F1 O fator Kimi e as apostas da Lotus - Julianne Cerasoli Skip to content

O fator Kimi e as apostas da Lotus

É fácil levantar agora a plaquinha do “eu já sabia”. Difícil era saber o que esperar de Kimi Raikkonen, dentro e fora das pistas, há pouco mais de um ano, quando a Lotus anunciou a contratação do finlandês. Em termos de pilotagem, o campeão de 2007 não vinha sendo nos últimos anos de Ferrari nem sombra do piloto que mereceu muito mais do que ganhou na McLaren e ainda por cima passara dois anos longe dos monopostos. Em termos comerciais, Kimi sempre deixou claro que não se pode esperar dele a mais aberta e clássica das abordagens. Primeiramente, era necessário apostar em sua readaptação. E, ao invés de forçar Raikkonen a ser quem não é, lucrar justamente com sua imagem de anti-garoto-propaganda.

No final das contas, ficou claro que, para ambos os fatores, a Lotus não poderia ser um ambiente melhor para o retorno do Iceman. E, do lado do piloto, isso também foi uma aposta e tanto. A equipe parecia perdida após o acidente de Robert Kubica em 2011 e a aposta pelo escapamento frontal – outra decisão arriscada, por sinal – e poucos previam que eles encontrassem o caminho e mantivessem o ritmo do desenvolvimento.

Parte das dúvidas era relacionada ao dinheiro, pois sabia-se que a Genii havia se comprometido a um pagamento a longo prazo pelo espólio da Renault e contava com o apoio da Lotus Cars, empresa que, sob a batuta do ambicioso Dany Bahar, andava com mais projetos do que recursos em caixa. Em pouco tempo, o turco foi limado da empresa malaia e a Lotus parou de investir na equipe. Em um acordo comercialmente bom para ambas as partes, o nome ficou.

O resumo da obra é que, se a abordagem mais conservadora no campo técnico em 2012 deu resultados na pista e o risco com Raikkonen acabou saindo melhor que a encomenda, as apostas comerciais ainda engatinham. A equipe sofre sérios problemas financeiros e, especula-se que deva perto de 80 milhões de euros. Não coincidentemente, surgem boatos de uma possível venda, ainda que faça sentido a posição oficial da Genii de que deseja apenas se desfazer de parte das ações.

Afinal, se Raikkonen demonstrou seu valor dentro da pista, também provou ser uma peça útil em termos comerciais. A postura da Lotus, ao deixar o finlandês à vontade, acabou provando ser a mais acertada tanto para gerar marketing positivo, quanto para fazê-lo render na pista logo de cara e se encaixou na imagem jovial que o ex-time de Flavio Briatore sempre cultivou. Kimi já chegou junto de patrocinadores menores no início de 2012, mas a intenção da equipe, a longo prazo, é usá-lo para atrair marcas mais despojadas, como a do energético Burn, da Coca-Cola. Faz bem mais sentido do que ver Kimi posando com roupas Hugo Boss.

Resta a corda não estourar antes que a estratégia der resultado também financeiro para não comprometer os investimentos no carro. Olhando neste início de 2013, parece uma façanha, mas, em se tratando do que se mostrou ser uma poderosa parceria, é melhor não duvidar de Raikkonen e da Lotus.

7 Comments

  1. Vamos ver o que eles fazem com o “trabalho duro”, que por si só, não é o suficiente. A concorrência não quer perder os pontos, outrora “roubados” pela equipe GENII em 2012. E seja como for os discursos, McLaren, Ferrari e RBR prometem vir fortes. Ok, o regulamento não mudou muito. Mas Mercedes, Sauber e as outras emergentes sabem disso e o negócio tende a ficar mais acirrado.
    E se o finlandês faz o que faz e o negócio ainda está ruim
    então é por que não conseguem se separar das raízes da modesta Toleman.

    Abr, Boa Semana

    • “… então é por que não conseguem se separar das raízes da modesta Toleman.”

      Ou com as raízes da Benetton campeã com Schumi em 94 e 95 ou Renault bi com Alonso em 2005 e 2006.

      Raiz não conta, o que conta é o carro que os “mano” do IceMan vão fazer. Não vai ser bom, mas ele é bom em fazer um carro não bom andar… A lembrar dos tempos de Mclaren.

  2. O que é engraçado, é que a Lotus fez o que seria considerado loucura para os especialistas de marketing, pagar caro num piloto que não faz as campanhas publicitarias que as empresas que patrocinam a equipe necessitam ou acham que necessitam para se ter boa publicidade.
    Sempre olho com certo receio para os especialistas da área de publicidade, marketing.

  3. Nao eh so dinheiro que faz vencer. Vide Toyota que despejou *muito* dinheiro na F1 e nunca colheu nada. Quem foram os pilotos da Toyota que poderiam ter feito a diferenca?

    Talento eh o que faz a diferenca! dinheiro ajuda e muito, mas sem talento vai ser sempre um disperdicio!

    Kimi tem talento, acredito que a maioria concorde nisso! Se a Lotus vai saber usar o pouco dinheiro disponivel para usa-lo com sabedoria e nao disperdicar, ainda vamos ver. Que a Lotus tem uma abordagem “pouco ortodoxa”, ja foi mostrado: explorar comercialmente coisas como “Leave me alone, I know what I’m doing” foi sensacional! Torco para que os plano deem certo na Lotus! Gosto de corridas e a Lotus parece-me um equipe com “coracao garagista” ™ 😉

    Tenho muito mais simpatia pela Lotus como equipe do que pela Mercedes… por que serah? Ah! e a Lotus que me refiro eh a que tem antecessores Renault, Benetton e Toleman! Nao eh a “original”…. Pode chama-la do que quiser, nao eh o nome, mas o pedigree, a alma da equipe! Posso estar errado, mas ate aqui tem sido um prazer acompanhar a evolucao e os sucessos desse equipe.

    • E nem é só talento também… Afinal a Renault tinha o Alonso e não teve cacife pra segurar, nem ele nem a equipe. Só voltou pra Renault pra esperar a vaga na Ferrari…

      E a Lotus de pedigree morreu lá em 94 (antes disso, claro, mas tecnicamente foi ali). Agora, tbm torço pra essa equipe, seja lá o nome que for… Os caras lutam pra fazer um bom trabalho e fazem um bom marketing daquilo que tem, o que também é fantástico.

    • Chamen o que quizer, mas esse preto com dourado inspira um monte de coisas. Mas quem vai faturar alto com tudo isso e o espirutu do Kimi vai ser a cuecacuela y su Burn. Falei.


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