F1 GP dos EUA por brasileiros, britânicos e espanhóis: “Com requintes de crueldade” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP dos EUA por brasileiros, britânicos e espanhóis: “Com requintes de crueldade”

O forte calor no domingo em Austin abriu a possibilidade de uma corrida mais movimentada, pelo menos na expectativa antes da largada. “Podemos ver algumas equipes forçadas a fazer duas paradas devido às temperaturas, mas uma parada é mais rápido”, espera o narrador da Sky Sports britânica, David Croft. Mas ninguém duvida quem vai sair ganhando. “A prova deve ser fácil porque, quem poderia complicar, decepcionou na classificação, que é a Mercedes”, vê Reginaldo Leme na Globo. Os espanhóis, na Antena 3, estão mais preocupados com a largada, pois Fernando Alonso está do lado sujo, evitado a todo custo pela Ferrari no ano anterior – e temem o recém-desempregado Sergio Perez. “Fernando tem de ter cuidado porque Sergio vai ser muito agressivo.”

De fato, o mexicano supera o espanhol, enquanto Vettel, mesmo “largando mal e atrapalhando o pelotão”, na visão de Lobato, escapa na frente. “Vettel larga bem, com Grosjean por fora e foi o Webber que ficou. Expectativa para o Massa, que é bom de largada. Ele vai tentando abrir caminho, mas com segurança”, narra Luis Roberto na Globo. “Kovalainen muito cuidadoso na primeira curva, o que era de se esperar porque faz tempo que ele não corre”, destaca Martin Brundle, comentarista britânico.

Tudo dentro da normalidade até que a imagem corta para a Force India bastante danificada de Adrian Sutil. “Será que teve uma suspensão quebrada?”, é o primeiro reflexo de Brundle. “Foi um contato com Gutierrez. Parece que um não viu que o outro estava vindo. Na verdade, é surpreendente que isso não aconteça mais vezes”, acredita o comentarista, que percebe no replay que, na verdade, a batida foi com Maldonado.  “Parece que foi erro do Sutil, que não viu a Williams e fez o movimento para a esquerda.”

Nem a repetição convence Lobato, que segue até o meio da prova implicando com o comentarista Jacobo Vega, o primeiro a ver o contato com a Williams. “Pode ser um toque tentando sair do vácuo de outro, mas é estranho”, vê o também comentarista Pedro de la Rosa. “Poderia ter sido muito pior, hein.”

O Safety Car entra na pista e diminui a expectativa de duas paradas devido ao calor. “Parece que o problema é o desgaste do ombro do pneu, algo que eles vão observar durante a prova”, explica o repórter Ted Kravitz. A prova em si, a paralização não afeta muito. “O Vettel deve controlar a corrida, a não ser que o Grosjean tenha um menor desgaste de pneus. Mas, como o desgaste aqui é baixo, não acredito que ele será ameaçado”, prevê Luciano Burti, enquanto De la Rosa vê um lado positivo. “A boa notícia é que, depois de quatro voltas, Vettel ainda não escapou”, brinca.

Da relargada até a primeira – e única para a maioria – parada, pouco aconteceu. Os espanhóis se preocupavam porque “vai ser muito difícil o Fernando passar o Perez pois a McLaren foi o carro mais rápido de reta na classificação”, como lembra De la Rosa, e Lobato vê “Perez e Hulkenberg freando Fernando. É uma pena porque nos afasta da luta pelo pódio.”

Na Sky, o foco é em Webber, que “não está ajudando em nada seu pneu” ao perseguir Hamilton de perto, para Brundle. Quando Kravitz acredita que a Red Bull tentaria o undercut, o australiano supera o inglês na pista. “Webber foi Hamilton nessa ultrapassagem”, compara o comentarista. O piloto da Red Bull passou tão lotado que Luis Roberto até viu DRS na ultrapassagem. Depois corrige. Reginaldo acha que o inglês tem problemas de freio e Burti também vê isso como uma possibilidade. “Mark se atirou como uma lagartixa”, narra Lobato.

Com a prova morna – Luis Roberto chega a perder a paciência: “teve 55 ultrapassagens ano passado. Está na hora de começar!” – vários assuntos acabam entrando em pauta. Kravitz é irônico com Maldonado, que recebe bandeira preta e laranja por estar com a asa dianteira danificada. “Fico imaginando quem ele vai culpar por isso”, lembrando as suspeitas levantadas pelo venezuelano, rechaçadas por Brundle. “A equipe erra. Não faz sentido ficar culpando-os e achando que está sendo perseguido. É uma equipe que precisa desesperadamente de pontos. Não importa quem ganha.”

Na Globo, primeiro o assunto é Grosjean, que “vem fazendo várias corridas boas, ao contrário do ano passado, quando era assustador para os outros”, segundo Luis Roberto. Depois, a conversa é sobre a dispensa de Perez e Burti reclama de decisão tardia. A bronca de Maldonado com a Williams também entra em pauta e seria injustificada porque “a equipe só fez um ponto até agora, vive a pior temporada da história, não teria motivo para prejudicá-lo”, defende Luis Roberto. “Mas ano que vem muda tudo”, lembra Reginaldo.

As mensagens de rádio do engenheiro de Vettel, Rocky, irritam. “O engenheiro está falando pra ele tomar um cafezinho…”, ‘traduz’ Luis Roberto. “Essas mensagens do engenheiro do Vettel já estão chatas. Fica a corrida inteira pedindo para ele não acelerar. Queremos um conteúdo diferente”, reclama De la Rosa.

Os ingleses criticam a estratégia da Ferrari, que dá prioridade para Massa cobrir Button e perde o undercut de Alonso em Perez. “A Ferrari precisava ter parado Alonso, mas optaram por defender a posição de Massa e priorizaram o brasileiro”, diz Brundle. Mas De la Rosa discorda. “É muito bom que Massa tenha entrado para cobrir posição porque a parada de Button foi ruim”, diz o comentarista antes do brasileiro voltar à frente do inglês. “Fernando não tem de entrar agora. Se Perez parar, ele tem de seguir. Entrar junto seria a pior coisa. Vamos ver qual o ritmo de Fernando sem Perez na frente.”

De fato, o espanhol retarda sua parada, contando com o tráfego pego pelo mexicano quando este fez sua parada, para revolta de Luis Roberto. “Agora que a gente ia ter um pegazinho, chamaram para o box.” Com direito a torcida espanhola para Vergne atrapalhar Perez, a estratégia funciona e Alonso realmente sai na frente.

Na Sky, o destaque eram as mensagens confusas de Hamilton para seu engenheiro, ora pedindo silêncio, ora querendo mais informações. Os britânicos entram com Ross Brawn ao vivo e Brundle pergunta sobre isso. “Esse é o Lewis. Estamos nos acostumando com isso”, diz o chefe do inglês.

Depois da parada, Webber começa a se aproximar de Grosjean. “Parece que, com o pneu duro, a Red Bull tem mais ritmo que a Lotus e vai ser difícil para Grosjean segurar”, aposta Burti. Mas, depois de algumas voltas, o ritmo da Red Bull cai. “Os espanhóis suspeitam de travada de pneus e os brasileiros, de quebra. Ele reclama que tudo acontece no carro dele, mas a Red Bull também teve sorte com o Vettel, como no GP da Itália, em que disseram que foi um milagre ele chegar”, lembra Reginaldo. Os britânicos falam do desgaste excessivo de pneus quando se segue outro carro de perto, questionam a Red Bull e dão a informação de que a equipe pediu para que Webber se afastasse justamente por isso.

Bottas empolga britânicos e brasileiros, que vibram com a grande ultrapassagem sobre Gutierrez. “Foi corajoso, foi por fora em uma curva de alta”, salientou Burti. “Muito veloz. Além de executar a manobra muito bem, a preparação foi muito bem feita”, completa Reginaldo. “Será a primeira vez que estamos vendo o que Frank Williams acha de Bottas, que ele é muito talentoso”, diz Croft, mas Brundle não concorda. “Já vimos no Canadá. Não há dúvidas que ele é uma estrela do futuro.” Mas Lobato reclama de ver tanto replay do lance: quer ver Alonso se aproximando de Hulkenberg.

O engenheiro de Vettel pede que ele tenha cuidado porque “os pneus não são a prova de bala” e Luis Roberto se diverte. “Não há sinais de tiros, então ele segue na frente.” Burti diz que “quando ele quer, é 1s mais rápido que todos, não tem para ninguém” e o narrador vê “requintes de crueldade” no domínio do alemão.

Enquanto isso, Webber está preso atrás de Grosjean. “Mais do que ser demérito ao Webber, ele não conseguir passar mostra que o Vettel é demais”, acredita Luis Roberto. “É um pouco dos dois, porque o Webber demora muito para ir pra cima”, acredita Reginaldo, enquanto Burti lembra que “uma parte da diferença são as largadas. Isso dificulta para ele se recuperar durante a corrida.”

A disputa pelo segundo lugar gera uma aposta entre os espanhóis. “Acham que Webber vai passar?”, pergunta De la Rosa, ao que Vega responde que sim. “E você, Pedro?”, questiona Lobato. “Eu? Eu que perguntei…”, foge, para depois dizer que não e ‘sonhar’ que Vettel não está na pista. “Aí seria uma bela disputa pela primeira vitória de Grosjean.”

O francês também é o assunto entre os ingleses. “Falaram-me na Lotus que Romain é um cara diferente desde que foi pai, percebendo que a F1 não é tudo na vida dele. Tem sido diferente trabalhar com ele”, diz Croft.

Com Webber preso, as últimas brigas da prova são protagonizadas por Alonso, que vai à caça de Hamilton. “Essas últimas voltas são ser longuíssimas para Hamilton, talvez curtas para Fernando e também difíceis para Grosjean”, prevê Lobato. Mas os pneus do espanhol acabam – ou “o Hamilton carregou as pilhas”, para De la Rosa – e o ferrarista passa a ser pressionado por Hulkenberg. Mesmo ultrapassado, consegue dar o troco e permanecer na frente. “Nem sei como Alonso conseguiu, mas nunca o subestime, mesmo sem pneu”, destaca Brundle. “O cálculo do Alonso, a visão que ele tem das manobras impressiona. O talento do espanhol segurou a onda”, diz Luis Roberto. “Aqui é sofrimento até o fim”, diz Lobato.

No final, dá Vettel com tranquilidade. “Estamos testemunhando algo muito especial aqui”, acredita Brundle. O alemão concorda e diz para sua equipe que “temos de lembrar de dias como esses, que não vão durar para sempre”. Burti diz que a mensagem é “madura”, enquanto Lobato vê “previsões”. Mas De la Rosa tem outra teoria: “Vai ver ele estava falando dos zerinhos porque ninguém vai fazer isso em condições normais porque é um grande estresse para o câmbio e o motor. E Lobato emenda. “Quem vai ser o bonitão que vai tentar isso ano que vem, com todas as incertezas com os motores?”

15 Comments

  1. Destaco 2 coisas:

    -A terrivel dificuldade de largar do lado par em Austin. Todo mundo que largou no lado impar ganha algumas posições. Se continuar tendo corrida ali e isso não mudar, será mais um foco de expectativa nas temporadas vindouras da F-1.

    -A sensacional evolução de Romain Grosjean. De “maluco da primeira volta” ano passado à candidato a desbancar Nico Hulkenberg na “categoria oba-oba” este ano, me arrisco a dizer que tamanha melhora foi algo raro na categoria.

    • Hahahahaha!!! Na categoria “oba-oba”, independentemente de ter ou não mérito, WHOkenberg é insuperável! A histeria continua. . . Não consigo entender como a McLaren preferiu um novato (ainda que do programa júnior dela) – Magnussen – a um talento tão notável, WHOlk, já experiente e dando sopa no mercado. . . 10 quilos a mais não fazem uma diferença que não possa ser tirada no braço por quem tem talento! A Ferrari então foi mais cruel, liquidou a parada com um SMS!

      Por falar em Whokenberg, ele levou um baile do Alonso em Austin. Vale uma comparação: Maldonado, que muitíssimos execram, apedrejam e o escambau, foi IMPLACAVELMENTE acossado pelo mesmo Alonso no GP da Espanha no ano passado e resistiu à fúria do espanhol, vencendo com autoridade a corrida. Isto é um fato! Whokenberg nunca subiu ao pódio: até o Pérez, que fracassou, foi várias vezes ao pódio com a Sauber, e Fisichella levou uma Force India a um segundo lugar. E olha que este ano WHOlk já despachou na reta – de asa fechada – Hamilton e Alonso – ambos de asas abertas. No entanto, Vettel continua sem unanimidade. . . Como dizia Harry, a hiena, ó vida! Já pensou em mais 15 minutos de fama, em Interlagos no próximo domingo, para Whokenberg? Andy Wharol nunca imaginou que eles durassem tanto!!!

      Concordo com você no que tange a Grosjean, e repito aquilo que sempre digo: a velocidade é o fator mais essencial em um piloto, tudo o mais pode ser lapidado. Grosjean sempre teve muita velocidade, às vezes até penso que pode repetir a história de Schekter, que “aprontava” muito no início (inclusive fez um dos mais espetaculares strikes da F 1 num GP da Inglaterra, derrubando oito carros com uma só “tacada”) e acabou sendo campeão mundial muitos anos depois. Só o futuro dirá.

      • concordo com vc Aucan para mim sempre vai ser melhor o piloto mais veloz, claro se o caro aliar a isso inteligencia e capacidade de acertar o carro ai não tem pra ninguem, mas corrida de carro para mim o destaque é o mais veloz e nesse requsito Grosjean é muito bom, o maldonado ainda é uma incóginita gosto dele tambem muito veloz mas minha dúvidas é quanto a acertar o carro ele é muito instável acredito que ele já teve tempo sentir um carro e fazer os ajustes necessários para mudar e em muitos gps ele não acerta mas quando acerta como foi o gp da espanha ele se torna tão bom quantos aos top exatamente devido sua velocidade e ousadia na pista.

        • Lúcio, valorizo muitíssimo pilotos que não são cozinheiros de galo em banho-maria, que vão pra cima, que têm velocidade e habilidade naturais, e Maldonado se encaixa nesse perfil, mas reconheço o óbvio, que ele vem tendo um mau ano. No entanto, ainda acho que merece continuar na F 1, tem velocidade e garra, não deve ser subestimado num bom carro, afinal resistir à fúria de Alonso disputando uma vitória não é pra qualquer um. Além do mais, venceu em Mônaco na GP 2, e Jackie Stewart, que sem a mais infinitesimal dúvida sabe de corridas infinitamente mais que eu, disse que para vencer ali é preciso ser diferenciado.

          Falando de velocidade, eu acho que considerando todos esses aspectos, o venezuelano, mesmo andando mal, foi um bom parâmetro para avaliarmos o Bottas, que mostrou um potencial surpreendente, também e principalmente comparando o finlandês com outros pilotos, à vista do que ele tem feito ultimamente. A meu ver, Massa vai ter vida dura pela frente na Williams e, sobre ele, creio que Nelson Piquet é quem tem a melhor explicação para os seus altos e baixos, baseada em sua própria experiência com o acidente da Tamburello: depois de um grave traumatismo craniano, nunca mais um piloto volta a ser o mesmo de antes. Pelos seus comentários, sei que o Bottas também está em seu radar.
          Abs.

          • concordo Aucam, quanto ao Bottas eu tenho visto que ele é muito habilidoso como os bons pilotos finlandeses, acredito que vai dar trabalho ao Massa se massa não se ligar pode ser batido pelo Bottas. O massa leva vantagem no peso, o botas tem que tirar esse décimo no braço.

  2. Pelo visto o engenheiro de pista do Vettel tá pedindo para ele economizar pneu na corrida para sobrar para os zerinhos no final.

  3. Oi Ju,

    Eu não entendo porque a Globo não efetiva o Sergio Mauricio para substituir o Galvão quando este não está escalado para transmitir algum GP.

    Primeiramente o melhor narrador de corridas pra mim, hoje, na TV brasileira é o Octávio (Tatá) Muniz. Depois o Sergio Mauricio. No rádio tenho também meus preferidos, mas vou falar só da TV.

    Eu assisto corrida com um ouvido no rádio e outro na TV (!!!).

    Assisti a corrida no SporTV e depois na Globo (de madrugada!). Não curto o Luiz Roberto narrando Fórmula 1. O Sérgio Mauricio é mais focado, embora cometeu uma gafe quando o Massa ultrapassou Button e ele narrava o Alonso ultrapassando o Hamilton. Depois corrigiu, mas eu gostaria muito de ver Sergio Mauricio nas etapas em que o Galvão estiver ausente.

    Um abraço!

    • Agradeço ao Sérgio Magalhães pela referência elogiosa. E aproveito para informar que temos mais duas narrações ainda neste ano – 8/12 Superbike Curitiba e 15/12 Bras. de Turismo em Interlagos, ambas pela RedeTV! e R7.

  4. Para mim, um dream team na TV seria alguém como o Guto Nejaim (da Moto GP no SporTV) narrando (narração vibrante e competente) e com os dois melhores jornalistas de automobilismo do Brasil, o Celso Itiberê e a Julianne Cerasoli comentando. Não custa sonhar.

    • Eu também concordo com o Guto Nejaim. Pelo menos na MotoGP é um excelente narrador.

    • Aucam,

      E Julianne Cerasoli comentando…

      É isso aí!!! JuCera na Globo, ganhando um monte de $$$$!!!

      Libera um programa, mesmo que mensal ou de madrugada para ela aparecer dando detalhes técnicos e de tudo o que acontece no ‘circo’. Garanto que ela dá conta.

      Seria demais. Mas será que ela ai ficar fresca e sumir do blog??

      • haha nunca!

  5. Esse Lobato é um comédia, dizer que Vettel largou mal. Acho que ele estava olhando para o carro 2 da RB.

  6. Juliana, parabéns…!Assisti a corrida nos EUA, acho que foi a CBS que transmitiu… e vou te dizer, mandaram bem viu, dominavam o assunto… talvez seja um coisa legal… vc incluir os americanos nos próximo ano!!


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