F1 Blog Takeover: Existe solução para os comissários da F1? - Julianne Cerasoli Skip to content

Blog Takeover: Existe solução para os comissários da F1?

A primeira oportunidade que tive de ser lida por um público maior do que eu conseguia atingir com meu pequeno blog que tinha começado alguns meses antes foi quando o Luis Fernando Ramos convidou três produtores de conteúdo que ele gostava de ler para escrever um artigo para o blog dele. Foi lá no final de 2010. Lembro até hoje de onde estava e como as ideias foram surgindo para o texto.

Foi um tijolo na história que me levou à F1, mas um tijolo importante por me dar confiança. É como se alguém que estava dentro do barco me visse tentando embarcar e puxasse minha mão. Venha, você pertence aqui.

Então já faz um anos que tento retribuir isso e convido o pessoal para me enviar textos sobre F1. Aqui estão os 10 selecionados de mais uma temporada do Blog Takeover.

Por Sara Neves

À medida que a temporada decorria, as diretrizes de corrida e as penalizações aplicadas aos pilotos começou a ser um tema altamente debatido. Mas foi no triple-header das Américas quando surgiram divergências entre as diferentes penalizações aplicadas pelos comissários aos dois pilotos que disputavam o título de campeão mundial – o neerlandês Verstappen e o britânico Norris – que a discussão se focou em como resolver as inconsistências na arbitragem.

Uma ideia que ressurgiu como a potencial solução foi a criação de um painel fixo de comissários. Embora a proposta não tenha apoio generalizado, é regularmente sugerida levantando dúvidas sobre a vontade da Fórmula Um de considerar soluções que vão para além do próprio formato de arbitragem.

O desporto automóvel é dinâmico, o que significa que, por mais que a FIA gostasse de prever comportamentos e preparar-se para todos os possíveis cenários, simplesmente não consegue. As regras e regulamentos são estabelecidos para criar os limites dentro dos quais os atletas e as equipas podem operar, mas a forma como escolhem fazê-lo é variada e imprevisível.

Esta variabilidade apresenta um desafio para os comissários na aplicação das regras e regulamentos, sendo esta uma das principais razões pelas quais surgem inconsistências nas suas decisões. Nenhuma situação é verdadeiramente idêntica, e um certo nível de julgamento humano – que, por definição, é subjetivo – tem de ser aplicado para determinar qual a abordagem mais adequada.

Ao longo dos anos, a FIA introduziu tecnologias como o VAR e foi aperfeiçoando as regras e procedimentos para melhorar as decisões dos comissários. No entanto, estas iniciativas, bem como o painel fixo proposto, ignoram um ponto crítico: embora seja importante implementar sistemas para minimizar a necessidade de subjetividade, é igualmente essencial garantir que, quando a intervenção do julgamento humano é necessária, este mantenha os valores fundamentais da arbitragem, como a imparcialidade.

A verdade é que a arbitragem na Fórmula Um já enfrenta acusações de preconceito, favoritismo e parcialidade por parte de atletas, equipas e fãs, o que prejudica seriamente a credibilidade do desporto e mina a confiança dos stakeholders.

Um fator importante que contribui para esta perceção é o facto de o papel de comissário ter permanecido praticamente inalterado desde a sua criação. Os comissários continuam a ser voluntários, não remunerados e, muitas vezes, têm ligações ao desporto – uma estrutura que fazia sentido há cinquenta anos. Mas o desporto automóvel evoluiu significativamente desde então, não só em complexidade, mas também no seu alcance global e nos standards dos stakeholders. Por conseguinte, as expectativas éticas e os riscos reputacionais são agora muito maiores, tornando-se essencial que a Fórmula Um se alinhe com os standards modernos da indústria desportiva para proteger as suas oportunidades comerciais e viabilidade financeira.

Tudo isto indica que, além de repensar o formato da arbitragem, a Fórmula Um poderá precisar de ter que redefinir quem é elegível para arbitrar corridas e como profissionalizar essa função.

Os detalhes de como alcançar isto estão abertos a discussão, mas a Fórmula Um pode inspirar-se em várias outras ligas desportivas como o futebol europeu, o ténis ou a NBA, ou quem sabe até estabelecer parcerias de partilha de conhecimentos com algumas delas. No entanto, todas elas concordam que existem três princípios fundamentais para a otimização da arbitragem: os árbitros não devem ter afiliações ou interesses financeiros prévios no desporto; uma remuneração justa ajuda a mitigar o risco de corrupção; e programas contínuos de formação, mentoria e desenvolvimento garantem que indivíduos qualificados comecem nas categorias juniores e avancem para os principais campeonatos no seu desporto à medida que vão ganhando experiência.

Atualmente a Fórmula Um não satisfaz nenhum deles. Mas será que implementar mudanças para que se cumpra estes princípios eliminam situações em que as decisões são questionadas, acusadas de falta de consistência ou de parcialidade? Provavelmente não. Nenhum desporto está imune a esses problemas. Contudo, proporcionariam uma base mais sólida para equilibrar a busca pela consistência com a necessidade de justiça. Não será esta uma expectativa razoável para atletas e fãs terem?

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