Max Verstappen venceu o GP do Japão com uma volta incrível no sábado e uma corrida sem erros no domingo, enquanto as McLaren não tiveram a sua disposição a grande arma que têm em relação aos rivais, o menor desgaste de pneus, já que isso não foi um fator em Suzuka após o asfalto do primeiro setor – justamente aquele que causava maior aumento de temperaturas no passado – fazer com que a terceira etapa do campeonato fosse uma corrida de uma parada, com ritmo forte e poucas manobras de ultrapassagem.
O holandês leu bem a evolução da pista na classificação, foi deixando seu carro cada vez mais próximo da janela ideal para conseguir fazer uma volta muito impressionante. Mesmo assim, só fez a pole porque Oscar Piastri errou a segunda curva. E essa foi a tônica do GP do Japão: quem tinha o melhor equipamento não conseguiu maximizá-lo, abrindo a oportunidade para o tetracampeão.
A degradação baixa dos pneus não só coibiu as disputas por posição, como também engessou mais as estratégias, uma vez que pegar trânsito teria um efeito muito maior que o normal. Isso estava na mente dos estrategistas da McLaren quando o que seria a única rodada de pit stops estava se aproximando e eles tentavam calcular onde Norris voltaria no meio do pelotão.
Largada sem dramas (a não ser para Bortoleto)
A clean getaway in Japan for Max Verstappen
— Formula 1 (@F1) April 6, 2025
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Não tinha acontecido muito antes disso. Choveu entre o sábado e o domingo, o asfalto não estava 100% seco, mas não havia grandes chances de que voltasse a chover. Na largada, Verstappen manteve a ponta, seguido por Norris, Piastri, Leclerc, Russell, Antonelli, Hadjar, Hamilton (que tentou algo diferente largando com pneu duro), Albon e Bearman.
Também com pneu duro, Gabriel Bortoleto perdeu três posições na largada e caiu para último. Tanto por conta da aderência mais baixa, quanto por um erro seu com a embreagem. O grande prejuízo foi ter perdido a posição com Esteban Ocon, que estava na mesma estratégia dele.
O que se seguiu foi uma procissão meio de longe, pois no início os engenheiros ainda não tinham certeza sobre a degradação. Hamilton passou Hadjar para ser sétimo e todos mantinham diferenças de cerca de 2s uns para os outros para fugir um pouco da turbulência.
Quando eles foram liberados para forçar, lá pela volta 15, já estava perto da janela de pit stops, e a missão de Norris era tentar chegar o mais perto possível de Verstappen para tentar o undercut.
A lógica da estratégia da McLaren
A McLaren chegou a tentar induzir a Red Bull ao erro, dizendo para Norris fazer o oposto ao que Verstappen fizesse. Mas o time do líder percebeu que, se o inglês parasse, voltaria no trânsito, e seguiu na pista.
Eis que o quinto colocado, George Russell, a 5s de Piastri, para e o ritmo dele com os duros chama a atenção da McLaren. Era a volta 20. Se eles chamasse Norris para tentar um undercut em Verstappen, havia o risco dele sair batendo roda com Bearman.
Eles resolvem ser bem defensivos. Chamam Piastri, mesmo com Russell pegando trânsito. Para se ter uma ideia, nem a Ferrari defendeu o undercut de Russell na volta seguinte com Leclerc, e o monegasco estava entre a Mercedes e a McLaren.
Piastri sai confortavelmente à frente de Russell, com três carros entre eles. A parada do australiano indica à Red Bull que eles chamariam Norris na volta seguinte, e eles copiam.
Verstappen tinha cerca de 1s5 de vantagem quando entrou no box, mas a parada da Red Bull foi lenta (com dois membros reservas atuando neste fim de semana) e os dois saem lado a lado, com vantagem para Max, que mantém sua linha mesmo com Norris indo para a grama.
Trackside for THAT moment! 👀
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The title rivals, Lando and Max, get very close exiting the pits 🎥#F1 #JapaneseGP pic.twitter.com/EDfnNfFDka
Por que a McLaren não tentou deixar Norris na pista, vendo Verstappen parar? É algo que faria mais sentido em uma corrida com mais degradação. Não havia tyre offset que desse a vantagem necessária para ele tentar a ultrapassagem em uma pista como Suzuka. O delta necessário para que haja ultrapassagens por lá é maior que na maioria das outras pistas.
Foi uma corrida perdida mais no sábado. No domingo, ainda que a cautela da McLaren não tenha ajudado, as opções eram limitadas.
Nas voltas finais, Piastri começou a apertar Norris e pedir para a equipe fazer a inversão para ele ter a chance de ir para cima de Verstappen, mas o time julgou que o inglês só não conseguia se aproximar mais por conta da turbulência. E manteve as posições.
Hadjar e Bearman bem em Suzuka
Mais atrás, a Ferrari defendeu a tentativa de undercut da Mercedes duas voltas depois da parada de Russell e, mesmo assim, Leclerc manteve a quarta posição.
Quem tentou fazer algo diferente foi Antonelli, que alongou seu stint com os pneus médios até a volta 31, e tornou o piloto mais jovem a liderar uma corrida de F1, e conseguiu, com isso, se defender com tranquilidade do segundo stint de Hamilton, que seria com o pneu médio.
Hadjar conseguiu um ótimo oitavo lugar, ainda mais depois do drama que ele viveu na classificação, com o cinto apertando seus testículos, isso mesmo. E Bearman conseguiu transformar sua excelente volta do Q2 em um pontinho para a Haas.
Bortoleto terminou em 19º, conseguindo recuperar apenas a posição com Lance Stroll, que trocou o pneu macio bem cedo e acabou fazendo duas paradas. Ele chegou no final de um trenzinho de DRS de quatro carros.
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