F1 Blog takeover: O poder que a F1 ignora - Julianne Cerasoli Skip to content

Blog takeover: O poder que a F1 ignora

A primeira oportunidade que tive de ser lida por um público maior do que eu conseguia atingir com meu pequeno blog que tinha começado alguns meses antes foi quando o Luis Fernando Ramos convidou três produtores de conteúdo que ele gostava de ler para escrever um artigo para o blog dele. Foi lá no final de 2010. Lembro até hoje de onde estava e como as ideias foram surgindo para o texto.

Foi um tijolo na história que me levou à F1, mas um tijolo importante por me dar confiança. É como se alguém que estava dentro do barco me visse tentando embarcar e puxasse minha mão. Venha, você pertence aqui.

Então já faz um anos que tento retribuir isso e convido o pessoal para me enviar textos sobre F1. Aqui estão os 10 selecionados de mais uma temporada do Blog Takeover.

Por João Rafael Conde

A tradição do Brasil no automobilismo internacional vai além da presença do Grande Prêmio de São Paulo no calendário da Fórmula 1. Em 2024, ano marcado pelo simbolismo dos 50 anos do primeiro título da McLaren com Emerson Fittipaldi e dos 30 anos do falecimento de Ayrton Senna, as diversas homenagens pelos quatro cantos do planeta reforçaram o status das cores verde e amarela no mundo da principal categoria do esporte a motor. 

Esse impulso à imagem do país, dado pela tradição, pode ser consolidado com iniciativas que combinem também a inovação e a sustentabilidade, reforçando as conexões do país com o esporte e com os valores globais que ambos procuram representar dentro e fora das pistas.

Se a série dramatúrgica sobre a vida de Ayrton Senna tem causado repercussão pela riqueza dos detalhes e por fazer reviver, neste fim de 2024, sentimentos que eram comuns na vida dos brasileiros há 30 – 40 anos, o ano se encerra também com a esperança de um futuro brilhante para Gabriel Bortoleto após conquistar o título da Fórmula 2 e ter confirmada a sua presença no grid da F1 para 2025. 

Contudo, essa amplitude de emoções não ficou restrita ao final do ano, ela foi frequentemente presente ao longo dos últimos 12 meses e fortemente embasada na sólida conexão do Brasil com a Fórmula 1. Lewis Hamilton, na categoria de cidadão honorário, começou o ano na Bahia; porém, foi em maio, e em Imola, que todos os pilotos vestiram camisetas nas cores da bandeira para homenagear Ayrton Senna. Homenagens também foram feitas pela McLaren, que fugiu de sua papaia, em Mônaco, e adotou as cores nacionais nas ruas do principado para celebrar o tricampeão; além de outras iniciativas que a equipe de Woking fez ligadas ao Ayrton e também aos 50 anos da conquista de seu primeiro campeonato de pilotos, com Emerson Fittipaldi.

É inegável o elo existente entre o Brasil e a Fórmula 1, no entanto, essa sólida relação poderia ser explorada com maior eficácia, tanto em benefício do país, quanto da categoria esportiva. Se por um lado a matriz energética é amplamente baseada em energias renováveis e o etanol é incorporado na gasolina desde 1931 no Brasil, o compromisso com a sustentabilidade na Fórmula 1 é recente e ainda demanda por soluções. Parcerias para a compra de crédito de carbono, como a que a McLaren estabeleceu com a Mombak, poderiam ser replicadas. O Brasil possui ampla expertise no quesito sustentabilidade e não faltam oportunidades a serem exploradas.

Na perspectiva contrária, a capacidade de inovação contínua e a excelência da engenharia da Fórmula 1 poderia ser melhor absorvida pelo Brasil. Além da transferência de tecnologia em si, a Fórmula 1 poderia contribuir na formação de engenheiros e especialistas brasileiros. O que vemos nas pistas durante os fins de semana são pequenas amostras do que é a Fórmula 1, e o que há abaixo da parte visível do iceberg engloba um grupo de 10 empresas de tecnologia capazes de oferecer soluções para transportes públicos, mineração e aviação. Empresas como a Embraer poderiam se beneficiar com uma cooperação com o esporte, e essa colaboração poderia ir além da engenharia, estendendo também, por exemplo, para a parte comercial da aviação executiva.

É possível discutir os limites de pista a cada treino ou corrida, mas os limites do que a Fórmula 1 pode oferecer para a sociedade vão muito além da evolução tecnológica que a indústria automotiva procura incorporar em seus veículos. Pela atração e poder de influência que o Brasil e a Fórmula 1 possuem, a construção de uma estratégia que integre e combine a tradição, a inovação e a sustentabilidade, alinhadas aos valores globais que as duas partes procuram representar, pode não apenas fortalecer o elo já existente, mas render bons frutos econômicos, sociais e também financeiros.

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