F1 Concorrência para os pagantes - Julianne Cerasoli Skip to content

Concorrência para os pagantes

O Brasil tem a chance real de começar a temporada 2013 com apenas um piloto no grid da Fórmula 1. Nenhuma novidade para um país em que as categorias de base de monopostos não conseguem sobreviver. Porém, a F-1 está recheada de exemplos de pilotos na mesma situação, mas ajudados pela iniciativa privada. Afinal, com o apoio financeiro, é possível ir até onde pode-se ganhar experiência.

O exemplo mais próximo de um Perez, um Maldonado ou mesmo um Bottas por aqui é Felipe Nasr, que vai para seu segundo ano de GP2 vindo de títulos na Alemanha e na contando com o contínuo apoio de empresas brasileiras, especialmente o Banco do Brasil.

Nasr, que saiu do Brasil aos 16 anos direto do kart, espera ter como grande rival pelo título um inglês fruto de uma interessante fábrica de jovens talentos. James Calado é um dos filhos pródigos do Racing Steps Foundation, entidade que, desde 2007, busca jovens talentos no automobilismo e no motociclismo no Reino Unido.

A fundação, privada e sem fins lucrativos, é mantida por um empresário do ramo de commodities, Graham Sharp, fanático por automobilismo e conhecido por suas obras de caridade. John Surtees, único campeão mundial das motos e da F-1, é o embaixador e olheiro. A seriedade da empreitada atraiu o apoio de equipes de tradição das categorias de base, como a Carlin e a ART, garantindo que os pilotos escolhidos tenham boa estrutura para se desenvolver. Outra preocupação é com a formação escolar dos meninos, uma vez que a Racing Steps trabalha com promessas desde o kart.

Para 2013, por enquanto foram anunciados quatro pilotos. Além de Calado, que faz seu segundo ano na GP2, o campeão da F-3 International, Jack Harvey, vai para a GP3. Campeão da Formula Renault NEC e vencedor do prêmio McLaren Autosport BRDC, Jake Dennis subirá para a Eurocup Formula Renault 2.0. Já John McPhee estará na Moto3.

O primeiro “graduado” da iniciativa, criada em 2007, é Oliver Turvey, hoje piloto de testes da McLaren. Mas tudo indica que Calado, estreante do ano na GP2 ano passado, será o primeiro grande fruto do Racing Steps. Curiosamente, o inglês foi vice campeão de dois pilotos que hoje estão na F-1 (de Vergne na F-3 Britânica em 2010 e de Bottas na GP3 em 2011). Em ambas as categorias, fez apenas um ano antes de seguir adiante e agora terá, na GP2, um teste com as vantagens e pressões de ser badalado como candidato ao título em sua segunda temporada.

Trata-se de uma história semelhante à de Lewis Hamilton que, se dependesse apenas do paitrocínio mesmo nos tempos de kart, estaria hoje no sofá de casa. Calado é outro menino de família humilde para os padrões britânicos e, sem o Racing Steps, muito provavelmente seria limado do automobilismo mesmo antes que pudesse mostrar serviço. A diferença em relação aos tempos de Hamilton é que a gastança de empresas ligadas à F-1, com exceção da Red Bull, com programas de desenvolvimento é coisa do passado, diminuindo a possibilidade de jovens que não tenham apoio de grandes empresas de seus países.

É nessa lacuna que o Racing Steps entra: ao invés de concorrer na “compra” de vagas, o programa busca preparar os pilotos para que eles gerem interesse de boas equipes e, assim, possam mostrar serviço para ir adiante. É a prova, que poderia muito bem ser copiada por aqui para que o exemplo de Nasr não fosse único, de que não é só de caminhões de dinheiro que se vive no automobilismo.

6 Comments

  1. Julianne,

    Mais um post que vem enriquecer os nossos conhecimentos como aficionados do automobilismo . Muito bacana o que vem fazendo esse mecenas inglês, propiciando o surgimento de talentos VERDADEIROS. Além de louvável, é certíssima a abordagem que a Racing Step Foundation faz, garimpando e garantindo apoio a quem tem habilidade natural e falta de recursos próprios. A isso chama-se bom automobilismo.

    Considero James Calado muito promissor, ele já “chegou chegando” em cima de seu companheiro de equipe Esteban Gutierrez (um piloto rápido e muito combativo), conseguindo se impor a ele em diversas oportunidades, não obstante a maior experiência do mexicano, que foi uma grande referência para se avaliar a habilidade do inglês. Calado também se saiu melhor que Felipe Nasr, que correu na equipe campeã, tão boa que o vice de Razia foi mais valorizado por muita gente que o próprio título de Valsecchi, por ter sido a Arden considerada mais fraca que a DAMS. Eu esperava mais de Nasr, por tudo o que ele havia feito anteriormente, por isso estou apostando mais em Calado para 2013. O inglês fez 2 poles e obteve duas vitórias na GP 2 em seu primeiro ano na categoria.

    • Nao sei se eh verdade, mas li que o 2o. carro da DAMS era inferior ao carro de Valsecchi. Alguem por aqui pode confirmar/desmentir?

      • tb achei o 2º carro da dams inferior, tanto é que o carro do nasr quebrou muito mais do que o do valsecchi

        • Eu li que a diferenca era fato, nao especulacao. A equipe nao teria dinheiro p/ bancar dois carros no mesmo nivel. Tenho certeza que foi no Total Race que li isso, mas nao tive sucesso em minha busca 🙁

          • Caro Muguello: realmente, Nasr andou se queixando de seu carro, (talvez até tenha sido esse o motivo pelo qual tenha trocado de equipe para 2013) e isso foi noticiado aqui no Totalrace em

            http://www.totalrace.com.br/site/gp2/noticia/2012/10/com-opcao-de-escolha-na-gp2-nasr-mira-equipe-vencedora-pra-2013.
            De qualquer modo, sem em absoluto menosprezar o grande talento do brasileiro, que é rápido e sobretudo consistente, pareceu-me que Nasr em algumas ocasiões teve carro para apresentar resultados melhores. Creio que não esteve no seu melhor ano em 2012, pois até no GP de Macau (F3), onde era considerado franco favorito à vitória, chegou em quinto, sendo amplamente superado por Antonio Félix da Costa, um talento a ser observado com atenção. Mas acredito que o brasileiro conseguirá chegar à Fórmula 1, embora eu considere que James Calado seja mais rápido e talentoso que Nasr. No entanto, é a minha simples opinião, que talvez esteja muito severa, e torço para Nasr se consagrar como o próximo campeão da GP 2, pois não é bom para nós todos que gostamos de automobilismo ficarmos sem um representante na categoria máxima, ainda mais do jeito que caminha esse esporte (?) no Brasil, atualmente.

  2. Julianne, fazendo uma analogia com o que ocorre com esportes como futebol e volei, ter divisões de base para a formação de atletas parece uma boa idéia. Mas para o automobilismo vejo algumas questões que não a tornam tão atrativa. Em esportes como futebol são 11 atletas atuando, e no volei 6, além dos reservas. No automobilismo, dependendo, 1 ou dois por equipe. A demanda é bem diferente. O custo de manter equipes de base no automobilismo é alta comparativamente. Quanto a seleção dos atletas mesmo fazendo uma peneira, manter muitos ao mesmo tempo tem um custo adicional significativo, uma vez que você tem que ter no minimo equipamento ṕara cada selecionado. Então do ponto de vista custo/benefício será que é interessante manter uma categoria de base própria para colher futuramente os frutos desse investimento? O modelo que você citou Racing Steps Foundation parece realmente ser um modelo alternativo bastante viável.


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