Parecia discurso ensaiado. Em meio à chuva de críticas após o GP do Canadá, principalmente em relação à influência negativa que a necessidade de poupar combustível teve na corrida, a quinta-feira do GP da Áustria foi marcada pela reação dos pilotos.
Todos eles apontaram para a mesma direção. Primeiro: o circuito Gilles Villeneuve é o que mais requer a economia de combustível, tanto pela natureza do traçado, quanto pela expectativa de um Safety Car, o que faz com que as equipes optem por largar com bem menos do que os 100kg regulamentares. Segundo: apesar de não estarem forçando o ritmo tanto quanto nos dias de pneus mais duráveis e reabastecimento, isso não significa que a pilotagem se tornou mais fácil. Ela apenas é diferente e mais complexa em outros aspectos, como a gestão dos sistemas de recuperação de energia. Terceiro: é irreal pensar que houve um tempo na Fórmula 1 em que não se economizou combustível. A diferença é que hoje isso é controlado de uma maneira mais profissional, o que impede as panes secas do passado. E a divulgação das conversas no rádio faz com que o público tenha mais acesso a pedidos que não são de hoje.
Isso, contudo, não significa que os pilotos estejam felizes com a situação. Claro que nenhum deles admite que digam, de fora, que o trabalho deles é fácil, e por isso a reação até mais eloquente do que o normal para a classe. Mas eles também são os primeiros a reconhecer que o esporte precisa de mudanças.
Mas mudar o quê? Essa é uma questão difícil de responder. Para os pilotos, apenas o retorno do reabastecimento ou tornar os carros mais rápidos pode ter o efeito contrário do esperado, lembrando que, quando esse combo era a realidade da Fórmula 1, havia um sério problema de ultrapassagens. Os campeonatos de 2006, 2007 e 2008, por exemplo, foram bastante disputados e emocionantes, mas as corridas eram monótonas.
O esporte vive um momento importante, de auto-avaliação. Mas também é um momento perigoso. É importante ter em mente que há avanços que simplesmente não podem desaparecer. Os circuitos não voltarão a ter caixas de brita aos montes, os engenheiros não vão emburrecer. A Fórmula 1 precisa aprender a conviver com sua própria evolução. E pensar, pelo menos uma vez, no que quer ser no futuro.
1 Comment
Pausa para notar a diferença de fisionomia entre o Holkenberg e o Alonso…
Julianne, você escolheu de propósito essa foto, hein?
hehehe