Se houve algo de intrigante dentre os vários dados que Pirelli e a FIA divulgaram após os GPs na Espanha foi a estratégia adotada por Fernando Alonso. O piloto da casa fez a corrida inteira apenas com pneus usados. Isso seria normal, caso os compostos escolhidos tivessem sido, em sua maioria, os macios. Mas não foi isso que aconteceu.
Alonso largou, obviamente, com o pneu com o qual se classificou, um macio usado. Depois fez três stints com duros. O intrigante é que, com o espanhol utilizou, na classificação, apenas um jogo do composto mais duro, logo no Q1, de onde vieram estes jogos usados?
Como a Ferrari confirmou ainda em Barcelona, todas as informações estão corretas: Alonso utilizou três jogos de duros usados e, sim, só um foi usado na classificação. Em uma realidade na qual as equipes tentam a qualquer custo economizar pneus, como e por que fazer algo completamente oposto?
Primeiramente, fica a explicação de que pneu usado é aquele com o qual o piloto deixa o pit lane. Não precisa nem completar uma volta. E, para alguns carros, aquele pneu que já perdeu um pouco da sua “cera” de novo funciona melhor. Portanto, é muito provável que os tais pneus “usados” de Alonso não tenham dado mais de uma volta (a não ser um deles, utilizado por três na classificação).
O curioso é que o normal é que os pilotos tenham três jogos de prime (os mais duros disponíveis no final de semana) e três option (os mais macios) para a classificação e corrida. E a matemática não bate para Alonso: se ele usou 1 jogo de duros e três de macios no sábado, como a Ferrari confirmou, então teriam dois duros novos para domingo.
Em um final de semana, os pilotos têm direito a 11 jogos: seis prime e cinco option. A regra determina um sistema de devoluções a cada sessão: depois da FP1, devolve-se um duro; após a FP2, um de cada tipo e, ao final da FP3, também um duro e um macio. Isso, para que todos tenham três duros e três macios para a classificação e a corrida.
O regulamento não cita, no entanto, que os pneus devolvidos tenham necessariamente de estar usados. É claro que é de praxe retornar o que já está desgastado, mas a única explicação para essa incógnita ferrarista é que eles não o fizeram. Por ter demorado a marcar tempo no FP3, é muito provável que Alonso tenha feito apenas duas voltas de instalação no pneu duro e reutilizado esse pneu na corrida. Nas sessões anteriores, contudo, é difícil investigar por meio dos tempos onde o espanhol teria economizado o outro jogo para finalizar o quebra-cabeça.
Mas fica mais um complicador para entrar na equação de quem gosta de estratégia: pelo menos nas condições encontradas na Espanha, a Ferrari, nas mãos de Alonso, respondeu melhor com um pneu levemente desgastado. E isso, a ponto até da equipe preferir devolver à Pirelli compostos novinhos em folha. Dá para essa temporada ficar mais maluca?
10 Comments
Olá, Julianne!
Essa é uma informação interessante, pois a Ferrari deve ter descoberto alguma vantagem neste procedimento, mesmo que marginal.
Os próprios fabricantes dos pneus normais de rua, recomendam que se ande com cautela nos primeiro 100 km, pois só após esse período os pneus atingem a sua aderência máxima.
A Ferrari deve ter dado apenas uma volta de instalação nas FP para “limpar” a cera e assentar melhor o pneu de acordo com os ajustes de suspensão adotados no carro do Alonso.
Para verificar se houve alguma vantagem, seria necessário comparar o tempo da outlap com as voltas subsequentes nos stints de corrida. Normalmente o Alonso costuma dar a primeira volta bem mais lenta para dar tempo de limpar e aquecer corretamente o pneu.
Abs.
Ricardo, veja que interessante o que o Razia me escreveu sobre isso. E ele anda com os Pirelli na GP2, sabe do que está falando.
A Ferrari é uma das equipes que acredita que sair do Pit Lane e voltar com um pneu novo aumenta a durabilidade e a rapidez com qual o piloto acha a aderencia ao sair dos Pits, algumas equipes no pit lane tem essa mania da “bridgestone” de tirar a cobertura quimica na parte superior do pneu novo, porem a pirelli ja avisou que eles nao usam nenhum procudo quimico como a bridgestone e as equipes nao precisariam sair para tirar a “cera”, no caso da RedBull eles sempre ficam com os pneus novinhos por informaçoes da propria pirelli que nao ha vantagem em usalos para tirar a “cera” que nao existe.
Julianne,
Essa história de “cera” não deve ter muito fundamento em si mesmo. No máximo o fabricante deve usar algum produto para evitar que a borracha grude no molde do pneu durante o processo de vulcanização da banda de rodagem à estrutura do pneu.
Mas o que dá para perceber é que o pneu zerado, tem um brilho característico e depois de atritado com o asfalto, ele fica meio opaco.
É mais uma coisa para se observar, no grande assunto do ano, que são os pneus Pirelli.
Abs.
Não acompanhei os treinos livres, mas não é capaz da Ferrari ter usado todos os jogos de pneus duros nesses treinos e devolvido os mais gastos?
Ju, esse detalhe pode estar vindo do especialista de pneus contratado pela Ferrari que era da bridgestone, o Japones Hirohide Hamashima.
Bem lembrado, Bruno.
Tem alguma coisa estranha nessa história. Acho que merece uma investigação mais detalhada!
Huuuum, Fernando “Dick Vigarista” Alonso e a Ferrari envolvidos em uma situação estranhas dessas?
Pode pressionar que tem coelho nesse mato.
Não há nada de estranho no procedimento em si, ele está completamente dentro do regulamento, mas sim no fato deles verem isso como uma vantagem.
e vocês acham que a FIA não sabe disso?
se fizeram é porque é permitido.
e acho que tem a ver com o Japones Hirohide Hamashima