A primeira oportunidade que tive de ser lida por um público maior do que eu conseguia atingir com meu pequeno blog que tinha começado alguns meses antes foi quando o Luis Fernando Ramos convidou três produtores de conteúdo que ele gostava de ler para escrever um artigo para o blog dele. Foi lá no final de 2010. Lembro até hoje de onde estava e como as ideias foram surgindo para o texto.
Foi um tijolo na história que me levou à F1, mas um tijolo importante por me dar confiança. É como se alguém que estava dentro do barco me visse tentando embarcar e puxasse minha mão. Venha, você pertence aqui.
Então já faz um anos que tento retribuir isso e convido o pessoal para me enviar textos sobre F1. Aqui estão os 10 selecionados de mais uma temporada do Blog Takeover.
Por Bianca Martins
De onde surgem os ídolos? O que um país precisa fazer para que um atleta seja considerado um ícone esportivo? O que é preciso para que um jovem chegue até a categoria mais alta do automobilismo? Todas essas são perguntas feitas pelos fãs do esporte a motor no momento, após ver a nova série da Netflix retratando a vida de Ayrton Senna. Mas o que a maioria dos espectadores do projeto audiovisual não sabe são as dificuldades para que um brasileiro chegue perto daquele momento.
Gabriel Bortoleto, Aurelia Nobels, Rafaela Ferreira, Felipe Drugovich, Enzo e Pietro Fittipaldi. Nomes que para muitos podem ser desconhecidos, para o fã de Fórmula 1 atual é a esperança de ver a bandeira verde e amarela no alto do pódio da categoria. Com a entrada de Bortoleto na Sauber em 2025, o sonho tornou-se um pouco mais real, porém, o desejo pela vitória ainda é distante. Mas por que ficamos tanto tempo longe das pistas da categoria de elite? Por que a chegada do jovem na F1 é tão aguardada e comemorada?
Desde a morte de Ayrton Senna, trinta anos atrás, o Brasil passou por um dos momentos mais delicados na história do esporte brasileiro. Um dos maiores ídolos do país faleceu, após um grave acidente, no Grande Prêmio de Ímola, na frente das câmaras e dos olhos atentos de todos que eram amantes do esporte ou estavam ligados na corrida naquele feriado. É fácil para os fãs de Fórmula 1 dizer o que estavam fazendo naquele dia 1º de maio. É fácil ter em suas memórias, os poucos nomes brasileiros que entraram naquelas pistas após o grande ídolo.
Os últimos brasileiros a disputarem corridas da categoria, sendo um destaque Rubinho Barrichello e Felipe Massa, tiveram que carregar o legado do ídolo caído sobre eles. Com as piadas sobre Barrichello ser sempre o segundo lugar, o escândalo Piquet e a derrota de Massa, o país saiu da Fórmula 1 marcado interna e externamente. Sem um grande ídolo no esporte, uma categoria de base nacional ou uma esperança no fim do túnel, a Fórmula 1 saiu do imaginário brasileiro.
Hoje, com a presença de promessas no esporte sendo brasileiros, a força dos fãs mais jovens de Fórmula 1 busca o retorno dos dias de glória do esporte no Brasil. A conquista de posições como reservas em equipes de peso, a vitória do campeonato na categoria de base Fórmula 2 de Felipe Drugovich, em 2022, e a vitória de Gabriel Bortoleto na Fórmula 3 e na Fórmula 2 nos anos seguintes, fez com que a esperança de conquistar um assento titular se acendesse nos corações dos fãs do esporte.
Desde o anúncio de Borboleto, como é carinhosamente chamado pelos fãs brasileiros, Gabriel Bortoleto tornou-se a maior esperança do país para a categoria. Mesmo assim, o jovem de 20 anos ainda irá enfrentar diversos desafios pela frente, principalmente por estar em uma equipe de final de grid. Porém, com todas as adversidades encontradas pelo caminho, Gabriel Bortoleto, e todos os brasileiros presentes nas demais categorias, são exemplos de como ter resiliência, além de ser a esperança de ver o Brasil sorrir de novo e ouvir novamente o tema da vitória em um domingo de manhã.
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