F1 As decisões do GP da Holanda- Julianne Cerasoli Skip to content

As decisões (certeiras e as lentas) do GP da Holanda

Se deu bem no GP da Holanda quem soube ler melhor as informações dos radares meteorológicos mas, mesmo que Max Verstappen não tenha feito todas as escolhas corretas, isso não foi suficiente para tirar dele a vitória em casa, nona seguida, e 11ª da temporada.

A corrida começou com pista seca, mas já no grid começaram a cair as primeiras gotas. A questão que os engenheiros tentavam responder com suas simulações era: a chuva será suficiente para que o piloto perca mais de 40s (o “preço” de dois pit stops) se ficar se segurando com slicks?

Chuva curta ou longa demais para os slicks?

Para responder isso, era necessário saber por quanto tempo choveria e qual a intensidade. É aí que as reações foram diferentes. Pilotos que largavam fora de posição decidiram parar. Perez, que largou em sétimo, propôs a parada, foi o primeiro a fazê-la, e voltou em 13º. Gasly e Zhou o seguiram. Leclerc, que saiu em nono, decidiu mais em cima e sozinho, não tinha pneus quando entrou no box, mas mesmo assim economizou tempo em relação a quem ficou na pista. Afinal, a diferença entre parar no final da volta 1 e da volta 2 foi de cerca de 16s

Isso porque a chuva não foi curta como previram Mercedes, McLaren, Williams e Haas. Com menos a arriscar na ponta, Verstappen parou na segunda volta, seguido por Alonso e Sainz. O espanhol largou em quinto, mas já estava em segundo depois de passar Albon e Russell quando a pista ainda estava seca e Norris, no molhado, de slicks.

Norris, que largara em segundo, só parou na volta 3, e saiu da disputa pela ponta. Russell, que saiu de terceiro, parou só na quarta volta. As equipes passaram para os pilotos que a chuva passaria em poucos minutos, e eles resolveram ficar na pista. Mas ela não só não passou, como também piorou.

Outro que tinha essa informação era Alex Albon. Mas, sua decisão foi ficar na pista e se segurar na chuva com pneus de pista seca, inclusive dando a informação para os demais sobre quando voltar aos slicks. Nico Hulkenberg também seguiu essa tática, assim como Oscar Piastri, mas o australiano teve o azar de parar para usar um segundo jogo de pneus macios (por conta de um furo) exatamente quando Logan Sargent teve uma falha hidráulica e bateu, causando um SC na volta 18.

Verstappen volta à liderança em 11 voltas

Nesse ponto da prova, Verstappen já tinha voltado à ponta mesmo depois de perder cinco posições para aqueles que pararam no final da primeira volta. Isso incluía seu companheiro, Perez, que foi de sétimo a primeiro com a parada.

Foi impressionante como Verstappen acabou com a vantagem de 13s que Perez tinha em relação a ele no final da volta 3. Em uma das voltas, ele foi quase 4s mais veloz que companheiro.

Perez estava preservando os pneus intermediários, pois tinha sido informado de que a chuva continuaria por mais tempo. Lambiase também dava a mesma mensagem a Verstappen, para ele cuidar dos pneus, mas a opção do holandês foi andar em um ritmo mais forte. Bem mais forte.

Verstappen foi chegando em Perez e estava a 4s quando Zhou e Alonso foram aos boxes para colocar os pneus de pista seca na volta 10. Eles estavam a 5-6s de Verstappen.

Os primeiros pilotos que colocaram os slicks foram Magnussen, Hamilton e Stroll, na volta anterior às paradas de Zhou e Alonso. Vendo as parciais que eles faziam, a Red Bull concluiu que, se parasse Perez primeiro, Verstappen perderia a posição para os dois pilotos. 

Dá para entender só em termos. O undercut naquele momento estava na casa dos 5s, então realmente, se Verstappen parasse duas voltas depois de Zhou e Alonso, perderia a posição para ambos. Mas como havia pouco mais de 4s entre ele e Perez, daria para fazer uma parada dupla e manter o 1-2 do jeito que estava. 

A opção da Red Bull permitiu que eles mantivessem a dobradinha àquela altura com seu piloto mais rápido na frente, sem correr o risco de uma briga na pista. Perez chegou a questionar a decisão da equipe durante a prova, mas depois abaixou o tom. 

Afinal, quando a chuva voltou, a 10 voltas do final, ele rodou com pneus intermediários, perdeu a segunda posição para Alonso, depois bateu na entrada dos boxes, levou uma punição de 5s por exceder o limite de velocidade no pitlane, e terminou em quarto.

A pista seca totalmente e Hamilton brilha

Voltando à relargada após o SC, na volta 21, naquele momento a pista já estava seca novamente, e todos tinham trocado os pneus intermediários pelos slicks entre as voltas 9 e 12. Havia uma mistura de compostos, mas todos teriam de fazer mais uma parada, talvez com a exceção de George Russell, que decidiu colocar os duros. Mas ele já estava sofrendo para se segurar de pilotos com pilotos com pneus novos quando a chuva voltou.

Houve alguns movimentos interessantes nesta fase seca da corrida. O ritmo de Hamilton, que largou em 13º, demorou para parar quando choveu e caiu para último, foi muito forte. Ele foi escalando o pelotão até chegar ao sétimo lugar quando a chuva voltou. 

E também o ritmo de Gasly na Alpine. Eles esperavam ir bem com os intermediários, como já tinha acontecido na sprint na Bélgica, mas se surpreenderam por se manterem entre os primeiros depois da decisão acertada de parar no final da primeira volta. A pista sem longas retas ajuda, e também as decisões erradas de Mercedes e McLaren, além da total falta de ritmo da Ferrari, que estava tendo de correr com a asa com menos pressão aerodinâmica para tentar equilibrar melhor um carro que simplesmente não quis virar neste fim de semana.

Eis que chega o dilúvio

As nuvens estavam bem pretas vindas do mar, com vento forte. Quando a água veio, não foi pouco. E desta vez ninguém teve dúvida: entre as voltas 60 e 61, todos trocaram os slicks pelos pneus intermediários. A não ser Ocon, que colocou os pneus de chuva extrema, que acabaram sendo muito lentos.

Mas Zhou bateu e danificou a barreira de pneus, gerando uma bandeira vermelha. Isso aconteceu pouco antes de Perez rodar e perder a segunda posição para Alonso. Na relargada, o espanhol tentou ir para cima de Verstappen na luta pela vitória, mas Max tinha tudo sob controle.

Perez perdeu o pódio para Gasly com a punição de 5s porque deslizou na entrada do box com toda a água que havia ali e ficou 0.8km/h acima do limite de velocidade. Sainz usou o único ponto positivo da Ferrari, a velocidade de reta, para se manter na frente de Hamilton e maximizar o resultado da Scuderia chegando em quinto. Norris, Albon, Piastri e Ocon completaram as posições nos pontos.

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