O GP da Bélgica não teve nenhuma volta de corrida de verdade, mas mesmo assim Max Verstappen estourou a champanhe na comemoração pela vitória e diminuiu a vantagem de Lewis Hamilton na liderança do campeonato de oito para três pontos, com dez etapas para o final da temporada. Mas por que a Fórmula 1 acabou ficando nesta situação de simplesmente não conseguir correr debaixo de chuva em Spa-Francorchamps neste domingo?
Primeiramente, tem chovido muito na região do circuito desde quinta-feira. E, neste domingo, a água começou a cair de forma intermitente por volta do meio-dia. A largada seria às 15h. “Provavelmente, o horário da melhor condição de pista foi justamente quando estávamos indo para o grid, então lá pelas 14h30”, disse Daniel Ricciardo, quarto colocado na classficação final, que acabou sendo a mesma do grid de largada na prática.
De fato, os carros não pareciam levantar muito spray, o que é a grande dificuldade neste tipo de condição, indo para o grid. E, mesmo assim, Sergio Perez perdeu o controle de sua Red Bull e bateu na volta de instalação.
Isso porque a a aquaplanagem é outro problema, especialmente com os carros tão baixos como aqueles com que a F1 corre atualmente. E o spray levantado é maior porque os pneus traseiros foram aumentados nos últimos anos. Esses dois fatores, juntamente com a situação da pista de Spa contribuíram para que a direção de prova considerasse inviável retirar o Safety Car da pista.
A grande preocupação era com a baixa visibilidade e a possibilidade de aquaplanagem na sequência das curvas Eau Rouge e Raidillon, palco de acidentes graves nos últimos anos, e que já tinha feito uma vítima na F1 neste fim de semana, Lando Norris, que bateu forte na classificação. O acidente ocorreu depois que vários pilotos pediram que a sessão fosse paralisada, mas não foram ouvidos pelo diretor de prova, Michael Masi. Descontente com a atuação do australiano, um dos diretores da associação de pilotos, Sebastian Vettel, foi pessoalmente cobrar que Masi ouvisse mais os pilotos.
E foi isso o que ele fez neste domingo. Como a chuva apertou perto do horário de largada, a opção foi por fazer duas voltas de apresentação atrás do Safety Car, e após ouvir de vários pilotos que a visibilidade era muito baixa, Masi decidiu interromper a prova.
Foram horas de espera até que ficou claro que a chuva não pararia – ela só cedeu às 21h, quando já estava escuro em Spa-Francorchamps – então a F1 passou a buscar soluções factíveis. Segundo Masi, há “uma lista de motivos” pelos quais não seria possível fazer uma corrida na segunda-feira, passando por questões relacionadas à organização, como os fiscais de pista, público e o próprio ‘circo’ da F1, que já começara a ser desmontado para ir para a próxima etapa, já no próximo final de semana, na Holanda.
Então a decisão foi por garantir que os pontos seriam dados, mesmo que pela metade. O regulamento prevê que é possível dar pontos aos pilotos assim que o líder completar pelo menos duas voltas, não importando como isso foi feito. E por conta disso Verstappen marcou 12.5 pontos, o segundo colocado George Russell fez 9 e o terceiro, Hamilton, conquistou 7.5. “Três voltas foram completadas porque, assim que os carros entraram de volta no pitlane após a bandeira vermelha, eles cruzaram a linha de chegada”, explicou Masi.
Embora os pilotos tenham concordado que não era aconselhável correr sob condições tão ruins, por falta de segurança, nem todos concordaram com a pontuação. “É meio que uma piada né?”, disse Sebastian Vettel, quinto na corrida. “Se você quiser dar pontos para a classificação, que dê”. Para Hamilton, “a maneira como as coisas foram feitas provam que o dinheiro comanda” a categoria.
Quem não teve motivos para reclamar foi Russell, que acabou subindo ao pódio e comemorando, efetivamente, uma excelente classificação, quando colocou a Williams na segunda colocação no grid sob chuva. “Honestamente, era muito difícil. Mesmo estando em segundo, às vezes eu não conseguia nem ver Max à minha frente. Sinto muito por quem estava assistindo, mas a segurança tem de vir em primeiro lugar. Mas um pódio é um pódio e, em duas semanas, eu provavelmente nem vou lembrar como ele foi conquistado. Claro que é uma sensação estranha. Nunca vivi isso na minha carreira, mas acabamos sendo recompensados por um trabalho incrível que fizemos na classificação.”
Sem previsão de chuva, o GP da Holanda será a próxima etapa da Fórmula 1, dia 5 de setembro.
8 Comments
Ju, como essa corrida “ajuda” os pilotos que estão pendurados no quesito “UP” neste ano ?
Acho que o que aconteceu hoje, (a corrida que não foi corrida), não dá uma imagem nada boa para a F1. Foi ainda pior do que aquele Grande Prémio dos Estados Unidos de 2005.
Compreendo todas as medidas de segurança, mas penso que os adeptos, principalmente os que pagaram bilhete para verem a corrida na pista, deveriam ter sido mais respeitados. Deixar toda a gente à espera durante horas, à chuva e ao frio foi uma falta de respeito enorme.
Como escreveu o Hamilton no seu Instagram, não faltavam lá equipamentos sofisticados para prever o tempo e ver que as coisas não iam melhorar. Por isso só tinham de ter cancelado a corrida bem mais cedo-
Agora resta esperar pelo próximo fim de semana para poder ver uma corrida de verdade e rezar para não chover.
cumprimentos
visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/
Visitei o seu blog. Gostei, muito bom. PARABÉNS!!! É sempre gratificante ver sites que resgatam o Passado do Automobilismo – da Fórmula 1 – pois um dia HAMILTON, VERSTAPPEN, ALONSO, VETTEL, RUSSELL, LECLERC, NORRIS também SERÃO APENAS História, posto que o TEMPO NÃO TIRA FÉRIAS e é uma estranha dimensão que não permite retorno.
Acredito que seu blog ainda esteja em construção, pois notei a ausência de grandes nomes, de grandes ases. Sobretudo, providencie CORRENDO a inclusão:
– do extraordinário JIM CLARK, o meteoro que com o seu carro “engraçadinho” (by CHAPMAN), de motor FORD traseiro, surpreendeu os incrédulos americanos e promoveu a extinção em massa dos grandes “sauros” com motor dianteiro OFFENHAUSER que então reinavam naquela terra e naqueles tempos primevos;
– de EMERSON FITTIPALDI e sua precisão MILIMÉTRICA e perene nas linhas/trajetórias que descrevia em sua pilotagem;
– do veloz (e com potencial para campeão mundial) JOSÉ CARLOS PACE: a exemplo de RONNIE PETERSON, com ele não havia carro inguiável; ele entrava num carro e sentava a bota com EFICÁCIA do jeito que o carro se apresentava.
Como sugestão para “turbinar” seu site, aborde também a Era dos Grand Prix pré-F 1, começando lá pelo alvorecer do século XX com o intrépido e corajoso AVIADOR DE GUERRA e piloto de carros de corrida GEORGES BOILLOT – que “barbarizou” não apenas nas pistas europeias, como também nas 500 MILHAS DE INDIANÁPOLIS. Em seguida, prossiga até à Era dos monstruosos MERCEDES BENZ, ALFA ROMEO e AUTO UNION dos anos 30, e seus NÃO MENOS MONSTRUOSOS PILOTOS TAZIO NUVOLARI, RUDOLF CARACCIOLA e BERND ROSEMEYER, para citar só os três mais maiores. Sobre o mais lendário deles – NUVOLARI, cujas façanhas eram inigualáveis – o também lendário Dr. FERDINAND PORSCHE classificou-o como “o maior piloto da História, do Passado, do Presente e do Futuro”. Eu humildemente talvez devesse acrescentar “e de Sempre”, tal a magnitude de sua pilotagem e de suas façanhas.
– do ACROBÁTICO e velocíssimo Rei da Fórmula 2 e ÚNICO Campeão de F1 post-mortem JOCHEN RINDT;
– do nobre espanhol MARQUÊS DE PORTAGO, playboy internacional, bon vivant e muito bom de volante (apesar de sua breve passagem pela F 1, ele tem uma história interessantíssima, mas trágica);
– do “tremendo bota” argentino JOSÉ FROILÁN GONZALEZ – o Touro dos Pampas, rival de FANGIO;
– de KAMUI KOBAYASHI – um dos mais “UNDERRATED” e DESPERDIÇADOS pilotos que já passaram pela F1, cuja especialidade eram as irreverentes (algumas hilariantes), impossíveis, descomplicadas e desmoralizantes ULTRAPASSAGENS que fazia, inclusive e principalmente em cima dos “cobras” (KAMUI “carimbou” o título novinho em folha de BUTTON, em ABU DHABI, no MESMO TRAÇADO onde ALONSO perdeu um título por não conseguir ultrapassar PETROV).
Permita-me também sugerir na coluna PERSONALIDADES a inclusão: – da locomotiva chamada ROGER PENSKE (ele fez incursões breves também na F 1, como piloto, dono de equipe e construtor);
– de PARNELLI JONES (ele também incursionou na F 1 como dono de equipe);
– de REG PARNELL (além de ter sido piloto, como dono de equipe ele deu oportunidades a importantes nomes do Automobilismo);
– de EUGENIO DRAGONI, o todo poderoso Chefe de Equipe da FERRARI, amigo pessoal de ENZO, e cujas divergências com o genial SURTEES acabaram levando este a sair da equipe FERRARI e levar a HONDA no ano seguinte a vencer sob sua batuta no templo sagrado ferrarista de MONZA, uma vitória que ele – SURTEES – contava saboreando-a e degustando-a com satisfação.
Na coluna Circuitos, inclua BROOKLANDS, o mais antigo do mundo, hoje um museu automobilístico muito interessante.
Na Coluna Equipes, inclua a gloriosa BENTLEY desde os seus primórdios, quando venceu 5 vezes consecutivamente nos anos 20/30 as 24 Horas de Le Mans.
Também valeria incluir em PERSONALIDADES – embora ele tenha pilotado poucas vezes na F 1 – o nome do francês PIERRE LEVEGH pela sua história extraordinária de OBSTINAÇÃO para vencer as 24 Horas Le Mans, a qual infelizmente teve aquele desfecho trágico em 1955. Na edição das 24 Horas de Le Mans de 1952, LEVEGH quase VENCEU SOZINHO a corrida, pilotando por mais de 23 horas na liderança (!!!), até ser vencido pela exaustão física e mental que ocasionou uma redução errada de marcha, quebrando o câmbio de seu TALBOT francês, quando tinha 4 (!!!) voltas de vantagem sobre as poderosas MERCEDES. Se tivesse vencido, teria sido um feito quase impossível para alguém repetir. LEVEGH saiu do carro como um zumbi.
Abraços.
O “IMPOTECE ACONSSÍVEL”!!! A Fórmula 1 está precisando urgentemente resgatar algumas de suas raízes, como poder correr na chuva. É claro que os riscos DEVEM ser minimizados AO MÁXIMO, ninguém quer ver piloto morrendo, mas a tecnologia extremamente sofisticada que se alcançou não deveria ser um empecilho para que os carros tenham condições de correr sob chuva, sob pena de prejudicar o esporte e o espetáculo. Hoje em dia praticamente só se corre no máximo em pista úmida, já secando. Ou deveria haver um recuo em tantas sofisticações, ou aprimorá-las ainda mais, permitindo que os carros corram sob chuva intensa, como era no Passado. Certa vez, BERNIE ECCLESTONE até sugeriu MOLHAR AS PISTAS, para produzir emoção. E providencie-se melhorias de drenagem em geral das pistas para evitar aquaplanagens, e em especial melhorias de SEGURANÇA em curvas perigosas como a EAU ROUGE, mas sem alterar muito sua essência. RACERS gostam de acelerar, não de jogar cartas nem dominó. SPA é a pista preferida de muitos pilotos.
Automobilismo sem força G atuando, sem força centrífuga, sem força centrípeta, sem a sensação de peso real, sem a sensação REAL da traseira tentando ultrapassar a dianteira nas curvas não é Automobilismo de verdade, é videogame. Um dos fatores mais eletrizantes e que diferenciam um piloto genial é o de saber e ter habilidade para correr no molhado. Um exemplo claro: um dos fatores que diferenciam MAX VERSTAPPEN de CHARLES LECLERC é o piso molhado, assim como era de SENNA para PROST, o “Professor”. LECLERC em relação a MAX deixa a desejar neste quesito. E isso faz toda a diferença. VERSTAPPEN no molhado só encontra paralelo em HAMILTON nesse grid atual. BELTOISE, ICKX e PEDRO RODRIGUEZ, por exemplos, eram formidáveis RAIN MASTERS.
Esse GP da Bélgica teve boca de jacaré, dentes de jacaré, patas de jacaré, corpo de jacaré, couro de jacaré e rabo de jacaré, mas não era um jacaré, era apenas um beija-flor . . . Assim, a Fórmula 1 vai perder credibilidade e fãs. . .
A chuva é um diferencial emocionante, gera muita adrenalina, e vou me permitir um testemunho!!! SAUDADES do GP de Mônaco de 1972, quando um JEAN PIERRE BELTOISE – que tinha um cotovelo com limitação de movimentos – deixou o maior dos RAIN MASTERS da época – JACKY ICKX – literalmente humilhado. BELTOISE produziu com seu já caquético e reumático BRM um show eletrizante de pilotagem na pista do Principado acossada por um DILÚVIO. Jamais vou esquecer. BELTOISE voou em Mônaco sob chuva intensa, sem tomar conhecimento dos adversários; a cada cotovelo ENCHARCADO ele entortava em ângulos até 90 graus e recuperava o prumo SEM PÊNDULO em muitas das vezes, deixando todos perplexos e na torcida para que não perdesse o controle!!! A tocada que os dinossauros aficionados tinham esperado ver de JIM CLARK veio através de BELTOISE, anos depois, naquele 1972, como um presente inesperado. Foi TALVEZ a maior e mais espetacular tocada que vi na minha vida, e olhem que sou dos tempos em que os dinossauros andavam pela Terra; estou na janela desde os tempos de FANGIO e do MIRABOLANTE nobre espanhol e playboy bom de volante Alfonso Antonio Vicente Eduardo Angel Blas Francisco de Borja Cabeza de Vaca y Leighton, mais conhecido como MARQUÊS DE PORTAGO. Em 1972 em Mônaco, BELTOISE largou em quarto lugar e, num ímpeto irresistível, imediatamente assumiu a liderança e venceu o GP de Mônaco botando mais de 38 segundos no segundo colocado, o RAIN MASTER JACKY ICKX, uma volta em cima do terceiro, EMERSON FITTIPALDI, e 2 voltas em cima do quarto, JACKIE STEWART!!! Em MÔNACO, em pista encharcada e cheia de óleo!!!
BELTOISE ganhou um ÚNICO GP de F1, mas ÉPICO, inesquecível, e teve uma carreira marcada pela glória e pela tragédia também, aquela com IGNAZIO GIUNTI. Vi-o pessoalmente correr, bem perto da pista: ele tinha um estilo fortíssimo, e era impressionante vê-lo em seu BRM descendo a reta para a entrada da curva do SARGENTO, reduzindo marchas sem dó nem piedade e depois despejando o caldeirão de uma vez só na saída da curva!!! Isso tudo com a trilha sonora do rugido grave e trovejante do motor BRM, que parecia ser o mais potente mas na verdade era o MENOS potente do grid de então. . . Para quem gosta realmente de F 1, recomendo fortemente a todos a leitura da biografia de J.P. BELTOISE, de sua própria autoria, intitulada “É PROIBIDO MORRER” para conhecerem esse verdadeiro RACER, com tradução primorosa do Tricampeão Brasileiro de Turismo Classe C PEDRO VITOR DE LAMARE. Está esgotada, só a encontrarão em sebos.
Que aula! Que profundidade de conhecimento com excelente escrita. Gostaria de ler mais histórias assim. Você tem algum blog sobre F1? Se não tiver é uma grande oportunidade da Julianne lhe convidar para compartilhar este conhecimento!
Obrigado pelas generosas palavras, meu caro GUILHERME.
Não tenho blog de Automobilismo, sou velho (sem eufemismos) e contemporâneo de toda a existência da Fórmula 1. Apesar de ser desde criança um apaixonado por Automobilismo (incluindo os Rallyes) e frequentar muitos sites especializados brasileiros, ingleses, espanhóis e italianos, COMENTO – SEM desejar ou pretender qualquer compromisso – APENAS aqui no Blog da JULIANNE, essa jornalista excepcional, a quem muito admiro.
Comento apenas e unicamente por prazer, para dividir minhas muitas lembranças com vocês e assim levantar nomes, acontecimentos e episódios para que os mais jovens pesquisem depois nessa coisa maravilhosa que é a Internet, caso tenham interesse. Mais uma vez, grato pelas suas palavras.
Forte abraço.
O pódio para a corrida que não aconteceu, pegou mal.
Assim como os pontos.
Já pensou o Verstappen ser campeão por meio ponto, ou 4,5. Que foi a diferença hoje.
No final, Michael Masi tomou a melhor decisão para esta situação. Mas a forma como essa situação foi conduzida deveria ter sido melhor conduzida. Não acha que já passou da hora da F1 (e da FIA) adotar em um protocolo para situações excepcionais como ocorrida neste domingo?