F1 Os piores da Fórmula 1 em 2015 - Julianne Cerasoli Skip to content

Os piores da Fórmula 1 em 2015

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A Fórmula 1 decepcionou em várias áreas neste ano. Alguns desastres eram anunciados, outros nem tanto. Esta é a minha lista. Vocês concordam?

1.McLaren

“Nem mesmo a Honda esperava um desafio tão grande”. A confissão é do chefe dos japoneses na F-1, Yasuhisa Arai. A fornecedora, que já tinha pelo menos um ano de defasagem em relação aos demais – se pensarmos que a Mercedes começou seu projeto em 2010, são três anos – praticamente não fez a pré-temporada, perdida com a interação entre os sistemas de recuperação de energia e o excesso de calor na traseira miniaturizada da McLaren.

Sua pré-temporada, de fato, passou a ser o campeonato em si, mas a limitação de tokens disponíveis para mudar um projeto que tinha falhas estruturais e as limitações na utilização dos motores diminuíram os ganhos possíveis. A situação só começou a mudar após a metade do ano, quando as regras foram relaxadas e a McLaren pôde fazer algumas trocas praticamente ‘grátis’ de motores. No paddock, há quem se mostre impressionado com os ganhos dos últimos meses, ainda que eles sejam difíceis de quantificar, pois o problema fundamental de falta de carregamento do MGU-H, principal vilão da falta de velocidade de reta do motor, não pôde ser remediado.

Como o carro também apresenta conceitos novos, pode-se dizer que a McLaren deu um passo maior que a perna em 2015. E a maneira arrogante como sua chefia lidou com tudo isso serviu para desencorajar ainda mais quem via ali uma possibilidade de investimento.

2. Rosberg

Dependíamos dele para termos um campeonato. E ficamos na mão. O plano do alemão no início do ano era melhorar seu ritmo de corrida, tendo em vista que tinha batido Hamilton em classificações em 2014, mas ele não contou com o crescimento de seu rival aos sábados. Em sua avaliação, até atingiu o objetivo de evoluir o ritmo de corrida, mas neste ano isso pouco valeu – tanto pela atitude mais austera da Mercedes nas estratégias, quanto pelo baixíssimo nível de erros de Hamilton, ao contrário do que aconteceu ano passado. Junte a isso a incapacidade – por ele mesmo, na Hungria, e pelo carro, em Cingapura – de Rosberg aproveitar as poucas brechas deixadas pelo companheiro, e temos uma lavada que acabou com a graça do campeonato. E que coloca em xeque o próprio papel de Nico na Mercedes, caso a ameaça da Ferrari se torne realidade.

3. Williams

Eles terminaram o ano passado com o segundo melhor carro, mas tendo de melhorar em pit stops e estratégias. E acabaram 2015 brigando para ter o quarto melhor conjunto – e tendo de melhorar em pit stops e estratégias. Não adianta a equipe olhar para a evolução desde 2013 como consolo: houve uma estagnação técnica, que deixou evidente o tanto que ter um motor claramente superior em 2014 fez a diferença.

É claro que as limitações de orçamento são um fator importante – e fazem com que uma eventual briga constante  por vitórias soasse como um milagre – mas a Williams não tem sido eficiente, não tem aproveitado ao máximo as oportunidades que a combinação entre um grande motor, um carro com pouco drag e uma dupla competente de pilotos apresenta. E o ano 2015 ficará marcado mais pela mistura de compostos no carro de Bottas no GP da Bélgica do que por qualquer outra coisa.

4. Táticas Copy Paste

A Pirelli esperava uma evolução de 2 a 3s no segundo ano do atual regulamento e preparou pneus mais conservadores. Mas o crescimento ficou bem aquém disso na maioria das provas, os pneus acabaram sendo duros demais e o resultado foram corridas pouco movimentadas do ponto de vista estratégico e, consequentemente, com menos ação na pista. Do primeiro ano da Pirelli até agora, a média de ultrapassagens por GP caiu de 59 para 30 – e a maior queda, de 30%, ocorreu entre 2014 e 2015. A falta de manobras está diretamente ligada ao marasmo tático, uma vez que os engenheiros, vendo que a ultrapassagem é difícil, pensam duas vezes antes de tentar uma estratégia diferente.

5. Todt

Como se não bastasse toda a omissão de um mandato que nos faz ter saudades de Max Mosley, Jean Todt aparece no sábado de manhã em Interlagos, recém-chegado de Paris, cidade que ainda contava os mortos após uma série de ataques terroristas – e onde sua família estava – e diz que a F-1 faria um minuto de silêncio no domingo. Mas para alertar sobre as mortes nas estradas. Sem mais.

6. Regulamento dos motores

Ainda bem que aliviaram as punições no meio da temporada. Já estava ficando ridículo ficar checando o horário em que cada equipe avisou que sofreria a punição (porque é assim que a ordem e determinada) e depois fazer as contas para saber quantas posições restariam para serem pagas na corrida.

O problema com os motores nem é a tecnologia em si ou o quão complicado ela é – tudo na F-1 é complicado, desde a aerodinâmica até os embates políticos. A questão é o regulamento. Afinal, se a ideia era atrair montadoras para o desenvolvimento de motores do futuro, por que colocar tantos limites no que elas podem fazer? O pior, nesse cenário, é que as discussões sobre possíveis mudanças não mexem nesse ponto: ora fala-se em “grandes soluções” como 1000cv de potência, ora se propõe uma revisão total que só vai significar mais milhões jogados fora e retrocessos. Não que seja exatamente uma novidade ver a F-1 estudando mudanças que, nem de perto, tocam em suas feridas.

Menção (des)honrosa para a reforma de Interlagos: todos sabiam que ela seria em três etapas e que a área de paddock não estaria pronta para este ano. Mas, primeiramente, o que está pronto tem um dos piores acabamentos que já vi na vida. E a área para as equipes trabalharem, que agora poderia ter dois andares, como ocorre no Japão onde, como Interlagos, há pouco espaço para ampliações, continua pequena em detrimento de mais espaço para o paddock club. #prioridades

17 Comments

  1. Ainda sobre Rosberg, não apenas sua (falta de)atitude em corridas que Hamilton deu a oportunidade, tem as oportunidades que ele deu e seu companheiro não desperdiçou. Hamilton seria campeão de qualquer jeito, mas talvez pudéssemos ter alguma disputa nesse final, levando a decisão pra, pelo menos, Interlagos, se Rosberg, saindo da pole, não cedesse a posição logo na primeira curva. Não adianta reclamar de aquecimento do carro, como em Suzuka, ou “jogo sujo” do concorrente, como em Austin. Fecha a trajetória pô! É o mínimo que se exige de um piloto que está disputando o título, larga em primeiro e precisa ganhar. Alias, o Hamilton forçou nas 2 vezes porque sabia quem era o outro piloto. Duvido que ele arriscasse tanto na primeira curva com mais de metade dos pilotos do grid atual se um deles estivesse na outra Mercedes.

  2. Quanto a McLaren, embora eu não considerasse que disputaria o título já neste ano, o que aconteceu nem o mais pessimista esperava. Considerando que a Manor não conta, a McLaren foi a pior equipe do campeonato, coisa inédita. Por mais que não simpatize com Alonso, reconheço-o como um dos melhores pilotos da história, e é de fato um tanto cruel vê-lo sofrendo pra disputar posição com Ericsson pilotando a Sauber, a segunda pior, desconsiderando a Manor.
    Só serviu mesmo pra mostrar para os fãs do Alonso o que é de fato pilotar uma carroça, situação que ele nunca tinha passado na Ferrari. Sem carro, não tem milagre nem samurai, muito menos disputa por vitórias ou ao menos pódios, que dirá disputar o título até a última corrida.

  3. Julianne, pode acrescentar nessa lista MAIS UMA decepcionante temporada de Raikkonen.

    Acho também que o teimoso Arai merecia uma personalização, encabeçando essa lista.

    • Para mim ele não foi uma decepção, Aucam, simplesmente porque não esperava muito dele frente ao Vettel.

      • É verdade, Julianne, você tem razão. Considerando que ele foi simplesmente trucidado por Alonso no ano anterior, não dá mesmo para usar essa palavra “decepcionante”, porque com Vettel também não seria diferente. Kimi está em fim de carreira – isso foi dito inclusive por seu compatriota Hakkinen (de longe o melhor dos 3 finlandeses campeões, na minha opinião). Pena que em 2016 vá ocupar o espaço de outros que merecem ascender – e tem tantos!
        Grande abraço!

    • Concordo sobre o Kimi e acho que a Honda ficou roubada sem roupa no mato por conta do tal regulamento imexivel (saudades do ministro) e da falta de testes. Motor nasceu fraquinho, ficou assim ate o final…

      Kimi deve ter um otimo manager, porque conseguiu mais um aninho de salarios.

      SDS

  4. Eu sou Mclariano! E o que me assusta éh ver um certo amadorismo justamente de quem NUNCA deveria de ter: O Sr. Yasuhisa Arai. Ele me remete mais a figura de um fanfarrão do que àqueles senhores japoneses que transpiram equilíbrio e sabedoria. Ele pecou por não ser humilde em, por exemplo, contratar técnicos de outras montadoras que tivessem experiência nestas “unidades” pra que pudessem repassar conhecimento e dar um pouco de estabilidade para os seus imberbes-engenheiros. E não poderia deixar de expor a atitude desta eis-poderosa Mclaren que sistematicamente tem feito projetos-fracassados desde 2013. Há algo de “podre” no Reino de Woking! Esta fuga de grandes patrocinadores éh algo muito desalentador e eu temo pelo futuro da equipe. Espero que eu esteja totalmente-errado quanto à campanha da Mclaren para 2016!

    • Também temo pelo futuro da McLaren, caro BRAZ. Meu receio é que ela venha a se tornar uma nova Williams, que não consegue mais reencontrar o caminho da glória há muito tempo, não obstante todas as mudanças havidas por lá. Já li um comentário uma vez de que o corpo técnico dela estaria envelhecido e precisaria se motivar, gente tipo assim Neil Oatley e outros que não me ocorrem agora. A perda de Paddy Lowe foi muito impactante. A contratação do fraco Boullier (que teve apenas um brilhareco na Lotus) é um reflexo de como as coisas estão lá em Woking. Em seu final na Lotus, achei um absurdo a “pernada” que ele deu no ingênuo Valsecchi, quando preferiu o Kovalento: a realidade tratou logo de mostrar o tamanho do erro).

      Na McLaren, a coisa começou a degringolar com o Whitmarsh e seu sorriso estilo Mona Lisa – toda vez que a equipe pisava na bola em 2012 (e não foram poucas), as câmeras focavam o enigmático sorriso dele. . . hahaha!!! Muitos iracundos e furibundos ingleses culpam-no pela saída de Lewis.

      • Decadência kro AUCAM! Só mesmo uma grande virada pra evitar o desastre em 2016. Más na F1 nós todos sabemos que, o que traz resultados são muita inspiração (dos capazes) e transpiração com muito trabalho para que, a médio prazo (cerca de 5 anos) uma equipe bem estruturada possa colher os frutos.

  5. A Williams eu ainda vou dar um voto-de-confiança para 2016. Acho que a equipe tem elementos para fazer frente até mesmo a Red Bull. A equipe tem:
    *uma unidade-de-potência de respeito.
    *um bom corpo técnico.
    *boas instalações.
    *bons patrocinadores.
    *bons pilotos.

    Por tudo isto creio que 2016, será mais consistente até mesmo na dinâmica das corridas. Espero que ela novamente fique entre as três primeiras do campeonato.

  6. Jú,
    Concordo com a maioria dos seus pontos, principalmente a junção da falta de mobilidade em estratégia por causa dos pneus e um Rosberg fraco, tornaram o campeonato muito monótono.
    Em 2012 existia uma equipe dominante mas as corridas eram disputadas, esse ano nem isso.
    Alguns pontos interessantes desse ano:
    *Sauber na Austrália com medo de colocar os pilotos pra treinar e tomar um ferro do tribunal.
    *Williams com pneus meio calabresa meio portuguesa no carro do Bottas em Spa.
    *Alonso respondendo ao seu engenheiro que o mandou atacar o piloto da frente “adoro o seu senso de humor”.
    *Hamilton jogando o boné de número 2 pro Rosberg nos EUA.
    * A Resposta do Verstapinho pro seu engenheiro que pediu para o Sains passar “NOOOOOOOOOOOO”.
    * Os comentaristas de TV tentando entender o que o Button dizia no rádio.
    * O Alonso sentado na sua cadeira de praia em Interlagos
    * A cagada da Mercedes em Mônaco em chamar o Hamilton para os box e trocar o 1,2 por 1,3.
    Um abraço Jú e à todos.

    • Gostei do seu comentário, Daniel.
      Pra mim, a maior decepção ficou com a McLaren,minha equipe de coração. Tudo bem que a Honda e a equipe tinham que inventar algo diferente de tudo que tem para, no caso de sucesso, que fosse difícil ou impossível copiar pelas rivais. Só que a coisa desandou e algumas inovações propostas pela McLaren tornaram o desafio ainda mais difícil para Honda.
      Aquela “traseirinha magra” da McLaren só pode ser ideia de japonês. Tem tudo a ver com características físicas das orientais.
      Aí, nesse caso, não tem “melhor piloto do grid” que dê jeito. Falando no espanhol, fica uma dúvida na minha cabeça. Quando ele dividiu equipe com massa (que eu não considero seja gênio), um ano ficou feio pro massa, mas teve um ano que massa deu canseira nele e, em algumas situações andou até mais que Alonso. Quando Alonso teve um companheiro feroz (Lewis), aí ele caiu fora. O Button também deu canseira no espanhol em 2015. A pergunta que não quer calar.
      Será que o Dom Alonso das Astúrias, el fodon, não é tudo isso????

      • Hahaha ele é um fera , mas não invencivel, button esta ai pra provar, com massa eu nem conto pq depois da alemanha 2010 parei ali rsrsrses mas 2016 se levar coro dinovo e o carro for ruim ….ele chuta o baldi dinovo.

  7. Caro Power, apesar de não torcer para o Alonso, acho que ele junto com Vettel e Hamilton são os acima da média desta época. Mas não acho que ele seja o gênio que alguns dizem. Agora se for contar o trabalho do piloto fora do carro, como ter sintonia com a equipe e liderança, ai ele não está entre os melhores.
    Sobre o Jean Todt, decepção total, pior até que o Balestre.

    • Alexandre. Balestre é osso.
      Eu tinha bronca dele na época. Era muita falta de bom senso.

  8. Julianne, nessa lista de “PIORES” ainda pode ser incluído aquele BIZARRO e até hoje MISTERIOSO acidente do Alonso, nos testes da pré-temporada.


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