A confirmação da estreia de Max Verstappen assustou a Fórmula 1, não há como negar. Afinal, o holandês vai largar no GP da Austrália, em março, com 17 anos e apenas 11 finais de semana andando de Fórmula 3. É um salto de provas de duração máxima de 35 minutos, usando motores de 240 cavalos para disputas que podem chegar a 2h com carros cuja potência beira os 800cv.
O mundo do esporte em geral tem se deparado com a questão da pouca idade de seus novos ídolos. Afinal, com o aprimoramento dos sistemas de treinamento e a iniciação precoce, várias modalidades têm visto grandes atletas surgindo ainda no final da adolescência. No automobilismo, como trata-se de um esporte de risco, a preocupação com a falta de experiência é ainda mais justificada.
Por outro lado, a história do esporte mostra que aqueles atletas especiais inúmeras vezes demonstraram desde bem cedo a que vieram, como Pelé campeão do mundo aos 17 anos ou Jordan, que costumava anotar mais de 40 pontos por jogo ainda na época de colegial.
Então como controlar a ascensão de atletas que correm o risco de estar imaturos demais para disputar em alto nível sem impedir que os grandes demonstrem seu potencial logo cedo?
A resposta que a Federação Internacional de Automobilismo deu à precocidade de Verstappen não resolve essa questão. Além de um limite de idade, a entidade estabeleceu uma espécie de ranking, dando pesos diferentes às categorias de base e obrigando os postulantes à superlicença – espécie de CHN para pilotos de F-1 – a conquistarem determinados resultados antes de subirem ao topo.
Um dos problemas é a própria pontuação, que claramente visa promover os campeonatos diretamente organizados pela FIA e carece de lógica. Disputar a Fórmula Renault 3.5 Series, por exemplo, que vinha ganhando espaço como categoria formadora em detrimento da GP2 nos últimos anos e que usa motores de mais de 500cv, vale o mesmo que a GP3, com máquinas pelo menos 20% menos potentes. E, pior, a categoria mais valorizada pelo sistema de pontuação é a F-2, que está em fase de estudos.
A lista de pilotos que ficariam de fora – ou, pelo menos teriam sua estreia na Fórmula 1 adiada – mostra qual o problema das medidas adotadas. Ao mesmo tempo em que lá estão aqueles que chegaram à categoria mais por razões financeiras do que por performance (Marcus Ericsson, Will Stevens, Giedo van der Garde e Max Chilton, por exemplo), nada menos que quatro dos cinco campeões do mundo do atual grid (Alonso, Raikkonen, Button e Vettel) também não teriam pontuação suficiente para estrear, além da nova estrela Daniel Ricciardo. Voltando no tempo, nomes com Ayrton Senna e Michael Schumacher também estariam fora da lista da FIA.
Isso mostra que a entidade contornou, mas não resolveu a questão fundamental que trava vários setores da Fórmula 1, um dos campeonatos mais ricos do mundo: a má distribuição de dinheiro. Afinal, o problema não está na idade ou na experiência – quem é bom o suficiente, e a história mostra isso, supera estas disparidades. A relação qualidade/lucro é que deve ser revista.
5 Comments
Diagnóstico certeiro, Julianne, resumido na palavra que encima o post. Concordo plenamente, parabéns.
a gasolina da Petrobras já foi aprovada na bancada? Vai ser fornecida em 2015 à Williams?
Ainda não foi confirmado
Ju, o problema é que a F1 gosta de gastar e aí precisa do tutu dos garotos. O gasto com os túneis de vento deve ser nas grandes , perto do custo dos motores.
Acho tudo errado, para haver ultrapassagem você precisa andar colado no carro da frente e maior espaço de frenagem e com os vortex das atuais carenagens não dá. Por mim acabava com o freio de carbono e voltava com o carro asa, ia baratear em muito além de permitir os ultrapassagens. Os vortex e o freio a carbono não se aplicam a carros de rua.
Oi, Ju,
Faz tempo que não comento aqui, mas estou diariamente conectado, como sempre. Seu excelente Blog é leitura obrigatória e diária.
A medida é polêmica, mas vejo como positivo o fato de com a pontuação obrigatória, se nada for alterado e a regra for lavada a sério, pilotos filhinhos de papai, que correm pelo dinheiro que têm, não vão chegar à Fórmula 1 para o bem do esporte.
O cará terá que ser, de fato, bom para chegar lá.
Abração!