F1 Afinal, para que serve o piloto de testes? - Julianne Cerasoli Skip to content

Afinal, para que serve o piloto de testes?

Faz 10 anos que a Fórmula 1 não tem mais testes ilimitados durante a temporada, mas uma vaga que prometia ficar obsoleta continua sendo uma arma fundamental para as equipes: a de piloto de testes. Mesmo ganhando muitas vezes a denominação de ‘piloto de desenvolvimento’, ainda é justo usar o termo antigo. Aliás, testar, mesmo que na grande maioria das vezes não na pista, é o que ele faz.

Mas para que serve o piloto de testes hoje em dia? Lembre-se das vezes em que uma equipe parecia mal na sexta-feira e apareceu arrasando no sábado. Os mais simplistas podem dizer que eles estavam “escondendo o jogo”, mas não é isso: certamente houve um trabalho extenso de análise dos engenheiros de pista, que entregaram essas informações para a fábrica que, por sua vez, colocou o piloto de testes no simulador para experimentar as soluções pensadas e, assim, fazer mudanças no acerto do carro ou até mesmo confirmar se vale a pena ou não colocar aquela peça nova que o time levou para aquela etapa.

É por isso que as equipes têm cada vez mais apostado em pilotos que não estarão na ativa durante os finais de semana de corrida para esta vaga, uma vez que eles teriam disponibilidade de passar uma madrugada inteira de sexta-feira, por exemplo, no simulador, se necessário. Sebastien Buemi na maioria das vezes é quem faz isso na Red Bull, Pascal Wehrlein era o dono da vaga ano passado e será substituído por Esteban Ocon neste ano na Mercedes, e a Ferrari formou um supertime, com quatro pilotos responsáveis pelo trabalho de simulador,  ‘roubando’ pilotos-chave: o próprio Wehrlein e Brendon Hartley, que conhece bem o simulador da Red Bull – e o motor Honda.

Isso explica por que o fato de não estar em nenhum dos campeonatos cujas datas concorrem com a F-1 ajudou Pietro Fittipaldi, que negocia para correr na Super Fórmula japonesa, a conseguir a vaga de piloto de testes da Haas, e também mostra a dificuldade das equipes de encontrar alguém motivado para uma função tão importante.

Alguém pode perguntar: ‘mas e o Sette Camara, não fará esse trabalho na McLaren?`. Disputando a F-2 e já deixando claro que essa é sua prioridade, a resposta é não. O brasileiro ajudará no simulador da equipe entre as corridas, testando acertos antes das provas, mas seu papel será um pouco diferente – como foi o de Norris e de Russell ano passado, por exemplo: existe uma ênfase maior no desenvolvimento dele como piloto.

Porque esta é outra faceta do tal piloto de desenvolvimento/testes: tornando-o parte da equipe de alguma forma, o piloto evolui. Falei com Norris e Russell a respeito, e ambos destacaram como é diferente e até chocante para os jovens chegarem em uma equipe de Fórmula 1, tendo de se reportar a várias pessoas ao invés de apenas seu engenheiro de pista, o que os obriga a ter uma informação bem mais precisa. “Não dá para destacar um ponto que é mais importante, mas eu diria que são várias pequenas coisas que, quando se juntam, fazem sentido e te tornam um piloto melhor”, resumiu Norris.

Do lado das equipes, elas passam a conhecer melhor os jovens pilotos e, como Russell, Norris e Giovinazzi provaram, mesmo sem testes, ser piloto de testes é a melhor forma de arrumar uma vaga no grid da F-1, hoje em dia.

6 Comments

  1. Caramba. Eu realmente pensei que a atuação do piloto de testes tenha ficado muito limitada durante este período.

  2. Bem interessante. Nunca tinha imaginado o tamanho da importância de um piloto de testes.
    Mas, e quanto a salário? É possível que receba igual ou maior que um piloto titular (daqueles de equipe pequena)?

      • Acho que ele quis comparar, por exemplo, o salário do Russel na Williams com o Ocon na Mercedes.

        • Exatamente isso.

  3. O melhor de ser piloto de testes é poder bater o carro à vontade.


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