di Resta?? Acho que não pegou muito bem ele ter falado que queria ir para uma equipe de ponta… e que a equipe só piorou… eu mandaria ele ir plantar bananas, ja que o desempenho desse ano, sei la, ficou meio apagado perto do Hulk….
O que vc acha?
A contratação de Di Resta estaria atrelada a um belo desconto no fornecimento de motores, uma vez que trata-se de um piloto com estreita relação com a Mercedes e isso é o mais importante no momento para uma equipe que passa por dificuldades financeiras. As escolhas deles, no meio do pelotão, sempre têm a ver com o pacote como um todo.
Que bom que você voltou, Julianne.
Eu também sou refém dos óculos – miopia, e nessa época de chuva ainda não inventaram limpador de párabrisa.
Um dia crio coragem e faço como você. Feliz 2013, Saúde, Paz, Sucesso e muitas aceleradas.
Apesar de 2012 ter acontecido o que havia de melhor, esperou uma Fórmula 1 tão boa quanto.
Um abraço!
Julianne,
Aproveitando esse período de férias da Fórmula 1, você tem informações para fazer um post explicando a real dimensão e valia dos simuladores de F 1? Creio ser um assunto que me parece um tanto controverso, a julgar pelas declarações de Raikkonen sobre o novo simulador da Lotus. Ele não dá maior relevância a esse recurso – http://www.totalrace.com.br/site/noticia/2012/12/novo-simulador-nao-mudara-as-coisas-diz-raikkonen . No entanto, veja as fantásticas possibilidades que o mundo virtual está prometendo: http://womotor.wordpress.com/2012/12/21/o-homem-que-pode-mudar-o-automobilismo Aliás, tenho certeza que você, como jornalista bem informada que é, já deve ter ouvido falar dele e estar ciente disso. Citei para ilustrar a controvérsia.
Nunca tive o interesse de lidar com esses simuladores e games eletrônicos que existem hoje, mas fico impressionado com a autoridade com que fala essa garotada que se diverte neles, e que afirma que tal e tal lance ou manobra que ocorre ou ocorreu nas corridas de Fórmula 1 foi ou é facílimo de fazer, de executar etc. Talvez eles tenham mesmo razão, base para falar, se considerarmos que os games são tão perfeitos que já estão até preparando para o automobilismo real garotos como o Jann Mardenborough e outros, quase tornando obsoleta a escola do kartismo.
Por outro lado, num simulador de aviação o avião cai e todo mundo se salva sem sequer sujar ou amarrotar a camisa. . . Obviamente, na realidade não é assim. Por isso, penso que Raikkonen realmente pode ter razão. Acredito que existam alguns fatores que talvez não tornem as experiências virtuais assim tão fáceis de serem repassadas para a vida real. Por exemplo, imagino que a elevadíssima força G – não presente nos games e simuladores de F 1, ao que eu saiba – pode influir na rapidez e na precisão dos reflexos em relação aos movimentos no volante e pedais, e por aí vai. Ou será que ao se estar submetido a 3 ou 4 G’s não se experimenta qualquer dificuldade de reação, por menor que seja?
Ora vejam, eu – que tenho mais que o dobro dos 32 anos dele – fiquei até surpreso por ver que o jovem e grandíssimo Kimi Raikkonen prefere fazer as coisas “analogicamente”, à vera mesmo, e também por vê-lo dizer que na pista de verdade as coisas são diferentes dos simuladores, o que vai na direção contrária à opinião de muitos jogadores de games, que acham que essa ou aquela manobra é facílima de fazer com um F 1 de verdade! Talvez esses exímios pilotos de games estejam esquecendo que, para citar um exemplo, no chamado “traçado de urgência” – em especial – tem que se lidar com peso real que se desloca de verdade. No entanto, li por aí que uma parcela do sucesso do carro vencedor da Red Bull se deve aos esforços incansáveis e à habilidade do suíço Sebastien Buemi no simulador daquela equipe, testando exaustivamente tudo. Enfim, quem tem razão? Por tudo isso, gostaria de saber o quão diferente dos melhores games do mercado é um simulador de F 1, e também quão próximo ou distante ele está das condições reais que uma pista apresenta.
PS: talvez no Simulador aquele portão de Interlagos estivesse aberto, hahahaha!!!!!
Pegando um gancho na sua pergunta Aucam, vejo que o diferencial para um piloto se dar bem no virtual é o fator segurança, afinal naquele ambiente pode forçar demasiadamente sem correr o risco de se ferir, ao passo que na pista, por mais combativo que seja, haverá um limite para si e para o concorrente. Sobre esse garoto revelação, o meio proporcionou teoricamente um piloto que não teria como bancar um kartismo, por exemplo, mas é notório que possui uma habilidade natural, resta saber como será a adaptação em pista, pois treino é treino, jogo é jogo, e sendo assim, por mais conservador que seja, ainda concordo com Raikkonen, pois nas dificuldades da pista e seu tráfego, é que definimos joio e trigo.
É verdade, Wagner. Também penso assim, visto que nos simuladores ninguém se machuca. Então, o fator segurança/confiança que você apontou e aqueles que mencionei acima influenciam sim, e fazem diferença na vida real. Mas realmente estamos diante de algo novo, que pode tornar o acesso ao automobilismo menos elitista e mais fácil para os jovens de poucos recursos econômico-financeiros, e ainda privilegiando os talentos naturais, eis que uma temporada com kart competitivo está muito cara. Talvez, agora, aquele motorista que dirige um ônibus no Aterro do Flamengo ou aquele que guia um caminhão na Sibéria e que é NATURALMENTE o mais hábil do mundo possa surgir para a Fórmula 1 e ser o VERDADEIRO campeão. Espero que a Julianne possa jogar luz sobre o assunto, pois eu que sou de uma geração mais velha, “analógica”, gostaria de saber quão diferentes e distantes estão os simuladores das equipes da F 1 dos games mais sofisticados vendidos no mercado. E Mardenborough será o primeiro em monopostos, pois o espanhol Lucas Ordoñês, que o precedeu, correu com GTs e até em Le Mans.
Abs.
São duas coisas diferentes. Os simuladores na F-1 têm um papel bem mais complexo do que “treinar” o piloto. Depois escrevo com mais calma sobre o tema.
Obrigado, Julianne. Vou aguardar com muito interesse seu post sobre o assunto, quando você puder escrevê-lo.
Abs.