Se Lando Norris perder o campeonato no final do ano, o GP de Miami vai ser daquelas corridas em que ele vai olhar para trás e pensar “é, eu deveria ter vencido essa”. E a pedra no seu caminho nem terá sido o companheiro Oscar Piastri. Mas, sim, Max Verstappen.
Norris largava em segundo, lado a lado com o holandês, com Piastri só em quarto após uma classificação em que ambos os pilotos da McLaren sofreram com a imprevisibilidade do carro nas freadas. Era uma chance de ouro de pontuar bem, principalmente depois de ter vencido a sprint, com a ajuda de um Safety Car, mas também por ter conservado melhor os pneus que Piastri, aproximando-se do australiano na parte final da corrida curta.
Norris foi para cima de Verstappen na largada, o holandês pareceu perder um pouco o carro, e o inglês ficou sem espaço, indo para a área de escape e voltando à pista em sexto, enquanto Piastri passava Kimi Antonelli, em seu melhor final de semana na F1 até aqui, na quarta volta, a ia à caça do líder.
Piastri x Verstappen
— F1 edits (@F1F1edit) May 4, 2025
Foram seis voltas em que Piastri ficou na zona de DRS de Verstappen, a partir do oitavo giro. Ele demonstrou um repertório vasto e passou o holandês quando Verstappen tentou frear bem dentro da curva fora da trajetória ideal e travou o pneu.
Era a volta 14 e Norris já era o segundo colocado, tendo superado ambas as Mercedes. Ele estava a menos de 2s dessa briga. Na volta seguinte, já estava no DRS de Verstappen que, a essa altura, era 2 segundos por volta mais lento que Piastri.
Mas como isso é possível em uma temporada em que a McLaren se coloca como “pau para toda obra”, mas nunca com uma vantagem tão grande? A resposta estava na temperatura da pista, mais alta do que em qualquer outro GP disputado até aqui. E é aí que a habilidade de manter as temperaturas dos pneus traseiros mais baixas faz a diferença.
Norris x Verstappen
Lando ⚔️ Max
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It was an intense battle out there between the McLaren and Red Bull pairing 👊#F1 #MiamiGP pic.twitter.com/ZJQbHlGVqY
Mas Norris não consegue usar isso. Os pneus de Verstappen já estavam acabados quando o inglês chegou nele e, mesmo assim, ele precisou de quatro voltas para passar. Nisso, Piastri tinha aberto nada menos que 9s. E, na prática, tinha garantido sua vitória.
Assim como na sprint, Norris voltou a demonstrar que tinha mais controle da degradação de pneus que seu companheiro, e foi diminuindo sua desvantagem. No final das contas, o chefe da McLaren, Andrea Stella, não se decepcionou tanto com as voltas perdidas atrás de Verstappen: não fosse isso, ele teria que lidar com uma batalha direta entre o líder e o vice-líder pela vitória.
Como Russell chegou ao pódio
A vantagem de ambos só aumentou quando um Safety Car Virtual foi acionado na volta 28, quando Oliver Bearman estacionou sua Haas na área de escape com problemas na unidade de potência da Ferrari. Isso porque Verstappen já tinha feito a sua única parada, trocando os médios pelos duros, e acabou sendo superado por George Russell, que entrou no VSC, assim como as duas McLaren.
Foi assim, inclusive, que Russell também ganhou a posição do companheiro Antonelli, que também tinha parado antes do VSC. Após as paradas, o top 6 ficou com Piastri abrindo 23s de vantagem para Russell, com Norris entre eles, Verstappen em quarto 3s atrás da Mercedes, Albon em quinto e Antonelli em sexto.
Confusão na Ferrari
Atrás do italiano, começou uma disputa intensa entre Sainz, sétimo, e as Ferrari de Leclerc e Hamilton, que estavam em estratégias diferentes. Tendo largado mais atrás, o inglês agora estava com pneus médios, e quase conseguiu passar os dois de uma vez.
Pure cinema! 📽️
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Sainz and Leclerc battle for position, but the pair didn't count on Hamilton's attempt to sneak through on the inside 🙌#F1 #MiamiGP pic.twitter.com/3crJgVxB2c
As duas Ferrari passaram Sainz e foram atrás de Antonelli, com Hamilton pressionando pela inversão, já que acreditava ter mais chances de passar o italiano com o pneu médio do que Leclerc com o duro.
Irritado com a demora da equipe em ordenar a troca, Hamilton lançou algumas mensagens irônicas via rádio. Ouviu que podia trocar de posição, mas não conseguiu ameaçar Antonelli. E eles inverteram de volta as posições para cruzarem a linha de chegada em sétimo e oitavo, em um fim de semana em que os dois pilotos da Ferrari tiveram dificuldade em tirar o máximo de rendimento do carro com pneus novos.
Confusão na Williams
Nesse troca-troca de posições, Sainz voltou a se aproximar e fez uma tentativa meio desesperada de ultrapassar Hamilton na última volta, algo talvez explicado por também não estar nem um pouco satisfeito com como as coisas tinham se desenrolado na Williams.
Ele tinha se tocado com o companheiro Albon, tentando sair do caminho de Norris quando ele voltou à pista após a escapada da primeira volta e tinha danos no seu carro. Mesmo assim, entendeu que Albon não o ultrapassaria, mas o tailandês o fez na volta 15, com o aval da equipe. Isso, não bastasse “erros operacionais”, segundo ele, terem feito com que ele largasse com pneus usados.
O espanhol terminou em nono, enquanto outro piloto que parou logo antes do VSC e perdeu terreno, Yuki Tsunoda, completou o top 10.
A corrida de Bortoleto
Não foi o tipo de corrida que deu oportunidades para a segunda metade do pelotão. Com a Williams andando bem e consolidada no top 5 em Miami, não havia mais vaga para ninguém. E por isso o abandono de Gabriel Bortoleto por um problema na bomba de combustível não custou tão caro.
O brasileiro teve sua melhor classificação até aqui, largando do 13º lugar e fazendo sua primeira ultrapassagem de verdade, em cima logo de Lewis Hamilton, que pouco depois retomou a posição.
The @DHL_Motorsports Fastest Pit Stop goes to Kick Sauber for the first time this season!
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Bortoleto, então, passou a acompanhar o ritmo de Hadjar até ser o primeiro a parar, na volta 19. Ele voltaria no mesmo lugar depois que todos parassem, mas isso não aconteceu porque a Sauber começou a perder potência e o piloto brasileiro teve que abandonar.
De qualquer forma, foi um fim de semana encorajador para a Sauber, que andou no top 15 na maior parte da corrida com ambos os pilotos. Só falta agora entender por quê, já que eles não esperavam ter um bom desempenho em Miami.
1 Comment
Norris continua dando pontos a Piastre, seu adversário pelo título e na prioridade da equipe caso haja mais um piloto ainda na disputa do título no fim do campeonato.
Quando estiver na frente do Oscar, Lando tem que marcar o companheiro e não correr risco de perder posições por disputas com Max ou outro piloto.
Para ser campeão ou ter a prioridade da equipe, numa disputa com outro time, precisa estar a frente do Piastre.
E o australiano vem conseguindo mais pontos mesmo nas corridas que o Norris parece estar mais rápido.
Mesmo erro do Vettel, acho que em 2017, de não marcar o Lewis. Em Singapura bateu com o Max e o Kimi, langando na frente do Hamilton.