A primeira oportunidade que tive de ser lida por um público maior do que eu conseguia atingir com meu pequeno blog que tinha começado alguns meses antes foi quando o Luis Fernando Ramos convidou três produtores de conteúdo que ele gostava de ler para escrever um artigo para o blog dele. Foi lá no final de 2010. Lembro até hoje de onde estava e como as ideias foram surgindo para o texto.
Foi um tijolo na história que me levou à F1, mas um tijolo importante por me dar confiança. É como se alguém que estava dentro do barco me visse tentando embarcar e puxasse minha mão. Venha, você pertence aqui.
Então já faz um anos que tento retribuir isso e convido o pessoal para me enviar textos sobre F1. Aqui estão os 10 selecionados de mais uma temporada do Blog Takeover.
Por Ana Laura Nunes
Ayrton Senna da Silva. Um jovem que levava no nome o sobrenome de milhares de brasileiros, carregou a garra e a persistência que muitos no mundo inteiro podem até ter, mas já corre no sangue de quem nasce nessas terras. Ayrton corria em terras estrangeiras, precisava se adaptar ao idioma, entretanto sua essência ninguém mudou. Era brasileiro e, se houvesse falta de apoio por parte dos estrangeiros de onde ele estava, havia um povo que o abraçava e amparava aqui no Brasil.
É um fato de conhecimento geral de que a era de Ayrton Senna popularizou a Fórmula 1 no Brasil, um esporte considerado ainda hoje elitizado. Um país que acordava cedo, ligava a televisão e ouvia a corrida enquanto acendia a churrasqueira, preparava o almoço. Quando Senna ganhava, o tema da Vitória embalava aos almoços dominicais em família. Muitas crianças cresceram tendo a Fórmula 1 como memória afetiva. A sua precoce morte abalou um país inteiro, que até hoje se lembra do que estavam fazendo naquele fatídico primeiro de maio e ainda chora a sua morte.
Durante anos tivemos alguns brasileiros no Grid, vibramos com Rubinho Barrichello, sofremos o título perdido de Felipe Massa e podemos comemorar tantas vitórias.
E depois de um hiato de sete anos, finalmente podemos dizer que temos um brasileiro no Grid novamente.
Gabriel Bortoleto. Campeão da Fórmula 3 em seu ano de estreia, chega na F2. Quem diria que aquele jovem que largava mal nas primeiras corridas iria ganhar uma corrida largando na última posição, que iria repetir o feito da competição anterior e iria conquistar o título de campeão em seu primeiro ano. Ele provou que merece a confiança depositada nele, a despeito dos estrangeiros. Tá aí a garra, a persistência. Ainda emocionado, pega o microfone e em português, idioma que os seus entendem, dedica essa vitória aos brasileiros, lembrando de como desistir não é uma opção para quem nasce nessa terra.
Todavia, Gabriel não é Ayrton. Nunca haverá outro Ayrton, assim como Gabriel também é único e trilhará um caminho só seu. Mas se tem uma coisa que eles terão em comum é um povo apaixonado abraçando cada passo e cada conquista. Se nossos avós, pais, irmãos acordavam e assistiam Ayrton, nós acordaremos cedo para assistir Gabriel. E o ciclo continua. Que honra!
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