F1 A magia de uma Silverstone encharcada - Julianne Cerasoli Skip to content

A magia de uma Silverstone encharcada

Corridas no molhado são corridas no molhado. Corridas no molhado em Silverstone são outra coisa. A natureza peculiar do circuito, absolutamente plano como se esperaria de uma ex-base aérea militar, faz com que o grande terror dos carros atuais da F-1, a água empoçada, se torne comum até em retas. E isso faz com que aqueles que conseguem ler Silverstone pareçam quase semi-deuses quando se olha no cronômetro.

Quem não se lembra da vitória de Lewis Hamilton em 2008, já com esses carros bastante baixos e loucos para aquaplanar a qualquer momento quando a chuva aperta, colocando 1min08 em cima do segundo colocado e dando uma volta no quarto?

Naquela ocasião, até mesmo o inglês da McLaren fez uma excursão por fora da pista. Apenas dois pilotos escaparam ilesos: Nick Heidfeld, que ainda por cima fez grandes ultrapassagens e chegou em segundo, e Fernando Alonso.

É curioso que Alonso nunca se destacou como um virtuoso na chuva, como o próprio Hamilton ou Michael Schumacher, outro que andou muito bem hoje depois que seu capacete parou de embaçar como no início do Q2. Na verdade, ganhou sua primeira prova no molhado só em 2010, na Coreia, com uma mãozinha de Vettel. De lá para cá, foram três vitórias, duas na chuva. Tanto na mesma Silverstone, ano passado, quanto na Malásia, em 2011, o espanhol parecia “ligar” os pneus em determinadas fases da prova quando ninguém conseguia e adotava um ritmo de outro mundo como num passe de mágica.

Vimos um pouco disso hoje. O mesmo piloto que tinha dificuldades em se manter na pista no Q1 e só passou ao Q3 por questão de detalhes, que permitiram que fizesse o tempo necessário sem acelerar demais em zona de bandeira amarela, de repente começou a andar 1s/volta mais rápido que Massa. O mesmo aconteceu com Schumacher em relação a Rosberg e tinha ocorrido entre Hamilton – que saiu do treino falando que não leva “2s na chuva de ninguém” – e Button no Q1.

Silverstone sempre teve dessas coisas: quando os pilotos encontram os atalhos para evitar as poças que inevitavelmente se formam na pista por sua natureza, parecem mágicos. E ainda mais com esses pneus, que “ligam” e “desligam” sem sobreavisos. E, se a água continuar a passar por debaixo da ponte, a história desse fim de semana ainda pode mudar de lado incontáveis vezes.

7 Comments

  1. Vc é irmã da Josianne ?

    • Sim. De onde a conhece?

  2. O céu apocalíptico de Silverstone dá um charme especial à corrida.

  3. Gilles Villeneuve disse: “A chuva iguala os carros. Os pilotos não.”

  4. Ju, duas coisas.
    A vitória de Alonso em Nurburgring 2007 não conta com sendo sob chuva?
    Apesar de Alonso não ter ganhado sob chuva até 2007 ou 2010, em 2006, ele fez uma das melhores exibições de um piloto no molhado, no histórico GP da Hungria.

    • Você tem razão, Nurburgring conta, claro! E Hungria 06 foi um pecado.
      Citei essa questão da chuva de maneira mais ampla, mas um dia escrevo com mais detalhes: Alonso nunca foi daqueles que se compromete na chuva, de jeito algum. Se olharmos o porquê dele ter vencido poucas provas nessa situação vemos algo que, para mim é talvez seu único ponto fraco: tomada de decisões a respeito de pneus e etc. quando se tem poucos dados à disposição (e quando chove é basicamente esse o problema). Ele é ótimo para sentir a aderência, mas sempre, em conjunto com qualquer engenheiro que seja, apresentou falhas na leitura do que deveria ser feito e dificultou sua vida. É um tema interessante, que vai de encontro com sua abordagem bastante lógica sobre as corridas.


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