Lando Norris está disposto a calar aqueles que não consideram que ele seja bom o suficiente para ser campeão do mundo, especialmente em uma eventual disputa direta com Max Verstappen. Ele acha que cedeu demais nas disputas com o holandês ano passado porque estava sempre em desvantagem de pontos, e por isso ter aguentado a pressão da Red Bull, com a pista úmida e com o assoalho danificado após um passeio na brita, para vencer o GP da Austrália com menos de 1s de vantagem foi fundamental para seu início de campeonato.
Mas isso, de longe, não conta a história do final de semana e nem da corrida, que também teve Andrea Kimi Antonelli indo de 16º a quarto em uma estreia complicada para os estreantes.
A McLaren conseguiu 0s4 de vantagem para o carro mais próximo – justamente de Verstappen – basicamente por conseguir manter os pneus vivos no último setor da pista de Albert Park. Com o carro mais equilibrado, eles escorregam menos e conseguem controlar melhor as temperaturas do que ninguém. Mesmo cenário que foi visto no domingo, especialmente na fase em que a pista começou a secar.
O GP foi daqueles bem complicados. Na hora da largada, só havia uma garoa, mas ventava bastante e a pista estava molhada por horas de chuva. Isack Hadjar ficou logo na volta de apresentação. Jack Doohan, na primeira volta.
Finding the grip! 🙌
— Formula 1 (@F1) March 16, 2025
A great getaway for Max Verstappen at the very start of the race 💨#F1 #AusGP pic.twitter.com/VbTH1FaowI
Verstappen tenta acompanhar as McLaren
Lá na frente, Norris pulou na ponta, com Piastri perdendo a segunda posição para Verstappen, que forçou tanto os pneus para acompanhar as McLaren que acabou sofrendo graining, indo reto na volta 16 e permitindo que o australiano recuperasse a segunda posição.
Foi quando Piastri mostrou que tinha mais ritmo que Norris, diminuindo a vantagem dele de 3s para 0s6 em 10 voltas, com o mesmo carro. Mas havia um contexto maior da prova que preocupava a McLaren: os pilotos estavam tendo que aguentar na pista muito mais tempo que o ideal pois havia incerteza em relação ao que aconteceria com a chuva, que tinha parado.
Os radares mostravam que havia uma pancada se aproximando, e os estrategistas queriam evitar que fosse necessário fazer duas paradas, ou seja, colocar slicks e logo ter que voltar para o intermediário.
Por isso, a McLaren pediu para os pilotos se segurarem nas posições em que estavam. Ao que Piastri respondeu que tinha mostrado o seu ritmo. E tinha. A essa altura, Verstappen já estava 17s8 atrás da dupla.
Uma leve escapada o tirou da zona de DRS de Norris pouco antes de uma batida de Fernando Alonso causar um SC na volta 33 que resolveu a dúvida de (quase) todo mundo (a não ser das Haas, que estavam no fundo do pelotão e tentaram algo diferente): era a hora de trocar do pneu intermediário para o de pista seca.
An unfortunate moment for Fernando Alonso, crashing out of the Grand Prix 😱#F1 #AusGP pic.twitter.com/Jt6dtSZInl
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As equipes fizeram escolhas diferentes a essa altura. A McLaren foi de pneu duro, acreditando que, por ele ser o C3, não geraria problemas de temperatura. A Red Bull não teve dúvidas que o melhor seria o médio. Isso permitiu que Verstappen se mantivesse perto das McLaren depois da relargada.
Safety Car complicou a vida de Bortoleto
Esse Safety Car começou a complicar a corrida de Gabriel Bortoleto. Ele tinha perdido a posição para o companheiro Nico Hulkenberg e por Antonelli na primeira volta, mas vinha acompanhando-os de perto, com a diferença ficando entre 2 e 3s. Em determinado momento, inclusive, a equipe perguntou se ele sentia que estava sendo seguro pelo ritmo de Nico. E o brasileiro disse que não.
Quando o SC foi acionado, essa proximidade de Hulkenberg fez com que ele tivesse que esperar pela parada do companheiro. Depois, ele foi liberado para voltar à pista dentro da margem com a qual a equipe trabalha, mas o asfalto estava escorregadio, a saída do box foi mais lenta, e ele levou uma punição de 5s por ter sido liberado em cima de outro carro.
Mas a situação pioraria: Bortoleto voltou à pista atrás do líder Norris, ou seja, atrás do SC. Como um trator precisou entrar na pista, foi um SC demorado e, quando os retardatários foram liberados para pegar o fim do pelotão, Bortoleto não teve tempo de pegá-los antes da relargada. Com isso, a diferença para Hulkenberg aumentou para 12s.
O brasileiro vinha reclamando desde a primeira volta de problemas no freio. Segundo a equipe, havia um problema de sistema, obrigando-o a resetar configurações ao volante constantemente. Logo depois que Bortoleto foi avisado disso, a tal pancada de chuva que as equipes esperavam apareceu.
Um pancada de chuva para mudar a prova
Where it all went wrong for home-hero @OscarPiastri 😱#F1 #AusGP pic.twitter.com/SDC1vkbyPU
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Foi na volta 44. Norris foi o primeiro a chegar nas últimas curvas, as que estavam molhadas. Escapou, danificando seu assoalho, mas manteve a ponta e a equipe conseguiu reagir rápido para colocá-lo imediatamente no pneu intermediário. Logo atrás, Piastri também escapou, mas ficou preso por mais tempo na brita e saiu da disputa pelas primeiras posições.
À Red Bull só restava apostar que a pancada seria passageira e deixar Verstappen na pista. Eles o fizeram por duas voltas, mas ele estava perdendo tempo demais e teve que parar. O time não foi o único a arriscar: a Ferrari, que parece mais uma vez ter um carro que funciona em uma janela muito pequena, estava em sexto e oitavo, e não tinha muito mais o que fazer. Yuki Tsunoda fez o mesmo, assim como Pierre Gasly.
A aposta também não deu certo para eles. Leclerec rodou, Hamilton chegou a liderar, mas todos eventualmente pararam.
A batida de Bortoleto e as apostas que renderam pontos
A Sauber parou imediatamente ambos os carros, trocou o pneu de seco pelo intermediário, Bortoleto cumpriu sua punição, e voltou 15s atrás de Hulkenberg, ou seja, ele estava conseguindo tirar parte da desvantagem mesmo nessa fase difícil. Mas o brasileiro forçou demais e ainda teve uma quebra de suspensão na rodada, pela maior parte do peso do carro ter ficado apoiada na traseira direita quando o carro andava de ré, até se encontrar com o muro.
No final das contas, deram-se bem os pilotos que pararam logo de cara. Norris reassumiu a liderança, embora tenha tido que se segurar com um carro danificado, sendo bastante pressionado por Verstappen. Russell vinha logo atrás, trazendo consigo o companheiro Andrea Kimi Antonelli, um destaque da prova. Ele passou grande parte da primeira metade da prova preso atrás de Hulkenberg mas, quando se livrou do alemão em definitivo na volta 16, passou a andar mais forte do que Russell e foi ganhando terreno. Ele passou Stroll e depois ganhou muitas posições apostando em parar logo que a pancada de chuva chegou, ganhando 5 posições com isso.
Antonelli chegou a ser punido por um incidente semelhante ao de Bortoleto, mas a Mercedes conseguiu reverter a pena usando imagens do helicóptero. Com isso, o pódio teve Norris, Verstappen e Russell, e o top 10 foi completado por Antonelli, Albon, Stroll, Hulkenberg (todos eles pilotos que pararam logo que a chuva apertou), Leclerc, Piastri e Hamilton.
Bortoleto teria pontuado sem o acidente? Seria muito difícil. Esses últimos pilotos que chegaram atrás de Hulkenberg nos pontos estavam a menos dos 15s que ele tinha de desvantagem após a segunda parada. Sem o azar do SC, a história seria diferente.
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