Selecionei para o “aniversário” daquele GP de Abu Dhabi um texto que é claramente escrito por um fã de Lewis Hamilton, mas que usa o inglês para reconhecer as qualidades inegáveis de Max Verstappen. Sim, é possível apreciar os grandes.
Por César Rodrigo Anorozo Nunes
Ao contrário do que o título pode sugerir, o texto não se trata de Max Emilian Verstappen: vou tentar pincelar, sem maiores minúcias, como um campeão é forjado, através, principalmente, de seus rivais e, no caso específico, do nêmesis: o adversário intransponível, aquele que aparentemente não será sobrepujado, ultrapassado… aquele que faz com que um mínimo erro te leve à derrocada, que te faz superar constantemente, almejando tão somente a perfeição… no caso, Lewis Carl Davidson Hamilton!
Na Fórmula 1, como em outros esportes de alta performance, o elevado rendimento não basta para alcançar o topo. Para exemplificar, cito o tênis, onde, várias vezes, os maiorais Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic destacaram, em entrevistas, como tiveram que melhorar o nível, se aprofundar em áreas que eram obscuras, aprimorar-se em quesitos que, mesmo sendo muito bons, ainda não eram suficientes para superar seus antagonistas.
Hamilton é o piloto mais completo que acompanhei e acompanho. Ressalto que Ayrton Senna é “Hors concours” e, não coincidentemente, o ídolo maior e mestre do britânico: devido ao seu perfeccionismo, no qual Lewis se espelhou e se auto projetou.
Primeiramente, discorro sobre a primazia em pole positions: Hamilton, em sua temporada de estréia (2007), já anotava 06 voltas mais rápidas para largar em 1° lugar no grid e, com o decorrer dos anos, tornou-se o maior de todos os tempos. Tal habilidade, Verstappen demorou um pouquinho para aperfeiçoar: sua primeira pole só veio em 2019, no GP da Hungria.
Neste mesmo GP, durante a corrida (visto que o holandês já tinha aprendido a primeira lição), chegou a hora de subir o sarrafo, elevar o parâmetro através do gênio: após uma estratégia de uma parada a mais, para colocar pneus novos e ter condições de superar o então líder da prova, Max Verstappen soltou no rádio, durante a perseguição implacável: “It’s insane!”. A forma como Lewis pilotava naquela ocasião, tirando quase um segundo de vantagem por volta, com a precisão milimétrica, sem margem de erro, com a pressão a milhão, ultrapassando o oponente a poucas voltas do fim e vencendo a prova.
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Verstappen usou contra Lewis uma estratégia semelhante em um GP posterior, provando que era capaz de absorver aquilo: apreendeu como deve realizar uma corrida, fazendo voltas e voltas a nível de pole position (logicamente, com a administração correta dos pneus) para se tornar o campeão que hoje é. Um verdadeiro campeão forma-se através do amadurecimento, observação, apreensão, superação e aprendizado derivado de diversas adversidades.
Enquanto o holandês não desenvolveu a habilidade de realizar “pole positions”, não caberia ao mesmo conquistar um título mundial. Ademais, ao se tornar um piloto completo e perfeito, o “Super Max” atingiu o status de excelência, obtendo a proeza de se sagrar tri-campeão mundial (mesmo com o controverso título de 2021), enfileirando vitórias e quebrando recordes.
Inegável a qualidade de Verstappen, demonstrando desde o início uma gana desmedida pela vitória, sendo inclusive o piloto mais jovem a vencer uma corrida e, numa outra cena emblemática que me vêm à memória, no GP da Hungria de 2022, em que deu um giro de 360° completo e venceu mesmo assim.
Em suma, acompanhando a jornada dos últimos anos da categoria e a transferência do #1, observo que o pupilo aprendeu muito, perscrutando outras aulas-mestras protagonizadas pelo professor Lewis: como quando venceu o Grande Prêmio de Silverstone, com um pneu furado, em 2020; a pole acima do simulador em Singapura 2018; a volta mais rápida da história da Fórmula 1 em Monza 2020; ou no fim de semana apoteótico de Interlagos, São Paulo, Brasil (“Senna’s Song”, como denominei) no ano de 2021… Sim!!! E, após receber o título de cidadão honorário, ele ainda é brasileiro: pé na tábua, Lewis Hamilton da Silva!
2 Comments
Tenho que discordar completamente em certo ponto. Ambos são pilotos forjados nas categorias de base, a custa do esforço e suor dos respectivos pais. E sobre a pole position, Max não estreou em equipe de ponta, ao contrário de Lewis que nunca correu em equipe média ou pequena, ou seja, Max não teve equipamento para mostrar todo seu potencial de cara. Lógico que ambos foram evoluindo a cada ano e 2021 foi um ano maravilhoso, onde os amantes da F1 puderam ver a melhor temporada. Não sou fã de ninguém, sou amante da F1 e por isso vejo os acontecimentos sem parcialidade.
Boa tarde, Antonio Junior! A questão trata-se prioritariamente de quando Daniel Ricciardo, como parceiro de Verstappen na Red Bull conseguiu realizar poles, enquanto o holandês ainda se aprimorava… entendo a questão do carro não ser predominante, mas, tenho em mente que o parceiro, com o mesmo carro, conseguiu realizar a proeza, portanto, o jovem Max ainda estava trilhando o caminho. Viva a F1!!!