Comparando com os carros da década de 1980, começo dos 90, os carros de F1 hoje têm menos potência. Mesmo assim, conseguem tempos de volta bem mais rápidos. Isso porque, devido ao avanço da aerodinâmica, fazem as curvas de maneira muito eficiente. Isso tem seus desdobramentos. Ultrapassar com um carro apoiado na aerodinâmica, ou seja, em fluxos de ar, é missão dificílima, assim como guiar um carro desses.
Não é de se estranhar que os treinamentos físicos tenham tomado uma dimensão fundamental. O que Senna fazia para se sobressair em situações de estresse – treinava o corpo para que este não tirasse energia da mente e influísse no desempenho – hoje é pura necessidade.
Um carro mais rápido em curvas significa mais forças puxando para os lados, para frente, para trás, para cima, para baixo. É como ficar 2h numa montanha russa tendo que guiá-la. Os batimentos cardíacos ficam acima de 85% da frequência máxima por todo o tempo, as pernas têm que pressionar o pedal volta após volta com força que ultrapassa os 200kg em freadas fortes, a região lombar aguenta pancadas de ondulações e aclives – os pilotos não ficam sentados, o quadril fica à frente do tronco. Para completar. os músculos do pescoço que, ao contrário do restante do corpo, tem que se segurar sozinho nas curvas, sofrem um bocado.
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O piloto de F1, então, precisa do preparo cardiovascular de um maratonista. Precisa aguentar, por muito tempo, batimentos que esgotariam qualquer mortal devido ao acúmulo de ácido lático e consequente fadiga. Para isso, têm que praticar atividades aeróbias contínuas. Vale correr, pedalar, nadar… Não é de surpreender que a nova moda entre os profissionais seja o triatlo.
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O trabalho de musculação também é fundamental. Para o pescoço eles usam uma máquina específica, que prende o capacete a pesos. A musculatura dos ombros também é muito requisitada, assim como a parte superior das costas – fazem muitas remadas – e a chamada região do core, que engloba abdome e lombar – dá-lhe exercícios funcionais, executados no desequlíbrio, principalmente com a bola suíça. Para as pernas, geralmente fazem leg press, movimento que se assemelha ao da freada. A intenção não é ficar musculoso, mas ter resistência de força.
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O músculo é muito pesado e os pilotos mais leves têm vantagem, pois podem trabalhar melhor o lastro. Então, é preciso ser o mais forte possível com o mínimo de massa muscular acumulada. São homens de ferro, que suportam cargas equivalentes a 5x a força da gravidade, por trás de corpos franzinos, que costumam não passar de 70kg!
3 Comments
Julianne, você está se passando em seus posts, muito bom este novamente!
Você explicou coisas que eu não sabia, muito interessante. Vou comentar sempre que tiver algo novo por aqui e se possível trazer comentaristas para cá também.
Uma abraço e parabéns pelo texto.
Obrigada pela força novamente.
E não tente repetir esse treino com bola suiça do Kimi em casa! haha
essa é uma das provas, que as comparações podem ser perigosas e deturpadas, pois em tempos remotos, o físico não era tão exigido quanto hoje. um gênio do passado, dificilmente terminaria uma corrida hoje. lição aprendida!