Cinco títulos seguidos – que poderiam ter sido seis, não fosse uma perna quebrada no meio do caminho – dois deles com números que os colocam entre as conquistas mais absolutas de toda a história da F-1. São motivos suficientes para acreditar que o domínio da Ferrari na década de 2000 será difícil de ser replicado.
Uma supremacia tão grande não poderia ter vindo simplesmente de uma mudança de regras. As fundações para o ressurgimento da Ferrari, que chegara a esboçar uma reação no início dos anos 90, mas vinha deixando a desejar desde o começo da década anterior, começaram a ser plantadas em 1993, com o retorno de Gerhard Berger, que, por sua vez, trouxe consigo Jean Todt.
Com carta branca em Maranello devido à situação delicada em que o time se encontrava, Todt começou a implantar seu estilo de muito trabalho, planejamento – e discrição. Nas duas temporadas seguintes, os primeiros sinais começaram a aparecer e encorajaram Michael Schumacher a tomar uma decisão que muitos acreditavam, na época, ser uma loucura: trocar a bicampeã Benetton pela bangunçada Ferrari.
Mas não deixou de ser uma ‘loucura’ estudada. As coisas pareciam engrenar com Todt, Schumacher traria consigo o staff técnico em que confiava – cujo núcleo era formado pelo diretor técnico Ross Brawn e o projetista Rory Byrne – e ele tinha tempo: aos 27 anos e já bicampeão do mundo, poderia se dar ao luxo de construir um time vencedor.
Enquanto o staff técnico começava a colocar ordem na casa, se livrando do anacrônico V12, Schumacher ia justificando o investimento, fazendo uma de suas melhores temporadas na carreira. Em 1997, já estava lutando pelo título.
Mas foi a McLaren que aproveitou as mudanças de regras de 98 para voltar a ser o time a ser batido e lá foram Schumi e companhia tirar a diferença. Com o acidente que tirou o alemão de cena por 7 corridas em 1999, contudo, o time teve de esperar até 2000 para conquistar o primeiro título em quase duas décadas.
Mas foi em 2002 que todo o conjunto se encaixou em Maranello, ajudado por um fator impossível de prever – e que seria fundamental para a supremacia italiana: com McLaren e Williams optando pelos pneus Michelin, a Ferrari se tornou, na prática, a equipe de fábrica da Bridgestone e, como era possível testar de maneira ilimitada em seu próprio quintal, criou-se um verdadeiro monstro imbatível. Tanto, que as campanhas de 2002 e 2004 estão entre as mais dominantes de um piloto na história. E o F2004 continua com o recorde da maioria das pistas do campeonato até hoje.
Era preciso uma mudança de regulamento para frear o domínio ferrarista. Tendo de usar um jogo de pneus por final de semana, a equipe passou a sofrer com os Bridgestone e a decisão de usar uma versão modificada do carro de 2004 no início da temporada seguinte se provou errada. Demoraria cerca de 18 meses para o time se recuperar do baque, mas já sem Byrne e perdendo peças importantes pelo caminho – Schumacher, Todt e Brawn, entre 2006 e 2007 – nunca voltou a dominar.
8 Comments
Essa foi uma equipe de verdade, com todos trabalhando juntos com o objetivo das conquistas. E mesmo com os privilégios ao Schumacher, o segundo piloto sabia e concordava com as regras. Foram títulos mais que merecidos.
Vc sai de uma equipe ganhando para uma bagunçada, arruma ela, trabalha duro escolhe o segundo piloto e vai deixar de ser privilegiado para dar igualdade a ele?, não Schumacher não era louco o Rubens Barrichello era apenas uma peça do seu projeto.
Ra, antes do Rubens o Irvine tambem foi prejudicado na famosa pessima largada do Schumacher na decisao de 99 quando deu Mika. Logico que o Schumy nao ajudaria o Irvine.
Quando entregavam a bola a um certo Michael Jordan faltando um segundo para o final de uma partida onde seu time perdia por um ponto, não era por privilégios, ele era o melhor o mais indicado para tal tarefa. Primeiros pilotos não os são por mimo. São por merecimento.
Concordo contigo Augusto,quem é experto aposta no cavalo vencedor.
Como tem um novo Augusto, resolvi adotar o nome Augusto I, por ser mais antigo, hehehe.
E outro fator. Não havia piloto do nível dos grandes. O Alemão duelava com Hill, Villeneuve, Hakkinen, Coulthard, Raikkonen e Montoya. Bons pilotos, sem dúvida, mas se naquela época o Alonso, Vettel ou Hamilton estivessem correndo, certamente a coisa seria diferente.
Pelo menos creio que 2000, 2001 e 2003 não tivessem sido ganhos pela Ferrari tendo em vista os resultados obtidos pelos bons, porém não excepcionais rivais.
E sem 2000, 2001 e 2003 não haveriam 2002 ou 2004, ou pelo menos não naquela intensidade.
Augusto I, Mika era top notch. Nao acho que deveria esta na sua lista de pilotos meramente bons. Basta ver que colocava tempo no heroi de todos os tempos, Xenna, que ninguem pode falar que era lento.
Ju, esperamos ansiosos os comentários sobre os novos carros já lançados!