Teste secreto
Por onde começar? Uma empresa contratada – e aceitando tal condição – para fazer um produto limítrofe, mas com condições esdrúxulas de testá-lo. Uma entidade que fecha os olhos quando um diretor de provas encontra uma solução que rasga o regulamento. Equipes que só entram em consenso depois de colocar seus próprios pilotos em risco. Infelizmente, tudo o que cercou a polêmica dos pneus nesta temporada não foi o primeiro, e nem o último exemplo da Fórmula 1 atirando no próprio pé.
Retrocessos da McLaren
Não é a primeira vez em sua história recente que a McLaren tenta reinventar a roda e acaba se perdendo. Talvez isso tenha a ver com seu sistema descentralizado de comando, mas o time mostra ao mesmo tempo uma capacidade grande de reação e de se perder. Foi assim no decorrer da temporada de 2010, nos apagões de 2012 no meio do caminho e na péssima decisão de começar um projeto ousado no último ano de um conjunto de regras. Em tempos de Red Bull afinadíssima, é pouco.
Rocky
Ao longo do campeonato, foi ficando cada vez mais bizarra a sequência de mensagens do engenheiro de Vettel com seu tom ameaçador buscando diminuir o ritmo do alemão. Ele tentou de tudo: ‘quando os pneus acabarem, eles não avisarão antes’; ‘nós já temos problemas suficientes’. Isso sem contar no “vamos conversar sobre isso depois”, uma bronca para uma tentativa de volta mais rápida justamente quando Vettel cruzava a linha chegada para selar o título! Mas parece que o piloto gosta do estilo durão de seu engenheiro e até mandou “eu sei o que estou fazendo” em tom de brincadeira depois de – outra – vitória em Abu Dhabi.
Segunda metade do ano
Depois de um ano e meio de muitas alternativas e a expectativa de que nenhuma equipe conseguisse uma vantagem marcante devido ao foco em 2014, há uma mudança nos pneus e uma melhor adaptação de apenas um conjunto. E, como num passo de mágica, voltamos a 2011, com provas disputadas apenas do segundo lugar em diante. Isso nos deu algumas batalhas interessantes, como as alternativas estratégicas de Cingapura ou as primeiras voltas eletrizantes do Brasil, mas 2012 nos deixou mal acostumados. Ainda bem.
Perez em time grande
Essa não era muito difícil de prever, mas a maneira como a McLaren se livrou de Perez, mesmo em um ano em que a principal culpada pela campanha ruim foi ela mesma não deixou de surpreender e tornar toda a transferência do mexicano para um time grande uma grande decepção. O piloto teve seus brilharecos e não ficou devendo tanto em relação a Button, mas não demorou quatro corridas para que o clima dentro do time azedasse. Talvez um passo atrás e uma dose de humildade façam bem em 2014 ao jovem mexicano.
9 Comments
Oi Ju,
Se fosse Drop 6, eu incluiria também a choradeira de Alonso, que soltou os cachorros em cima da Ferrari, sobre os projetistas, disse que não são os pilotos que projetam e constroem os carros de Maranello, se ofereceu para a Red Bull e levou um ‘pito’ de Montezemolo.
Um abraço!
Como pior do ano, colocaria em 1º lugar a morte do fiscal de pista no Canadá, enfim uma fatalidade, mas fatalidade evitável. Em 2º viria a indefinição dos pneus corroborando com o Testgate.
Boa observação, Sérgio: Alonso, como sempre, semeando ventos para colher uma tempestade que já tem nome: “Kimi”. Alonso desfaz com declarações e atitudes o que faz com o volante e o acelerador.
Após os comentários pertinentes do Sérgio e do Wagner, se fosse “Drop 8” ou “Drop 9”, embora não SEJA mas de certa forma ESTEJA relacionado com a Fórmula 1, na perspectiva e enorme esperança dos brasileiros, a decepção de Felipe Nasr na GP 2. Seu colega de naufrágio – Coletti – pelo menos obteve três vitórias. Como disse com propriedade alguém aqui no blog, a vitória pode ser um fetiche, mas para BRILHAR SEM ELA é preciso entregar performances épicas, eletrizantes, e Nasr só entregou conservadorismo até aqui, acabando vítima dele, embora em duas oportunidades ele tenha tido carro para vencer. Seu companheiro de equipe Palmer não desperdiçou oportunidades e venceu duas vezes; até o obscuro Berthon faturou uma vitória.
Tenho séria dúvida de que Nasr seja mais talentoso que um Antônio Pizzonia, por exemplo, que – como ele, Felipe – venceu bem nas categorias menos potentes e mais leves, sagrando-se inclusive campeão na Fórmula Renault 2.0 britânica e na Fórmula 3 Britânica, em 1999 e 2000, respectivamente.
Será que Nasr é mais talentoso que Ricardo Zonta, também? Zonta – em seu primeiro ano na Fórmula 3000 venceu duas vezes – sagrando-se campeão em sua segunda temporada naquela categoria que antecedia a Fórmula 1, obtendo três vitórias, nos idos de 1997. Nasr foi campeão em cima de Magnussen na F 3 britânica? Di Resta foi campeão em cima de Vettel na Fórmula 3 EuroSeries. . . Os VERDADEIROS contornos dos limites de um piloto só se delineiam quando ele compete com carros mais possantes e com concorrência mais feroz e refinada. Por exemplo, o “bebê” russo Kvyat, no brevíssimo contato que teve com a F 1, a meu ver já chegou chegando, quero ver se ele confirma essa primeira ótima impressão ao longo de 2014. O salto foi grande.
Aucam, aproveitando o gancho, sobre os “carros mais pesados e potentes”, fica a dúvida, afinal, Button, sentenciou que pilotou toda a carreira com carros potentes, mas com muito down force, algo que testará todos pilotos, afinal teremos uma F-1 com mais torque e menos down force, em 2014..será um bom teste para nós espectadores e pilotos!
Veja, Wagner, para mim NÃO fica qualquer dúvida sobre essa questão de o verdadeiro limite de um piloto aparecer somente a partir de carros mais potentes, mais sofisticados de dirigir e, por que não, mais pesados – (sempre vi opiniões de pilotos falando sobre essa questão de peso, inclusive no motociclismo; recentemente, Marc Marquez declarou que estranhou mais o peso do que propriamente a potência em sua mudança para a Moto GP; transferência de peso em frenagens e em curvas são coisa séria). Citei o exemplo de Di Resta batendo Vettel na F 3 EuroSeries para ilustrar bem essa questão de limites. Por que? Porque, por mais que haja diferença de competitividade entre um Force India e um Red Bull, e por mais que eu me esforce, eu não consigo de jeito algum imaginar Di Resta – nas mesmas condições, inclusive tendo como companheiro de equipe Webber – sendo quatro vezes campeão mundial com esse Red Bull, derrubando recordes em cima de recordes e ainda por cima sendo tão veloz e tirando tudo e mais alguma coisa dele, como Vettel fez.
“. . . Button, sentenciou que pilotou toda a carreira com carros potentes, mas com muito down force, algo que testará todos pilotos, afinal teremos uma F-1 com mais torque e menos down force, em 2014”: veja, interpreto que mais torque com menos downforce representam mais dificuldade, certamente maior que uma GP 3, uma GP 2, uma World Series; a F 1 é sempre a categoria de ponta, aquela que requer sempre mais sensibilidade de pilotagem e talento para lidar com tudo. O que pode ocorrer é que essas condições e alguns aspectos da pilotagem serão mesmo diferentes das deste ano e, como TODO MUNDO vai lidar com essas novas características PELA PRIMEIRA VEZ, existem opiniões (inclusive do meio) apostando que o desnível pode ficar menor para os recém promovidos, como Magnussen. Mas também existem declarações de pilotos dizendo que essa mudança de pilotagem não será assim um bicho-papão. Por outro lado, Prost acha que Hamilton vai ter mudar mais ainda o estilo dele. Em suma, veremos.
A propósito de uma F 1 2014 ser EVENTUALMENTE menos potente, li recentemente esta notícia no site abaixo e perguntei à Julianne sob o post de 02 de dezembro de 2013 o que ela pensava sobre o assunto:
http://www.gptoday.com/full_story/view/473184/Will_GP2_Series_cars_be_faster_than_Formula_1_cars_in_2014/
Veja o que ela respondeu:
“Duvido, Aucam. O pessoal dos motores garante que está chegando em 850hp, o que seria até mais que hoje.”
Portanto, Wagner, teremos em 2014, a meu ver, carros bastante sofisticados e diferenciados das categorias menores, como GP 2, World Series e GP 3, esta ainda mais obviamente, que vão continuar exigindo sensibilidade e talento para a sua pilotagem.
Correção: transferência de peso em frenagens e em curvas É coisa séria.
Essa parte:
“Equipes que só entram em consenso depois de colocar seus próprios pilotos em risco”
Eu alertei sobre isso na segunda corrida do ano!
Mas aqui mesmo no Totalrace, a maioria, inclusive dos colunistas, foi contra mudar os pneus até aquela palhaçada de Silverstone.
Engraçado é que as pessoas que aqui comentavam e eram intransigentes contra a mudança dos pneus, nunca mais deram um pio a respeito.
Ainda bem que ninguém morreu e nem ficou aleijado, senão ia rolar remorso em muito torcedor que agiu exclusivamente como torcedor.
Essa parte:
“Equipes que só entram em consenso depois de colocar os seus próprios pilotos em risco”
Eu alertei sobre isso na segunda corrida do ano!
Mas aqui mesmo no Totalrace, a maioria, inclusive dos colunistas, foi contra mudar os pneus até aquela palhaçada de Silverstone.
Engraçado é que as pessoas que aqui comentavam e eram intransigentes contra a mudança dos pneus, nunca mais deram um pio a respeito.
Ainda bem que ninguém morreu e nem ficou aleijado, senão ia rolar remorso em muito torcedor que agiu exclusivamente como torcedor.
Felipe Massa está no site da uol que ele deu uma entrevista a um jornal finlandês informando que é tão rápido quanto Alonso e até mais rápido em alguns momentos, se Felipe acredita nisso porque ficou tão atras de Alonso??? Alonso tambem comentou que Felipe está entre os melhores do mundo, porque Felipe ao sair da ferrari tá se transformando de repente num super piloto??? que venha 2014 com todas essas mudanças e ver o que na prática vai acontecer… torço para a economia de combustível não impeça dos caras acelerarem…..