Continuando no grande tema de 2021 do Blog Takeover, trago os textos da Manu e da Carol, duas “convertidas” recentes que estão com o mesmo sentimento “chega logo 2022!” Acredito que muitos de vocês dividiram ao longo do ano os mesmos sentimentos que elas descrevem e também gostaria de deixar, junto com os textos, um pedido, para todos nós acolhermos quem está chegando, porque a comunidade é muito melhor com mais gente a bordo.
Meu Primeiro Stint
Por Manu Bittencourt (@oficialdamanu)
Sempre gostei de corridas. Desde bem pequena assistia com meu pai. Talvez uma das primeiras lembranças mais fortes seja da corrida final de 2008, aquela do Massa quase foi campeão. Andava de kart indoor no colo do meu pai até os caras da pista mandarem ele andar mais devagar comigo.
Velocidade veio cedinho pra veia.
No começo desse ano fui aceita para ser autora colaboradora de um blog escrito por mulheres fãs de automobilismo. Fiquei muito feliz porque é um blog que dá a voz às mulheres e também porque liderou um movimento de respeito às mulheres nos autódromos.
Como a temporada já tinha começado, meu primeiro texto publicado lá foi no GP da Emilia Romagna.
A corrida tinha tido vários acontecimentos como a batida entre o Bottas e o Russell, a briga na largada entre Hamilton e Verstappen, e a corrida impressionante do Norris. No final, mesmo com a pressão da minha mãe me mandando estudar, fiz meu texto e publiquei. A ideia que minha família iria ler me deixou apavorada, mas todos gostaram e incentivaram os próximos posts. Peguei gosto pela coisa. Todo final de semana escrevia textos sobre a corrida da F1. Fiz também um post especial sobre o tetra do Helinho na Indy500.
Além dos posts do blog, eu comentava no Twitter em tempo real sobre treinos, corridas e acontecimentos internos e externos do mundo da Fórmula 1. Conforme o tempo foi passando, e o campeonato ficando mais acirrado entre Hamilton e Verstappen, o relacionamento entre mim e meu pai começou a ficar mais competitivo. Eu torcendo para o jovem holandês e meu pai para o
heptacampeão. Logo ele que torceu tantos anos contra o Hamilton motivado pela disputa contra o Massa em 2008, foi adotar o inglês em 2021! Um cutucava o outro, soltava uns comentários e opiniões que incomodavam o “adversário”.
Em setembro recebi a oportunidade de participar de uma live no Instagram para comentar sobre o GP da Rússia. Estava muito nervosa, tinha medo de a conexão falhar ou ninguém entender o que eu estava falando. No final deu tudo certo e pude trocar ideias e opiniões sobre o campeonato com outras pessoas. Até ajudei meus avós a mexerem no Instagram para poderem me assistir.
Fazer textos no domingo virou um compromisso para mim. Por mais que alguns dias estava tão mergulhada na corrida que nem tinha feito anotações, não conseguia deixar de postar, mesmo que demorasse um pouco mais para me organizar.
Mas, final de outubro, meu celular estragou e fez com que eu não conseguisse publicar os textos do GP do Estados Unidos e do México. Fiquei muito chateada, sentia que estava em dívida com os meus leitores. Quando chegou meu novo celular, prometi fazer o melhor post possível. Tinha dois motivos para isso: o fato de eu não ter publicado por dois finais de semana anteriores e porque era GP do Brasil, então mais especial ainda. Na última corrida, eu e meu pai conversamos e fizemos um acordo de que quem vencesse poderia comemorar, mantendo respeito com o outro. Minha mãe foi o mediadora disso. Funcionou bem.
Mas aí a prova estava totalmente para o Hamilton e eu já tinha me conformado. Quando Latifi bateu, meu pai disse: “Verstappen ganhou”. A última volta foi de muitas emoções, mas depois que Max passa pela bandeira quadriculada, eu comecei a chorar.
Por mais que esse ano tenha sido manchado pelos erros da direção de prova, a temporada foi incrível do mesmo jeito. Campeonato acirrado do começo ao fim, a corrida que não existiu, Hamilton largando sozinho, dobradinha da McLaren e por aí vai… Mas o melhor de tudo é que pude
registrar todos esses momentos por meio dos meus textos. E isso mudou muita
coisa para mim. Conheci conversei com gente nova, aumentei bastante as
referências de bons colunistas e me diverti demais colocando um pouco de
mim nas redes. Agora que passou meu ano rookie, tá na hora de pisar fundo. Vem logo, 2022!
20 pilotos e uma pista, ou como eu descobri uma paixão
Por Caroline Lessa
Para quem acompanha futebol, como eu, uma das coisas mais chatas é ouvir que não tem
graça pois são só 22 homens atrás de uma bola. Fãs mais pacientes e bem intencionados
às vezes ainda tentam explicar alguma lógica (que existe, é claro) para mostrar que não é
tão simples, nem sem graça assim. O mesmo ocorre com automobilismo e, principalmente,
Fórmula 1, a categoria mais veloz e mais conhecida. Nesse caso, passei a vida inteira ao
lado dos leigos.
Meu pai, eletricista, sempre foi apaixonado por carros e fã de F1. Lembro de muitos
domingos com corrida passando na televisão da sala, sendo o som dos motores o que
embalava qualquer outra coisa que eu estivesse fazendo. Mesmo quando decidia dar uma
chance, não me prendia. Ouvia nomes na narração e acabava por assimilar os que mais
frequentemente ouvia. Kimi, Alonso, Schumacher, Button, Vettel. Massa e Barrichello, claro.
Sabia da existência de Interlagos e só. Até que nos últimos anos o nome de Hamilton veio
ficando mais evidente. Parecia grande demais para passar despercebido sem despertar
qualquer tipo de curiosidade ou, ao menos, ficar atenta às próximas aparições do britânico.
Agora em 2021, eu decidi assistir a série Drive to Survive na Netflix. Alguém para quem a
fórmula 1 era apenas um tipo de “22 homens atrás de uma bola” do automobilismo. Só
carros correndo. Como criar vínculo? Como torcer para um piloto se não sabe onde ele está
na pista? Isso nem ao menos tem regras.
Eu não sei porquê escolhi assistir, dentre tantas opções que poderiam ser mais
interessantes para mim no catálogo. Talvez algo maior soubesse mais que eu, mera mortal.
Então o primeiro episódio virou o segundo que virou uma temporada inteira. E assim devorei
as três temporadas disponíveis. Entendi que, como o futebol, a F1 ia bem além dessa lógica
simplista – e ignorante, convenhamos. Criei vínculos, me apaixonei por histórias. Aprendi a
identificar carros na pista e os pilotos nos uniformes, escondidinhos. Decorei números e
equipes. Emocionei-me em todos os episódios, tendo os mais diversos sentimentos. Aprendi
táticas, regras e termos.
O GP do Azerbaijão foi o primeiro (de todos os outros) que assisti nessa temporada. Para
alguém que tem bastante dificuldade de concentração e de largar o celular, a corrida me
surpreendeu ao me fazer não tocar no aparelho por nenhum instante, atenta do início ao fim.
Outras corridas se sucederam dessa forma e descobri na fórmula 1 algo capaz de amenizar
certos problemas e dificuldades que tenho.
Em momentos de ansiedade, assisto conteúdo no YouTube. Olho as redes das equipes e
dos pilotos. Aprendi a prestar mais atenção nos detalhes e a reconhecer esforços. Tenho
aprendido a agradecer e lutar mais. Estou tentando lidar com o que não concordo e acho injusto. Por conta das corridas, me aproximei mais de algumas pessoas e me reconectei com outras. Enfim, não são só 20 pilotos e uma pista. Nunca foi e nunca será.
Espero que esse relato compartilhado seja interessante para algum leitor como foi, para mim, acompanhar essa temporada e descobrir tantos sentimentos por uma paixão fantástica e inesperada. Falta quanto para março de 2022? Já não aguento mais esperar.
1 Comment
Dois excelentes textos, e é de louvar ver tantas mulheres apaixonadas pela F1.
Se algo de bom a pandemia teve, foi aproximar os adeptos não só da F1, mas do automobilismo em geral, em programas de conversas live, que junto com a série Drive to Survive da Netflix, levaram mais pessoas a ver F1. Para quem não via, ou ligava pouco, este ano a F1 teve uma das suas melhores temporadas, com emoção até à última curva da última corrida. Que a temporada de 2022, seja tão boa, ou um bocadinho melhor, do que a deste ano.
Cumprimentos
visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/